A mão tosca a encerrá-lo na folha...
Não devias ter saído dali!
Haveria de ser assim? Incompreendido, intempestivo, ânsia da
imortalidade transvestida em fera bravia...
“Aqui é o teu lugar! Somente aqui...”
Com suas características monstruosas fizestes, tantos
viventes, insones. Suas histórias e enredos tão perturbadores. Nenhuma besta,
assim agiria, com tanta voracidade.
Infeliz somatória dos infernos. Quem inventou revelar tão
monstruoso cruzamento? A ânsia da imortalidade, uma das chamas extraviadas de
Prometeu, o amor insano às feras narrado por algum desavisado contista de fada?
Coisa boa não haveria de se ter como resultado.
Olhar de estátuas vivas, longe dos olhares dos vivos, fulgurando
em plena lua cheia, corações de pedras velando jazigos, todos prontos ao
funéreo abraço...
Oh, quem te inventou errante ser? Algo de errado se sucedeu
em somar, tão desavisadamente, lobo ou cão e homem... Quem cometeu tal
sacrilégio???
Marcio J. de Lima
Guarapuava, 05/07/2017.
Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/lua-luar-lua-cheia-fantasmag%C3%B3rico-1024914/