- Maria, cuide de sua irmã!
- O que é isso, mãe? A senhora sabe que eu sempre cuido dela.
- É, sei, mas onde ela está?
- Ops… Estava aqui agora mesmo.
Jacira deu uma olhadela ligeira por alto por toda loja. A mãe falou,
- trate de achar a tua irmã que eu vou provar este vestido.
A mocinha sentiu seu rosto a esquentar. A cabeça sentiu uma pressão, as mãos começaram a suar e sentiu seu peito apertado. A reação natural, pensou ela, seria sair correndo atrás da pirralha de sua irmã. Mas, não, as pernas se adormeceram.
Aos poucos viu a mãe se distanciando sem olhar para trás. E, seus sentidos foram lhes voltando aos poucos. Mexeu o primeiro passo, logo após o segundo. E o corpo foi no embalo. Começou a andar por entre as araras. Já imaginava sua irmã sendo raptada, ou coisa parecida. Pensou que ficaria com o quarto só para ela - pensou, isso é maldade… Continuou andando ligeiramente pelos corredores da loja. Chegou ao fim e nada da irmã. Pensou em rezar, lembrou de São Longuinho, mas não sabia bem como era a simpatia para achar coisas ou pessoas perdidas - "pessoas perdidas? pensou… Veio-lhe à cabeça Nossa Senhora Desatadora de Nós. Sim, ela deve me ajudar. Pensou em se ajoelhar ali mesmo no meio da loja e suplicar à Santa. Todavia, viu um vendedor bonitão, o qual lhe distraiu a intenção, a procura, o respirar, a oração… Passou ligeiro por ele, que lhe sorriu discretamente. Apressou novamente o passo. Resolveu pedir ali mesmo na correria em oração ajuda à Desatadora. E, foi o que fez
- Virgem, Mãe Desatadora de Nós, ajude-me, por favor!
Nem bem terminou a oração, viu novamente sua mãe com um novo vestido se dirigindo ao vestiário, toda feliz com o celular em mãos conversando com alguém. “Legal, mamãe ainda nem se deu conta da falta da pirralha”, pensou. Como achou que a prece não havia dado certo, pensou eu pedir ajuda ao Papai Noel. “Eu acho que o bom velhinho vai me ajudar”. Nem sabia como rezar a ele. Mas, falou em voz baixa:
- Papai Noel, me ajude! Opss…Papai Noel pode ajudar nessas situações?
Não se lembrava se ele era santo ou algo parecido. Parou no meio da loja e ficou pensando. “Calma aí, mas se ao redor dele muitas pessoas ficam a rezar, ele ali nas intenções das pessoas junto com o menino Cristo em seu presépio e seus pais José e Maria, acredito que ele também já deva ter algum poder lá com Deus”… Acreditou e pediu de novo…
- Papai Noel…
Viu uma mão com uma luva branca tocar os seus ombros. Ficou estagnada. Sentiu um sopro quente em seu rosto e olhou apressadamente à outra mão branca… Lá estava ela, a pirralha, que lhe dizia.
- Mana, olhe quem eu trouxe para dizer pra você que Papai Noel existe… Veja, a barba dele é de verdade.
Sem cerimônia nenhuma puxou a barba do bom velhinho, o qual com suas bochechas rosadas, com um largo sorriso no rosto, com seus olhos azuis por de atrás de lentes redondas de aro de metal e sua voz grave, dizia assim:… “Ho, ho, ho… Feliz Natal”!
(Marcio Lima)
Imagem obtida em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário