Desde 30 de Maio de 2011. Blog destinado à socialização de contos, crônicas, poesias, artes em geral e outros assuntos pertinentes. O Leitor pode criticar, sugerir. Repartir, eis o objetivo principal. (contato com o Blog:marciojotadelima@gmail.com) !!!PUBLICAÇÕES A QUALQUER MOMENTO!!!!
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Quadro de Dezembro 2012
Obra de: Angelo Gabriel. Óleo sobre tela
Foto: Marcio J. de Lima
Esta é mais uma obra do Artista mirim Angelo Gabriel ao blog. Trata-se de mais uma releitura aprendida em aulas de pintura. Agradecemos ao menino.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
FÉ
Como alguém tão poderoso fez-se tão
pequeno?
Com poderosas mãos agraciou os
pequeninos.
Sabia-se celestial. No entanto não
tirou o pé daqui.
Soube perdoar com tamanha sutileza.
Abriu os olhos dos cegos.
Mas, seu maior milagre foi abrir as
janelas da alma.
Ninguém aqui, como ele amou.
Preocupou-se em perpetuar na Paz um
reino de Amor.
Como ovelha entregou-se.
Todavia, quão foi sua grandeza
Que mesmo assim ensinou.
Tanta inquietação causou no coração
dos poderosos.
Por querê-los humanos, por querê-los
humildes...
Com tão sublimes palavras – curava.
Com tão manso amor – ousava.
Com tão singelos gestos –
transformava...
Poesias, cantos, contos e teorias –
Tentam descrever tão pacata criatura.
Que com majestosa sabedoria
Ensinava os povos
Que para serem grandes, aos olhos do
Pai,
Deveriam ter mansidão
E humildade no coração.
Com tão imensa coragem
O Homem de Nazaré ensinou
Que para mudar para melhor o mundo
Deve-se começar por um pequeno
E espetacular exercício de FÉ.
(25/06/2008).
Marcio J. de Lima
Marcio J. de Lima
Imagem obtida em:pastor_001.jpg.pagespeed.ce.ENiFiO9b_F
sábado, 22 de dezembro de 2012
Fim Anunciado...
Espero que o Fim Anunciado
Seja o recomeço...
Quem garante que Deus ao passar os
Olhos pela terra,
Tenha ainda encontrado
Muitos homens de bem,
E deu, por isso, a todos uma segunda chance...
Quem garante?
Portanto,
que o fim seja o recomeço...
E um dia quiçá
Habitaremos um mundo melhor...
Justo, humano e fraterno.
E, principalmente,
Que a criança e o velho,
bem tratados, sejam exemplo
Do quão humanos somos!
Marcio J. de Lima
Seja o recomeço...
Quem garante que Deus ao passar os
Olhos pela terra,
Tenha ainda encontrado
Muitos homens de bem,
E deu, por isso, a todos uma segunda chance...
Quem garante?
Portanto,
que o fim seja o recomeço...
E um dia quiçá
Habitaremos um mundo melhor...
Justo, humano e fraterno.
E, principalmente,
Que a criança e o velho,
bem tratados, sejam exemplo
Do quão humanos somos!
Marcio J. de Lima
Mensagem de Natal e Ano Novo
Imagem extraída do endereço: http://revculturalfamilia.blogspot.com.br/2009/12/santo-e-natal-e-feliz-ano-novo-sob-as.html
Gostaria de agradecer a todos os leitores do Blog que estiveram conosco neste 2013, e aproveitar o ensejo para lhes desejar um abençoado Natal e um 2013 repleto de Alegrias.
Desde quando era criança, o Natal para mim representou um momento de reflexão, creio que para muitos é assim. Via as pessoas felizes, um pouco mais sensíveis ao outro, e com um cumprimento sincero se desejavam um Feliz Natal e um próspero Ano Novo...
Creio também, que para muitos é o momento de saudades daqueles que se foram e não estão comemorando juntos esta festa tão feliz para nós cristãos, e para muitos povos que esperam o renascer de um novo ano.
Agradeço de coração a Deus pelas bênçãos recebidas por ter amigos que estiveram juntos, mesmo que virtualmente lendo, participando, emocionando-se, às vezes até indignando-se com o que aqui se publicava. Todavia, como digo: a Arte é a manifestação do Belo, e este Belo é a manifestação daquilo que temos de sensível em nossas almas...
Portanto, continue conosco em 2013, participe, dê sugestões, críticas, ele está aberto à sua participação.
E por ora, agradeço carinhosamente os momentos que você dedicou a nós...
Boas Festas Amigos!
Marcio J. de Lima
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Um homem caído no chão
Há um homem caído no chão. Quem se
importa? Bala ao peito. Sangue pintando a calçada. Um sonho
estendido no chão, uma esperança... Em casa filhos riem inocentes.
