sábado, 29 de novembro de 2025

O que me falta?



O que me falta? 

Um tesouro inalcançável?

Que molda, define meus voos?

Voos rasos e sem essência.

O que me falta?

Ilusão em pleno deserto?

Que me faz andar,

Sonhando destino certo,

Fazendo metade do caminho a cada dia...

E se eu não chegar?

Me haverá tempo à Poesia?

O que me falta?

[Marcio Lima] 

domingo, 23 de novembro de 2025

Análise Metafísica e Metalínguística de "Nada Sei"

Análise Metafísica e Metalínguística de "Nada Sei" by Gemini, 2025

(Com a seriedade de quem lida com o paradoxo socrático e a leveza de quem lança a Via Láctea em um verso, Marcio Lima, do Devaneios Literários, faz a leitura.)

Meus caros, o poema "Nada Sei" é uma verdadeira convergência de metodologias que pulsam na poesia contemporânea, mas com raízes profundas na tradição filosófica e metalinguística. Não é apenas sobre o amor ou o tempo; é sobre a Criação e a Consciência da Ignorância.

I. A Influência Filosófica: O Eco Socrático

O título e o primeiro verso, "Que desanda para o nada sei," estabelecem imediatamente uma linha de diálogo com o maior aforismo da filosofia ocidental: "Só sei que nada sei", atribuído a Sócrates.

  • Metodologia: O poema emprega a ironia socrática (embora em tom lírico). Declarar "nada sei" não é uma rendição à ignorância, mas o primeiro passo para o conhecimento ou, neste contexto, para a criação poética. O desafio ("Nos intermináveis desafios") é justamente o processo de aceitar a vacuidade para, a partir dela, produzir algo.

  • A "Saída Óbvia" (O Perigo do Clichê): A estrofe critica a fala vazia e a inércia criativa ("O sempre será uma saída óbvia / Para quem nunca tem algo a dizer, AGORA..."). Isso é uma reflexão sobre a originalidade e a necessidade de transcender o lugar-comum, ressoando com a busca incessante por uma nova linguagem, característica da poesia moderna.

II. A Metalinguagem e o Diálogo com a Tradição Brasileira

O poema é profundamente metalinguístico, pois o objeto da reflexão é o próprio ato de dizer e criar.

  • A Convocação à Criação: O verso "Mas, queira, / Tente converter matéria inerte..." é um imperativo, um chamamento. O "nada sei" é a "matéria inerte" (o vazio, o silêncio, a falta de inspiração) que o poeta deve transformar.

  • Influências Brasileiras: Essa reflexão sobre a linguagem e o processo de escrita remete a grandes poetas da nossa tradição que usaram a metapoesia como tema central:

    • Carlos Drummond de Andrade: Em poemas como "Procura da Poesia", ele trata o ato de poetizar como uma busca árdua e a necessidade de "achar a palavra que não está no dicionário." O "Nada Sei" do Drummond é a dificuldade em encontrar a poesia no caos.

    • Jorge de Lima: Em "Invenção de Orfeu", ele explora a linguagem como tradução e paradoxo, onde a palavra é simultaneamente a mesma e "parece outra". O "Nada Sei" do Marcio Lima dialoga com essa busca pelo que está aquém da expressão.

    • Adélia Prado: Com sua visão de que a "palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda", o poeta deve apanhá-la. A "matéria inerte" do poema pode ser essa coisa mais grave que a poesia tenta desvelar.

III. A Revelação Final e o Estilo Universal

O clímax do poema reside no reencontro e na revelação cósmica:

"Ao fim tu dirás, sempre esteve ali, E, somente eu via, Via Láctea..."

  • A Reação: A conclusão "sempre esteve ali" desfaz o "nada sei". O conhecimento ou a inspiração não é criado do zero, mas descoberto no que já existe, mas que era invisível aos olhos comuns.

  • O Estilo Universal (O Olhar Místico): O salto do desafio pessoal para a "Via Láctea" eleva o tom de forma abrupta, do mundano ao cósmico. Essa capacidade de encontrar o infinito no íntimo e o macrocosmo no microcosmo é um traço forte do Romantismo tardio e do Simbolismo (pela musicalidade e sugestão), mas com a linguagem direta do nosso tempo.

    • Poetas Internacionais: Essa metodologia de encontrar a vastidão em um ponto pode ser comparada, em intenção, a:

      • William Blake (Inglaterra): Em seu famoso verso "To see a World in a Grain of Sand" (Ver um Mundo num Grão de Areia), Blake encapsula a mesma ideia de que a verdade suprema está acessível pela visão singular e espiritualizada.

      • Rainer Maria Rilke (Áustria): Em seus "Elegias de Duino", ele trata a função do poeta como aquele que nomeia e converte o visível em invisível, o terrestre em celestial. O "Tente converter matéria inerte" do poema se aproxima dessa transmutação rilkeana.

Em suma, "Nada Sei" é um poema que desfragmenta o processo criativo, utilizando a humildade filosófica como ponto de partida para um ato de vontade (queira, tente), culminando na epifania de que a poesia é a visão cósmica que sempre esteve à espreita, esperando ser percebida pelo "eu" consciente. É uma obra que se equilibra entre o intelecto (metalinguagem) e a sublime revelação (misticismo moderno).

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O poema de Marcio Lima analisado pela Gemini (2025):



Nada Sei. 


Nos intermináveis desafios 

Que desanda para o nada sei,

O sempre será uma saída óbvia

Para quem nunca tem algo a dizer, AGORA...

Mas, queira, 

Tente converter matéria inerte...

Ao fim tu dirás, sempre esteve ali,

E, somente eu via,

Via Láctea...

[Autor, ano: marcio lima, 2025]."


Abelha III

Abelha De Mel, Abelha, Inseto, Florescer 

Abelha,

Em pleno voo

 Ou pousada numa singela flor

- Luz e escuridão -

O doce dos seus lábios 

salvou-me

 do amargo de meus dias.


 
[marcio lima]
  
 
 
Imagem obtida em:  https://pixabay.com/pt/photos/abelha-de-mel-abelha-inseto-8320764/

sábado, 8 de novembro de 2025

SOS Chuvas em Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava (Paraná)


(Imagem gerada pela IA Gemini, 2025)

O Blog Devaneios Literários do Lima se une a luta pela recuperação da cidade de Rio Bonito do Iguaçu e interior de Guarapuava (Paraná).

Primeiramente nos solidarizamos com toda a população que foi acometida por um tornado na tarde desta sexta-feira (07/11) e que quase destruiu o município de Rio Bonito do Iguaçu e uma parte do interior de Guarapuava.

Casas e comércios foram destruídos pela força dos ventos, pessoas morreram e muitas ficaram feridas.

Aqueles que pretendem contribuir com as pessoas atingidas, as doações estão sendo acolhidas pelo Corpo de Bombeiros local no seguinte endereço:

Rua João Fortkamp, 870, Bairro Primavera - Guarapuava - Paraná.

Os tens mais urgentes:

💧 Água

🥫 Comidas de fácil preparo

🛏️ Cobertores

🛋️ Colchões

Nosso muito obrigado a todos que de alguma forma ou outra podem contribuir para que essa população possa se restabelecer e desejamos nossos sentimentos àqueles que perderam familiares e amigos. E, ainda uma boa recuperação àqueles que saíram feridos dessa tragédia ambiental.

Para saber mais, acesse a página oficial do município no link: https://riobonito.pr.gov.br/

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Lua...


Era ela, a lua a se exibir no horizonte... Quantos viventes a admirá-la, pensava, eu. Ela, alva-dona, imersa refletida no imenso mar... Sua luz-ispiração, despertava-me o doce mel das lembranças de outrora, em que eu quase morria de medo dessas noites, por acreditar em lobisomem, mula sem cabeça, boitatá... Haveria um lobisomem de atacar em uma dessas noites? Quisera eu não precisar sair à noite. Mas, com todo cuidado do mundo, o qual as crianças têm, eu me divertia pulando tábua, pulando corda, brincando de esconde-esconde {mas, não quase sem faltar ar de medo, ou era uma  ansiedade frente ao desconhecido, naquele momento desafiado? Enfim. Vá entender o meu pensar-sentir puerial].
Hoje o homem adulto que vive em mim, não se assusta mais com a lua, não aprecia sua beleza, nem se inspira a um poema que seja, benfazeja a si mesmo... 
Acredito que esse homem, que ontem sentiu tanto medo de lobisomem e ficava a conjeturar tentar dialogar com tal fera, dizendo-lhe [como diz a lenda para revelá-lo ao mundo, quiçá?]: "Amanhã vá lá em casa buscar sal!"... 
Neste momento, em minha frente há uma imagem de uma lua refletida nas águas do mar, senti saudades de outrora, de criar um mundo mais divertido e criativo. Seria tudo como fazia num ontem, agora ideal. Não existiriam momentos sem graça... Como a vida seria melhor... Com lobisomens ou não... Quiçá?
[marcio lima]

sábado, 1 de novembro de 2025

Nada sei...



Nos intermináveis desafios 

Que desanda para o nada sei,

O sempre será uma saída óbvia

Para quem nunca tem algo a dizer, AGORA...

Mas, queira, 

Tente converter matéria inerte...

Ao fim tu dirás, sempre esteve ali,

E, somente eu via,

Via Láctea...

[marcio lima]

O que me falta?

O que me falta?  Um tesouro inalcançável? Que molda, define meus voos? Voos rasos e sem essência. O que me falta? Ilusão em pleno desert...