Um dia como outro qualquer em que se poderia dizer, era uma vez... saiu Juditi com sua filha ao braço. Febre alta já fazia dois dias. Sem dinheiro para pagar consulta, e os remédios caseiros sem fazer efeito, a saída seria levar a Dona Josefa, curadeira famosa daquela vila. Era uma manhã fria, a menina estava bem coberta. Os olhos brilhantes pela força da febre e as boxexas rosadas, um calor ardente encostado no busto da magra mãe. O coração da guerreira mãe sofria. A menina apesar de tudo esboçava um sorriso amarelo, e dizia com uma voz cansada: "não ti propupe mamãe!" Tais palavrinhas soavam com uma injeção de ânimo, o coração dessa guerreira mãe se acalmava e fazia-lhe reacender a esperança...
Ao chegar na velha casa de madeira ao lado de uma rua qualquer, a mãe bateu à porta. Lá de dentro uma voz rouca e grave de senhora bradou "já vai!" Seguido de uma tosse carregada. Um cachorrinho preto debaixo do soalho observava as duas. Não latiu, somente a menina havia percebido tal bichinho. Puxou a gola da mãe, a qual olhou de pronto, mostrou-o à mãe apontando seu magro e pequeno dedinho de fadinha... A mãe olhou a criaturinha e percebeu naquele cachorrinho um doce olhar. Não estava acorrentado. Notou mais ao fundo um pelego de carneiro que se fazia cama quente ao cão.
A porta rangendo meio que presa se abriu. Dona Josefa estava com uma toalha envolta na cabeça, tal qual um turbante. Falou: "entrem! Saiam desse frio. Eu já faz uns quatro dias que quase não ponho a cara fora de casa. Tô com uma gripe terrível. Mas tô melhorando graças a um xarope caseiro de guaco e mel".
A mãe sorriu meio amarelo.
"Mas... o que as traz aqui? Com certeza não é para comer os meus doces... Que tenho aqui aos montes." Falou isso pegando um pirulito para dar à menina. A menininha só sorriu encostou a cabeça na mãe, como se escondendo, mas pegou o doce.
"Que menina linda! Que você tem?" Interrogou a senhora.
A mãe explicou. Ela ouviu atentamente.
"Hum... vou fazer um café e já vejo que você tem", disse isso explicando o princípio de seu método de busca pela cura.
Contou de sua luta para se aposentar, enquanto a água fervia. Passou lentamente o café no coador de grosso tecido, aquele cheiro era delicioso...
Falou para mãe... "se o café tivesse o mesmo gosto de seu cheiro, seria a melhor bebida do mundo..." riu... A mãe também riu concordando.
Na mesma hora, ofereceu à menina um copinho com café com uma colherzinha de manteiga, adoçado com mel...
"Tome menina, isso vai ajudar a te proteger de gripe." Filosofou a sábia senhora.
A mãe apanhou o copo, esfriou um pouco e deu à sua filha.
"Hum... o cheiro está muito bom." Falou a mãezinha.
A senhora deu uma xícara à mãe, mas adoçado com açúcar mascavo.
"Café minha filha tem ciência, se você tiver paciência você extrai dele seu melhor. Água no ponto e quantidade de pó adequada você terá uma ótima bebida."
Pôs o restante de que ficou no bule, logo após tirar uma xícara para si, em uma velha garrafa térmica.
O coador ficou sobre uma pia. Dona Josefa o apanhou retirando de lá uma mão de pó. O qual foi atirado a uns 15cm em cima de um prato Branco com um pouco de água. A mulher ficou a olhar o pó, como se o tivesse lendo seu comportamento. Após uns dois minutos olhou para mãe e disse:
"A menina só está resfriada. Ela estará bem melhor amanhã!" Falou isso com um rosto oleoso e brilhante.
A mãe sorriu, como que tranquilizada...
A senhora apanhou um pouco de guaco ressecado e deu à preocupada mãe. Perguntou se ela tinha mel, a qual acenou com a cabeça que sim.
Despediram-se não cobrando nada pela consulta. A mãe agradeceu de coração.
O dia se passou, a mãe fez o chá e deu à menina. No tempo previsto a menina melhorou...