Um sonho desenha no piso sua silhueta. Mas quem se importa? Todos
passam apressados, resignam-se com a lentidão do trânsito, com a
ignóbil figura, raquítica, de mãos encouraçadas, de mochilas nas
costas, com sua térmica quebrada, marmita com um resto de comida
dando nojo nos transeuntes. Envergonha-lhes. O ônibus vomita
pessoas... Aos chutes o corpo anda. Que culpa tinha este cristão?
Todos atônitos com seus anseios bradam “liberem a rua!” ”já é
hora de minha novela.” “Logo começa o jornal.” Todos seguem...
A chuva cai e lava o sangue... Lava a discreta cal que ainda permeia
nas mãos de nosso pitoresco herói. O corpo está só. Jogado à
rua em frente à igreja. Ouvem-se primeiras cantigas cantadas pelas
beatinhas, pontualíssimas às sete horas da noite... O sino toca...
A plateia canta animada o canto de acolhida. Uma criança desobedece
a mãe e sai correndo na chuva levando em suas pequeninas mãos um
cartãozinho com o retrato de Nossa Senhora do Guadalupe. Ela para
tristemente em frente àquele moribundo corpo, deposita em suas mãos
a santinha. A mãe preocupada com a filha, dissipa-lhe qualquer
vestígio de realidade, grita quase que desesperada agarrando a mão
da pequenina “venha aqui filha o titio já sara!” A criança
olhando para trás joga um singelo beijo àquela figura. A celebração
continua calorosa.
(Marcio J. de Lima) 02/05/2011
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Viver sempre viver
Não posso ter vergonha
de que me fez feliz...
Não posso me
arrepender de tentar viver...
Não posso esquecer de
que me fez sorrir...
Nem de aprender com que
me fez chorar.
Marcio J. de Lima (Pseudônimo Marcio José Méndez de Lima)
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Releituras em Aulas de Pintura de Angelo Gabriel
Este é mais um quadro que o Angelo Gabriel está concluindo em suas "Aulas de Pintura" com Profa. Arlete. É óleo sobre tela, releitura de uma obra já existente. Angelo, tem 11 anos de idade e faz aulas de pintura desde os 9 anos. Incentivar a criançada, eis o nosso dever como pais.
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
O AMOR BATEU NO CORAÇÃO
[ ... ]
O Amor bateu no coração
Siné vai para a geladeira pega de sua água e a consome como se
estivesse no deserto. Meio que aturdida não compreendia o que estava
acontecendo em sua vida. – Tudo tão diferente em tão pouco
tempo... – balbuciava a si mesma. Nunca um homem havia a olhado
como Maxi. – Aqueles olhos, aquela expressão sábia, sua boca, sua
voz, seus cabelos, sua sensibilidade, sua inteligência. – Quantas
palavras para descrever o que o coração não entendia, somente
sentia. Mais do que nunca a necessidade de conhecer o mundo para
impressioná-lo fazia-se presente. – Quero saber mais. Quero viver
mais. Quero viajar mais. Quero me embelezar. Quero ser feliz. Tudo
isso com meu amor. Jogou-se de cabeça – com palavras – no amor
de um desconhecido, que o sabia assim, todavia por alguma razão lhe
transmitia confiança.
A lua ainda iluminada no céu com brilho se assemelhava a um grande
copo de leite alvo, luminoso, inspirador.
Ela pôs uma roupa leve e saiu na escada de sua casa que dava para o
quintal. De lá ficou a se alimentar da luz da lua, dos sonhos ao
lado do seu amado, das verdadeiras amizades como Dorva que lhe
oferecera até ali o que nem uma amiga lhe tinha oferecido – a
oportunidade de ser feliz, de sonhar, de conhecer pessoas diferentes
– embora não soubesse o que se passava nos pensamentos de sua
rival amorosa. Isso Siné não sabia, pois Dorva dissimulou-se muito
bem. Sempre prestativa, sempre sorridente, sempre pronta a responder
atenciosamente o que Siné perguntava - aparentemente uma pessoa
sensível e autêntica. Talvez tenha sido desfigurada pelos
flamejantes dragões do ciúme - quem sabe?
Os planos foram inevitáveis voltar a estudar. Decidiu voltar a
estudar, preparar-se para o vestibular, pois havia três anos que
tinha se formado no ensino médio. – Quero fazer psicologia.
Decidi. – Quero fazer poemas. Aliás, esta noite vou fazer um. -
Adorava poemas. Eles a faziam sentir-se melhor. No entanto poucas
vezes pegou da caneta para compor um. Eis a oportunidade. E num
ímpeto queria ler sonetos. Queria fazer para o seu amor – por ora
platônico – sonetos. Eles ajudariam também explicar sua paixão.
Talvez idealizá-lo como um cavaleiro que a acompanharia, que estaria
a protegê-la como a uma donzela em perigo.
O resultado de algumas horas tentando foi festejado logo que saiu a
primeira estrofe em um velho caderno:
Meu amor, que de longe imaginado
Pensava existir somente em estrela
Distante, outrora só em meu fado
Acendeu em mim, da esperança, a centelha.
As tentativas se sucederam e adormeceu sentada no sofá não
conseguindo continuar a segunda estrofe.
Às duas horas da manhã. Bateu-lhe
à porta Maxi. Meio que atordoada abriu-a. Surpreendeu-a com um
caliente
beijo. E a noite lhe ofereceu a inspiração que precisava para
terminar seu soneto. O que foi descrito logo de manhã após Maxi ter
se despedido com beijo - enquanto ela dormia - deixando o número de
seu telefone e as juras de amor eterno presas pelos ímãs em sua
geladeira num bilhete: “Que desta noite ecoe o mais puro amor dos
nossos corações. Tomei a liberdade de ver seus versos. Amei-os.
Bjs.”
Emaranhei desejo não gozado
Em gotas de orvalho na lapela
Nunca havia deste mel experimentado
Sinto-me agora tinta em sua tela.
Controlava, o pecado, meus conceitos
E você, meu amor, os olhou se quer
Com carinho ignorou meus defeitos
E com amor selou uma mulher
Que jamais sonhara tais deleitos
Que docemente em minha vida se fez mister.
[ ... ]
(Fragmento do Livro "Devaneios em Prosa", Unicentro. LIMA, 2011)
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
my mistake? it's forget me
my mistake it's love you...
because, sometimes I don't worry with me...
this is good? I don't know... who knows?
the disaster in my life is don't see in your eyes
the moon of the tomorrow...
my way are the mornings
and the my dreams...
and you're in the both...
(Marcio j. de Lima)
sábado, 10 de novembro de 2012
Devaneios Literários do Lima: A IDADE MUITO ALÉM DA APARÊNCIA
Devaneios Literários do Lima: A IDADE MUITO ALÉM DA APARÊNCIA: A noite de 25 de setembro de 2010 na cidade onde resido, Guarapuava, ficará na minha memória como um dia que alguns tabus para muitos fora...
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Quando o perdão for a regra, o ódio exceção.. e Onde me esconderei...
PENSAMENTOS
I
I
Quando o perdão for a
regra, o ódio exceção,
Felicidade estará mais perto que se imaginava,
Assim todos verão...
II
Onde me esconderei
quando estiver com
medo de mim mesmo?
Marcio J. de Lima
domingo, 14 de outubro de 2012
Ouvi isso no meu final de semana
Ouvi isso no meu final de semana: riqueza é
igual soberba e ganância... mas têm alguns - independente de suas
condições financeiras - se tornam soberbos e gananciosos, quando ricos
de dons (como alegria, vida, saúde etc) acumulam para si e não
distribuem a outrem, nem ao menos um bom dia ou um mísero sorriso que
fosse... realmente... a gente sabe disso... mas nem sempre pratica...
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Um feliz dia das crianças a todas as crianças! Esperança de um amanhã melhor e mais humano
Este final de semana se
comemora o dia das crianças. Queremos um amanhã melhor, cuidemos de
nossas crianças. Devemos escutar o que elas têm a nos dizer e elas
têm muito... A cada sorriso, a cada experiência em suas vidas, a
cada brincadeira que as levam a ser e usar de sua capacidade criativa
(quase que científica), às suas dicas lúdicas – de um viver
melhor - que nos dão em suas brincadeiras; elas nos ensinarão a
sermos felizes e mais sensíveis, fazendo que assim não nos
esqueçamos de nosso passado, com suas vitórias e derrotas, que nos
tornou o que somos (hoje). Se contarmos nossas histórias, elas (as
crianças) nos escutarão... e se lembrarão de nós por elas.
Portanto, contemos histórias a elas, dediquemos a estas pequenas criaturinhas,
carinhosamente, um pouco – ou muito -, de nossa vida – apesar da
correria do dia a dia – não perderemos tempo e sim, com certeza,
prolongaremos nosso tempo; e para contribuir com isso, segue uma
minha já publicada neste blog (abaixo) e mais uma vez: Saudemos
nossas crianças – esperança do amanhã!
BONECO DE NEVE
A neve caía branquinha. Cobria toda a cidade.
As crianças brincavam. O mais velho deu a ideia de
construir um boneco de neve. Logo, a criançada começou
a construção, com baldes, pazinhas seguia feliz
a empreitada. A criança mais velha somente moldava,
organizava seus companheiros conforme a idade.
Construiu-se a base. Reuniram-se todos e ficaram
a contemplar carinhosamente a criação. Descansaram.
Faziam planos para o dia seguinte. Cada um
viria com uma peça de roupa para vestir o boneco:
um traria cachecol, outro traria um chapéu velho que
o pai não mais usava, outro tampinha de garrafa descartável
para fazer os olhos e botões da blusa; enfim
cada um procuraria o que trazer para deixá-lo com
uma boa aparência.
A noite cai. A criançada procurou dormir cedo
para levantar mais cedo ainda e continuar a construção.
Cada uma delas possuía uma paz e satisfação por
participar da criação de tal criaturinha.
As portas se abrem. A neve ainda estava muito
espessa e o frio era muito intenso. Baldinhos, pazinhas
se unem novamente. Continuam seus ofícios. A segunda
parte concluía-se. A cabeça já estava moldada.
II
Três partes unidas em uma só. A menorzinha questionava
como se colocaria o coração no boneco, pois ele
deveria ser capaz de amar seus amiguinhos, pois a sua
mãe lhe falou que o amor vem do coração, e é ele que
nos faz ser capaz de amar...
Os braços de galhos eram como se tivessem dedos
nas pontas. Os olhos de tampinhas de garrafas
descartáveis eram azuis. O chapéu velho trazido pelo
garoto ruivo era na verdade uma cartola velha, mas
deixou o boneco como um aspecto de cavalheiro.
O cachecol e os botões foram engenhosamente dispostos.
O nariz teve que ser fabricado. Um pedaço de
papel vermelho feito cone deu um ar de gripado ao
boneco. A boca foi um desafio ao grupo. A menorzinha
fez cara feia da expressão infeliz do “boeco”. Não
queria ela um risco. Queria uma forma de uma metade
de lua. Ele deveria ter cara de feliz.
Em um zape, as crianças concluíram. Houve
uma grande comemoração. Os gritos de alegria se sucediam.
Era para elas um dos dias mais felizes de suas
vidas.
A escuridão caiu. Eles se recolheram, meio que
a contragosto. Nas janelas, todas vigiavam o boneco,
como se alguém pudesse levá-lo dali. Com certeza
todos sonhariam com o resultado do suor de seus
rostos.
III
A solidão da escuridão deu a uma fadinha que
passava por ali a ideia de dar vida ao boneco. Ela perguntou
a ele qual seria seu desejo, ele respondeu que
gostaria de subir o monte mais alto daquela região e
ver toda a cidade e o vale onde ela se localizava, com
toda sua natureza exuberante e os mais longínquos lugares
em que pudesse avistar. E como num passe de
mágica o boneco já podia andar.
Iniciou sua subida, mas antes se despediu da
fada, que se perguntava o porquê dele não querer ser
um garoto... A nevasca que caía não fazia com que
nosso herói desistisse de sua jornada. Em poucas horas
já estava no mais alto de um monte que naquela
região era o maior.
De lá de cima, admirou as luzes que brilhavam lá
embaixo. Lembrou-se das crianças e seus empenhos
para formá-lo o que era agora. Desejou em sua curta
vida de boneco ser uma gigantesca bola de neve.
Pensou em rolar o monte ganhando assim tamanho
e força. Novamente em seus ouvidos ecoaram os gritos
repetitivos da molecada. Pensou que se de lá de
cima rolasse possivelmente causaria uma avalanche
e um imenso estrago nas suas casas que no vale estavam
erigidas. Sentia ainda pulsar em seu peito um
coração imaginário que a menorzinha o criara. Batia
assim uma saudade do chão que o acolhera e decidiu
IV
se eternizar pela alegria oferecida às crianças. Resolveu
voltar ao seu lugar.
Na metade do caminho, um lobo que o acompanhava
sem ser percebido o questionou por que não
descia rolando, iria mais rápido. Justificou o boneco
que dessa forma era a correta, pois se rolasse a muitos
machucaria; principalmente aqueles que dedicaram
muito a ele. Em pouco tempo este serzinho absorveu
o que de melhor havia nas pessoas: a preocupação
com aqueles que dedicavam pelo menos um pouco
de suas vidas aos outros, sorrisos, a criatividade,
a união, a pureza, a malícia ingênua, a preocupação
com o semelhante; enfim ele conheceu a pureza do
coração das crianças.
Chega novamente àquele lugar a que reconheceu
como sua casa. Durou poucos dias, pois logo chegou
a primavera e com ela os primeiros raios de sol.
Imaginou que sua missão de boneco estava cumprida
e amanhã faria parte das águas que subiriam ao céu
e de lá retornaria alegremente em um novo ofício - o
de água - levando vida a todos os lugares até chegar
novamente ao imenso e indescritível mar.
Bibliografia: LIMA, Marcio J. de Lima. Devaneios em Prosa. Guarapuava: UNICENTRO, 2011 (p. 76-83).
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Sinestética: um amor em um momento
[...] Abre-se aqui um parêntese para comentários a respeito do tempo. Os
dias, antes da revolução na vida de Siné, eram muito extensos, a sua
dor, muitas vezes sem motivo, pareciam infindáveis. Suas mágoas regurgitavam em suas vísceras e o tempo regurgitava dessa forma. Seu
sofrimento diário sempre era novo. No seu interior a dor era intensa –
fibromiálgica. Embora buscasse externar-se como pessoa feliz, sorridente, muito pronta a tudo, quase uma mãe de suas amigas. Era
estoicista, sofria por suas amigas, por ela mesma, pelo mundo, pelas
estrelas... Agora as novidades de uma vida radiante aceleravam sua vida,
páginas novas no livro de sua existência, eram páginas prazerosas de
serem folheadas e quando revistas reavivavam mais ainda seu dia a dia.
Tornou-se solidária, agora, de sorrisos, de bons conselhos, porém sem
deixar-se contaminar pela dor do outro. Sentia prazer e podia ser fonte de
luz aos outros. Uma nova vida. [...]
Referência:
LIMA, Marcio J. de Lima. Sinestética: um amor em um momento. In: Devaneios em Prosa. Guarapuava.: Unicentro, 2011, p.50.
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Parque de diversões
Deus nos dá
Uns brinquedos
Bem interessantes
Para que possamos
Nos distrair nesta
Breve passagem
Neste imenso
Parque de Diversões.(Marcio J. de Lima)
sábado, 8 de setembro de 2012
COISAS DA POESIA (poetry stuff).
Às vezes
fico a refletir sobre a poesia, seus efeitos e os eventos que as
inspiram. Dias atrás me atrevi a compor um poema. Depois de muito
pensar saíram os versinhos que seguem “Você, luz que rasga minha
manhã, pele de açucena, boca de maçã”. É realmente só os mais
ilustres escritores definem adequadamente a poesia, mas quando é
possível vivê-la, talvez esteja aí a sua alma – fazer os dias
mais vivos à luz da poesia – então é poeta quem também consegue
escrever uma vida mais rica à humanidade. Quem
sabe o momento da composição seja o mais puro e verdadeiro momento
poético... Mas aí iríamos longe nesta divagação. Penso que
muitas vezes o trabalho acaba com a espontaneidade da obra (fazer,
refazer, reescrever, incrementar, etc)... Mas... sustentar a metáfora
é algo difícil. Principalmente se você escreve uma declaração
dessa (como a acima) antes de seu amor acordar pela manhã e... logo
após ao lado da cama você a encontra. Cabelos despenteados, sem a
maquiagem do dia a dia, sem a fragrância de sua boca, sem a poesia
necessária ao momento... Mas é o amor, quiçá dá-nos o presente
de ver algo que só o coração enxerga... Diga-se de passagem, ainda
bem que os corações são generosos (pelo menos às vezes ele
realmente é – os poetas com um certo romantismo que o digam).
Senão perderíamos o lirismo dos momentos românticos e a sátira
inadequada poderia dar lugar a um poema de escárnio ao invés de um
de amor... Todavia... sairiam - quem sabe - umas metaforazinhas,
ao meu ver bonitinhas... Então salve a poesia que às vezes nos
causa miopia e não nos deixa enxergar aquilo que os olhos poderiam
ver. E digo... se meu amor tem algum defeito faz tempo que não
enxergo... se não é o efeito da poesia, então terei que trocar
meus óculos e achar um jeito de consertar os meus sentidos!
26-6-2012 - Marcio J. de Lima
Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/boca-lábios-menina-sorrindo-mulher-2160205/
Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/boca-lábios-menina-sorrindo-mulher-2160205/
domingo, 2 de setembro de 2012
EDUCAÇÃO: O FERMENTO DA MASSA PARA FAZER CRESCER UMA NAÇÃO
"O principal ingrediente da massa da Educação é: Pessoa. O mais é acessório. Portanto, investir primeiramente em Pessoas – em quem aprende, em quem ensina. Quem sabe um dia – Educados - saberemos o valor real que cada Uma representa".
(Marcio J. de Lima)
Fonte da imagem: https://pixabay.com/pt/illustrations/livro-velho-surreal-fantasia-863418/
sábado, 18 de agosto de 2012
Eu Rio!
Dos diques
que procuram interromper
o meu destino...
Eu rio!
que procuram interromper
o meu destino...
Eu rio!
(Marcio J. de Lima)
Imagem extraída do endereço:http://geografiadodesejo.blogspot.com.br/2010/07/fluir.html
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Pobre menina
Pobre menina. Em frente à velha tevê, que fora descartada no lixo e apanhada por seus pais, não percebia sua infância sugada. Os pais inertes à mesa. Somente sonhavam. Nunca haviam sofrido tanto, por suas dores e pelas de outros. Pensavam "quanto dinheiro na mão de poucos e em nossos bolsos as migalhas deixadas pelo sufoco de um mês inteiro de trabalho". A barriga roncava, todavia a menina sentia-se feliz... seus pais estavam ali... protegiam-na daquela dura realidade. Para dormir, somente para ela era dado um copo de água doce e um pão surrado... Seus pais tinham as entranhas consumidas pela fome, mas seu anjinho dormia com aquele sorrisinho inocente em sua rósea face. Um beijo na testa do seu pequeno rebento. Um boa noite. Sonhe com os anjos. Amanhã é um novo dia!
