Alguma coisa é deixada, alguma coisa é recebida, algumas relações se rompem, outras solidificam-se, é crível que nos assustemos diante das novidades, tememos as perdas inevitáveis, ficamos estupefatos com afetos e amores inesperados ou revelados, quão gratos somos pelas surpresas graciosas que surgem destas mudas, mudanças. Percebo em mim estas nuances. Mudar é recriar-se. Ser camaleão ou fênix, ser qualquer coisa que puder acreditar. Por vezes fui, sou...poetisa, menina, mulher, profissional, mãe, amiga, irmã, filha, também a lagarta, a crisálida e a borboleta. Em cada mudança descubro em mim as minhas velhas raízes, meu medos tolos, minhas esperanças incansáveis. Reúno forças pra bater as asas, alcançar os céus sem deixar o cheiro de orvalho sair das entranhas. Mudar exige coragem, não de heroísmo. Coragem de escolher diante da bifurcação qual direção seguir sem pensar no outro caminho e saber apreciar as novas flores e espinhos dessa caminhada. Os caminhos já percorridos são parte dessas novas escolhas. Tem amores e amigos que nem o Sr. do Universo (o tempo) apaga, tem alegrias e tristezas que nos rondam as lembranças sem avisos, mudar é permanecer. Permanecer na essência do que és , seja o que for, pois da matéria primeira não nos desfazemos, ainda brilha em nós o pó cósmico das estrelas. Eu bem sei quantos corações carrego comigo, quanto de gratidão, amor e amizade aprendi com pessoas extraordinárias, quanto de resiliência exigiu a vida para que o continuar fosse possível. Das grandes lições a maior é o que construímos só permanece quando a base for sedimentada no afeto, no respeito e na dignidade. Mudar é preciso, saber estar também. Estou nessa fase nova de lua minguante, que vai se enchendo de novas histórias. Aos amigos de outrora há espaço bastante pra compartilhar o futuro, os novos sonhos, as novas derrotas e conquistas. Aos novos amigos sê bem vindos nessa roda gigante, nesse moinho de sonhos, nessa trilha infindável de realidades múltiplas. Somos a própria metamorfose. Sem mais vou aqui construindo o novo, o velho, híbrida, metade águia, metade pessoa, como nas mitologias todas, infinitamente feita de carne, ossos, penas, garras, mas acima de tudo humana.
Stela Sartori
O blog agradece a gentil contribuição da escritora!
Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/photos/almirante-vermelho-pupa-casulo-3978413/
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