Vou deixar aqui escrito...
Por mais que o intento tenha sido a nobreza,
Sei que sem querer proferi, profanamente, conselhos...
Sei que busquei, mesmo que discretamente, infamemente, ser modelo...
Também sei que minhas agruras se revestiram de uma famigerada doçura, que não
devia, deveria ter calado e esperado o tempo fazer seu papel. Desvalido féu. Perdi aí,
talvez, meu ceú...
Quantos papéis e papelões... Quantos arrependimentos e tropeções...
Um homem, um mísero homem, pó num planetinha qualquer querendo mudar o mundo.
Sei! Que imundo! Diria o mais ignorante dos homens, com toda certeza, ou quase
toda...
Vou tentar deixar a coisa mais leve. Quiçá desculpar-me por meu atraso
histórico, científico, de não ter experiência de nado, de nada, além daquilo
que acho que me valia uma travessia pelado no deserto...
Tentei Pessoa, Lispector, Rosa, o verso, a rima, a prosa... que nada, em nada
adiantou, saíram sempre as mesmas malditas coisas já, de alguma forma, ditas...
De tantos burradas escritas e proclamadas por aí, vou ter que me afastar um pouquinho
da linda arte de vercejar. Tentarei praguejar menos, gaguejar menos, inferir
menos, metaforear menos, desaforar menos... Tentarei viver sabendo de tudo que
fiz e não fiz... Vou buscar alguém que eu possa me confessar desses sacrilégios
linguístico-poéticos... Já não aguenta mais meu peito carregar sozinho essa
carga... Vou ali, já volto. Cumprirei cuidadosamente meu castigo, minha
penitência, minha expiação. Vou buscar vários livros e tentarei me purificar de
minha ignorância, ficando ainda mais ciente dela, e, quiçá assim eu tenha um
pouco mais de autoridade de continuar me aventurando nesse nobre e perigoso
bosque de achar caminhos tantos em busca da felicidade minha e de outrem, por
meio de versos e palavras pretensiosamente poéticas. Até lá, perdão querido
amigo companheiro de viagem! Sigamos nesse barco!
(Marcio Lima)
Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/illustrations/loveourplanet-terra-pac%C3%ADfico-4851331/
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