(Marcio J. de Lima)
http://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/2012/08/pobre-menina.html?m=1
(Marcio J. de Lima)
http://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/2012/08/pobre-menina.html?m=1
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
A obscura vida de Julião dos tomates
Sempre achei Julião dos tomates muito gente boa. Excelente pai de família, bom pagador, comportado cristão, fazia sempre doações assistenciais – repartia com o próximo. Conhecidíssimo nas redes sociais por suas boas ações e campanhas ali lançadas a favor dos não afortunados. Eu somente não conhecia um lado da sua vida – que creio obscura – e até hoje me pergunto. O que fez que tal cidadão tivesse por notícia de sua passagem (à outra vida) – a espontânea manifestação de 832 pessoas que curtiram a sua morte?
marcio j. de lima
Imagem obtida em: http://cozinhandocomsaude.blogspot.com.br/2010_06_01_archive.html
Imagem obtida em: http://cozinhandocomsaude.blogspot.com.br/2010_06_01_archive.html
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
O SERVO
Pintor: Angelo Gabriel, in: aulas de pintura (óleo sobre tela ano 2012)
Olhava sempre ao alto, sua tez resplandecia com os últimos raios solares daquela maravilhosa e límpida tarde.
Estava solitário. Os pássaros faziam o cortejo, como se aquele fosse um rei. O azul-celeste de seus olhos fitava o verde vivo das videiras, e o marrom seco do solo queimado, que ao sopro suave da brisa, soltava uma poeira fina, a qual cobria a vegetação rasteira do caminho.
Caminhava o homem, sem descansar e olhar para trás. Seu olhar sério refletia sua compenetração e a contemplação de tudo que o cercava. Um sorriso esboçava-se em seu rosto ao perceber os pássaros cantantes, que retornavam aos seus ninhos, felizes se abrigavam para passar a noite. A brisa fazia seus cabelos ondulados esvoaçarem. O caminhar era calmo. Os passos eram sequenciais e constantes, quase não parava. O olhar fixo ao cume do morro fazia-o ainda mais distante, como se chegasse ao céu, e lá permaneceria.
O caminho estava coberto por poeira, que ao longe quando se movia parecia possuir vida própria com helicoidais figuras autônomas criadas pelo vento, vegetação rasteira com pequenas flores rosa e brancas que ofereciam ao caminho uma rósea imagem de paz e conforto; e algumas pedrinhas soltas pelo caminho que ora ou outra entrava em suas sandálias, que eram retiradas pacienciosamente como se elas o fizessem refletir. Seus pés estavam levemente empoeirados e cansados pelo longo caminho percorrido.
O homem olhou à sua frente e percebeu uma fonte de água que saía das pedras e jorrava cristalina formando um pequeno córrego e logo desaparecia ao meio das liquentas rochas. Ficou a admirar a limpidez da água e logo juntou as suas mãos, como uma concha, e bebeu-a agradecendo-a ao Pai por sua função de dar vida a todas as criaturas da terra. Molhou o rosto e os cabelos e seguiu caminho.
No cume do morro morava, em uma imponente casa, uma família que optou em viver longe de tudo e de todos. Da família eram três pessoas pai, mãe e um filho. Semanalmente ordenavam a um dos empregados buscar na cidade mantimentos e o que precisassem. O empregado de confiança da família estava muito doente há mais de um mês e a família começava a sentir falta de algumas coisas para casa. O serviçal não recebeu nenhum medicamento para o tratamento de um mal súbito que o enfraquecera a ponto de não se pôr mais em pé. A família recolhera-se ainda mais e, deixara o pobre empregado a sofrer num quarto escuro e fétido pelo bolor das paredes. O pobre suplicava por ajuda. Clamava ao céu principalmente. Sua dor era muito mais pelo abandono do que pela doença em si. Via-se próximo da morte, mas agonizava esperançoso pela clemência dos seus senhores aos quais sempre se doou pela troca de pão e lugar para as noites recostar sua cabeça.
O agonizante escuta passos se aproximarem do quarto. Os passos se aproximam cada vez mais. Uma paz tomou completamente o serviçal, o qual percebeu através das frestas o sol resplandecente e os pássaros a cantar à procura de ninhos nos beirais do casarão para passar a noite. O homem esperou os passos desaparecerem. Lembrou-se do seu passado dedicado apaixonadamente à família, seus senhores. Alegrava-se pela certeza do dever cumprido: ordens sempre recebidas e executadas com a devoção dos santos. As mãos grossamente calejadas juntavam-se em um ato solene ao peito. Os lábios proferiram palavras sacras de clamor por piedade. A luz que lhe era próxima faz-se distante, até que lhe são toldados os sentidos.
Alguém bate a porta. O patrão a abre. Aparece-lhe um homem de vestes brancas numa alvura impressionista que se apresenta como seu servo.
A voz do senhor segue-se friamente:
- Você começa amanhã. Alfredo acaba de falecer.
(Guarapuava, 1999)
Texto Publicado no Jornal Correio do Cidadão (Guarapuava - PR), confira!
https://www.correiodocidadao.com.br/noticia/o-servo
Texto Publicado no Jornal Correio do Cidadão (Guarapuava - PR), confira!
https://www.correiodocidadao.com.br/noticia/o-servo
Devagar se chega à felicidade!
