Não quero aplauso,
Nem uma olhadela discreta,
Não faço teses e nem dissertações,
Faço objetos de tinta e papel
Como simples manifestos
De meus desassossegos,
Dores que penso que são minhas...
***
Não quero que olhes com pena
Meus poemas ali jogados e sem companhia...
Não os escrevo para serem mimados,
Escrevo como livre expressão e vontade
De externar meus fantasmas que me corroem...
***
Não quero que meus poemas sejam meus juízes
Que me encaminham ao inferno,
Nem a elisão de meus pecados que podem me levar
Ao céu...
Não aceito o nada, pois ele não existe...
Nem a dor que teima em sair de meu peito
Antes, seja ela, totalmente ignorada...
Sou solidão, com você ou não...
***
Um vácuo habita meu peito
Com esse imenso nada de mim mesmo...
Não quero um novo poema, uma nova estética,
Uma nova rima ou métrica...
Nem que meus poemas se tornem filosofia ou sofismas,
Nem que eles sejam perfeitinhos e comportados...
Nem que eles sejam denúncias sobre essas dores
Que me vêm não sei de onde e nem por quê...
***
Por hoje, quero só a simples companhia deste poema,
Com suas reticências tão eu,
Com suas indagações tão minhas,
Com tantas interjeições duvidosas...
***
Por hoje, uma vírgula vem aqui,
Enroscada em minha garganta,
Uma estética desajeitada
Pintada em minha face
***
Hoje quero este poema
Difícil de ser declamado,
Sem sonoridade merecida,
Problemático na entoação,
Entonação...
Com metáforas nada elaboradas,
De subjetivações de mau gosto...
Enfim, se o nada há,
Caberá este poema,
Paupérrimo de si mesmo,
Sem a intenção textual suposta
Dos textos nossos de cada dia...
***
Quero uma pausa,
Um interstício,
Quem dera, um vício...
Pois este de fazer poesia,
Ainda não me caiu como devia...
(Marcio Lima)
Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/photos/escrever-poeta-po%c3%a9tica-primavera-1957302/
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