O tempo se passou, a menina cresceu... Mas jamais esqueceu daquele gostoso café que tomara naquela fria manhã em que ardia de febre... Jamais esqueceu do doce que residia naquele enorme coração daquela senhora que a recebera com todo carinho na mais rica demonstração de amor ao próximo.
Marcio J. de Lima
Guarapuava, 05/01/2018.
Ao chegar na velha casa de madeira ao lado de uma rua qualquer, a mãe bateu à porta. Lá de dentro uma voz rouca e grave de senhora bradou "já vai!" Seguido de uma tosse carregada. Um cachorrinho preto debaixo do soalho observava as duas. Não latiu, somente a menina havia percebido tal bichinho. Puxou a gola da mãe, a qual olhou de pronto, mostrou-o à mãe apontando seu magro e pequeno dedinho de fadinha... A mãe olhou a criaturinha e percebeu naquele cachorrinho um doce olhar. Não estava acorrentado. Notou mais ao fundo um pelego de carneiro que se fazia cama quente ao cão.
A porta rangendo meio que presa se abriu. Dona Josefa estava com uma toalha envolta na cabeça, tal qual um turbante. Falou: "entrem! Saiam desse frio. Eu já faz uns quatro dias que quase não ponho a cara fora de casa. Tô com uma gripe terrível. Mas tô melhorando graças a um xarope caseiro de guaco e mel".
A mãe sorriu meio amarelo.
"Mas... o que as traz aqui? Com certeza não é para comer os meus doces... Que tenho aqui aos montes." Falou isso pegando um pirulito para dar à menina. A menininha só sorriu encostou a cabeça na mãe, como se escondendo, mas pegou o doce.
"Que menina linda! Que você tem?" Interrogou a senhora.
A mãe explicou. Ela ouviu atentamente.
"Hum... vou fazer um café e já vejo que você tem", disse isso explicando o princípio de seu método de busca pela cura.
Contou de sua luta para se aposentar, enquanto a água fervia. Passou lentamente o café no coador de grosso tecido, aquele cheiro era delicioso...
Falou para mãe... "se o café tivesse o mesmo gosto de seu cheiro, seria a melhor bebida do mundo..." riu... A mãe também riu concordando.
Na mesma hora, ofereceu à menina um copinho com café com uma colherzinha de manteiga, adoçado com mel...
"Tome menina, isso vai ajudar a te proteger de gripe." Filosofou a sábia senhora.
A mãe apanhou o copo, esfriou um pouco e deu à sua filha.
"Hum... o cheiro está muito bom." Falou a mãezinha.
A senhora deu uma xícara à mãe, mas adoçado com açúcar mascavo.
"Café minha filha tem ciência, se você tiver paciência você extrai dele seu melhor. Água no ponto e quantidade de pó adequada você terá uma ótima bebida."
Pôs o restante de que ficou no bule, logo após tirar uma xícara para si, em uma velha garrafa térmica.
O coador ficou sobre uma pia. Dona Josefa o apanhou retirando de lá uma mão de pó. O qual foi atirado a uns 15cm em cima de um prato Branco com um pouco de água. A mulher ficou a olhar o pó, como se o tivesse lendo seu comportamento. Após uns dois minutos olhou para mãe e disse:
"A menina só está resfriada. Ela estará bem melhor amanhã!" Falou isso com um rosto oleoso e brilhante.
A mãe sorriu, como que tranquilizada...
A senhora apanhou um pouco de guaco ressecado e deu à preocupada mãe. Perguntou se ela tinha mel, a qual acenou com a cabeça que sim.
Despediram-se não cobrando nada pela consulta. A mãe agradeceu de coração.
O dia se passou, a mãe fez o chá e deu à menina. No tempo previsto a menina melhorou...
O tempo se passou, a menina cresceu... Mas jamais esqueceu daquele gostoso café que tomara naquela fria manhã em que ardia de febre... Jamais esqueceu do doce que residia naquele enorme coração daquela senhora que a recebera com todo carinho na mais rica demonstração de amor ao próximo.
Marcio J. de Lima
Guarapuava, 05/01/2018.
Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/photos/caf%c3%a9-x%c3%adcara-de-caf%c3%a9-copo-bebida-2714970/
Lindo demais!
ResponderExcluirÉ sempre bom oivou seus comentários. Obrigado pela força!
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