O que engana nossos sentidos,
Engana principalmente nossa forma de sentir o mundo...
Portanto, duvide de tudo num primeiro momento!
Até chegar à verdade ou o mais perto dela!
Mas, se as mentiras que te contarem te fizerem feliz,
faça este caminho bem devagar... deleite-se,
mas não te entregue a elas tão profundamente...
A felicidade está tão difícil de se encontrada ultimamente!
Pode ter certeza; bem mais que as verdades!
Engana principalmente nossa forma de sentir o mundo...
Portanto, duvide de tudo num primeiro momento!
Até chegar à verdade ou o mais perto dela!
Mas, se as mentiras que te contarem te fizerem feliz,
faça este caminho bem devagar... deleite-se,
mas não te entregue a elas tão profundamente...
A felicidade está tão difícil de se encontrada ultimamente!
Pode ter certeza; bem mais que as verdades!
marcio j. de lima
Imagem obtida em: http://images.comunidades.net/um-/um-reikitarot/5_sentidos.jpg
Imagem obtida em: http://images.comunidades.net/um-/um-reikitarot/5_sentidos.jpg
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Saudade do avô
Devaneios Literários do Lima: Saudade do avô: Seguia. Não sabia bem ao certo aonde ir. Aquele dia acordara muito cansado. Sua cabeça doía. A lembrança de alguém que amava brotava. Era,...
Saudade do avô (miss grandpa)
Seguia. Não sabia bem
ao certo aonde ir. Aquele dia acordara muito cansado. Sua cabeça
doía. A lembrança de alguém que amava brotava. Era, de certo a de
seu avô. Pensou... era ele sim que fazia falta naquele momento. Há
muito partira. Mas... algumas histórias permaneciam vivas. O vô homem
forte, de sonhos duradouros, de muitos planos. Por que se fora?
Havia muito a aprender com ele. Havia muito a dizer a ele. Estava
cansado. Seus movimentos não estavam produzindo vida, ao contrário
a cada dia esvaziava-lhe cada vez mais. O vô saberia como fazê-lo
viver mais, aproveitar seu tempo, ou pelo menos fazer entender o
cansaço que lhe pesava tanto e seu porquê. Pensou, sentou no banco
da praça, ficou a curtir profundamente a saudade de quem amava
tanto, ele de certa forma estava ali - certamente - vivo nas lembranças e em seu coração.
Marcio
J. de Lima
Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/photos/mulher-novo-velho-espelhos-4331973/
domingo, 22 de julho de 2012
Uma Noite Solitária
Imagem obtida em: http://jorgebichuetti.blogspot.com.br/2012_08_01_archive.html |
_______O vento batia violentamente na parede da velha
casa. Soprava uivante como lobos em noite de
luar. Os trovões, os raios e os relâmpagos se sucediam
em um espetáculo assustador, pelo menos para
as mentes daqueles que não possuíam uma alma
pura para enfrentar o medo proporcionado por uma
apocalíptica noite. Logo começou a chover. O vento
se exaltava cada vez mais, trazendo consigo os
primeiros pingos violentos daquela que seria uma
tempestade dantesca. Ramiro assustava-se com tudo
isso. Os galhos das árvores batiam na parede, no telhado;
dava-lhe a impressão de que alguém tentava
derrubar a casa.
Ramiro sempre ouvira as histórias dos mais velhos
a respeito das pessoas que foram atingidas por
raios, por isso tremia freneticamente de medo como
se fosse uma apavorada criança, embora estivesse
com dezessete anos. A cada raio, pulava. Estava sozinho.
Seus pais haviam saído ver seu tio, irmão de seu
pai que se encontrava muito doente.
Seu tio era para ele um herói, contava muitas
histórias de viagens, de passeios, de fantasmas
e de lendas de tesouros escondidos. Narração que
vinham seguida de uma vivacidade pungente, que
o emocionava arrancando sensações mais puras e
verdadeiras que somente os narradores mais eloquentes
conseguem.
Vinha-lhe à mente a história do velho João, que
seu tio sempre comentava como testemunho de que
a alma é imortal e, o corpo é um simples abrigo desta.
Dizia ele que na noite em que o velho João falecera
escutou um barulho, como se algo tivesse caído. Foi
ver o que era. Caminhou pela casa toda e tudo estava
em perfeita harmonia, tudo estava em seu lugar.
Sentiu um frio correr pelo corpo inteiro, mas dizia
ele a si mesmo que estava tranquilo, “era uma reação
natural dos nervos!” Voltava à velha poltrona. Lia um
livro de contos de Edgar Poe. Julgava ele que tais sensações
eram geradas pela temática dos contos lidos.
