Sim, entre retas e semicírculos escondia-se uma pequena
história. Era de uma moça pobre, nordestina, esguia, sem vitalidade, sem
esperança, desumanizada pela pobreza da falta de alimentos e dignidade...
Alguns caroços na cabeça acompanhavam sua história, frutos de uma tia malvada e
de uma vida sem a força nos miolos e na voz. Vontade imensa de ser quem não
era, como tantos de nós...
Talvez, seu único trunfo foi ter caído na mão de Clarice
Lispector que de toda sua genialidade fez de Macabéa sua majestosa obra de arte....
Pôs vida na fria, vazia, cerâmica barroca... Iluminou com sua epifania um vaso
de coca-cola, uma moça a escutar um velho rádio de pilha, uma vasilha de
esvaziamentos diuturnos de uma alma qualquer - situação, às vezes, não
suportada por muitos humanos...
Assim, aos pingos de tinta ao cingir a folha branca, misturados
aos seus, desfez-se Maca à luz de sua estrela, ao erro da cartomante, ao sopro
do destino, uma alegria quase eterna de poucos minutos, em relação a uma
tristeza sem fim... Humana por poucos segundos... Até à sua morte e fim... Até
a sua morte, sim!
Marcio J. de Lima
05/07/2017
(Uma singela homenagem à Clarice Lispector e seu - Romance,
conto, novela, grande poema??? - A hora da Estrela.
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