Após alguns minutos, novamente ouviu alguma coisa
cair, desta vez a intensidade do barulho era mais
alta e, dava-lhe a impressão de que caiu no piso da
cozinha. Pensou... “É ladrão”. Pegou a vassoura que
se encontrava perto – era só o que se encontrava por
perto e podia defendê-lo naquele momento pensou -
e caminhou sorrateiramente. O coração em batidas
violentas parecia que sairia correndo e deixaria quem
dele precisava. O suor em seu rosto vertia como água
salobra dos gêiseres. Tentou acalmar-se um pouco e
planejava o ataque. Talvez contra um ladrão. Apro77
ximou-se da porta da cozinha e pela fresta observou
lentamente, mas nada viu. Caminhou pela casa toda
e nada percebeu de anormal. Tudo em seus lugares.
Olhou pela janela e tudo estava bem. A curiosidade
o assombrava. Queria saber o que era. Interrogava-
-se, levantava hipóteses do que podia ser. Sentou-se
à mesa da cozinha, ficou a refletir, pensou em rezar.
Às primeiras avemarias, escutou o telefone tocar. Uma
voz baixa e triste de uma mulher lhe disse: “meu irmão
se foi. E, como você era muito amigo dele, lembrei-
-me de ligar a você.” Tudo isso lhe vinha à memória.
E o pavor era cada vez maior. Falava baixinho “meus
pais, meus pais”...
“Não sei por que as coisas que nos amedrontam
parecem imperceptíveis quando estamos com nossos
pais”, pensou Ramiro. O vento soprava, parecia-lhe
cada vez mais forte dando-lhe a impressão de que
a velha casa construída há mais de cinquenta anos
não aguentaria. Interrogou-se se poderia gritar para
espantar o horror. Pensou “estou sozinho, e as casas
vizinhas ficam no mínimo a dois quilômetros”, pois
morava em uma chácara. E, em um ato de desespero
berrou. Berrou como o pobre personagem Eurico o
presbítero - que se atirou em um ato insano contra um
exército sarraceno que o perseguira com o intuito de
como algo digno dos grandes heróis, ou como o silêncio
que prenuncia algo pior a acontecer.
Ouvia a chuva, e, de certa forma, começava a se
acostumar. Já o vento não soprava tão forte, e os raios
já não eram despejados com a mesma frequência.
Ramiro mirava o retrato de casamento de seus pais,
contemplava a face de ambos, sentindo a saudade dos
solitários ermitões. Relembrou da noite anterior em
que seus pais o aconselhavam para melhorar suas notas
escolares.
Num abrupto instante, escuta um estrondo –
como jamais ouvira antes -. Algo precedido de uma
imensa luminosidade que tolheu seus sentidos. Sentia-
-se como se estivesse gritando apavoradamente, tudo
brilhava ao seu lado. Sua visão não oferecia nitidez que
dá ligação do real, do lógico, ou do possível para nossas
mentes racionais. Era um sonho, um devaneio, talvez o
mesmo que sentiu Dante Alighieri quando viu tais céus
e infernos, como ele mesmo afirma ter visto com os
olhos humanos maravilhas e horribilidades que a mente
depois se esvai na tentativa de relembrá-las...
Tudo se distorcia. A porta já não estava no mesmo
plano em que se encontrava. Estava ela para ele
à distância, era como se estivesse bem distante, talvez
no horizonte, e sua magnitude era como se fosse
a porta celestial. Gritava ele, mas o som que saía
parecia aos seus ouvidos algo incompreensível, quase
inaudível; afinal ele nem sabia para quem gritar e o
que gritar. A porta se aproxima dele. Como algo que
vem automatamente, como a vida dos humanos, ou
como o movimento das máquinas. Não sentia suas
mãos, que aos seus olhos pareciam disformes, ora agigantadas,
ora minúsculas. Seu coração batia em um
ritmo descomunal, como se lhe fosse sair do peito. A
saudade batia juntamente com seu peito num frenesi
desvairado, galopava em sua frente sua fé com algo
que ele acreditava, mas há muito havia esquecido –
pela correria do seu quotidiano, ou pelo desleixo dos
afazeres fúteis -.
A porta se aproxima muito mais. Alguém saiu de
lá, não se apresentava nitidamente. Fecha-se a porta.
Abre-se novamente e mais alguém sai de lá. Ambos
revestidos de muito mais luz que o seu ambiente atual,
que já se encontrava aparentemente muito iluminado.
Ramiro agora, sente-se correr para a porta em
uma i-n-f-i-n-d-á-v-e-l correria, num caminho tranquilo
e já não tão assustador. Olha mais para as pessoas
que se aproximavam dele e, percebe-os um homem
e uma mulher. Chega mais perto. Suas pernas amolecem
e ele cai. Quando olha para perto de si observa
duas sandálias e logo mais duas e, ouve uma voz doce
e suave que diz em coro “meu filho”.
(FIM)
(Do livro Devaneios em Prosa, UNICENTRO, (Lima, 2011, p. 71-79)).
(Marcio J. de Lima)
Texto publicado no Jornal Correio do Cidadão (Guarapuava):
https://www.correiodocidadao.com.br/noticia/uma-noite-solitaria
Texto publicado no Jornal Correio do Cidadão (Guarapuava):
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