terça-feira, 6 de junho de 2023

Metamorfose (metamorphosis)


Desde a mitose das células até  o nosso inspirar e respirar,  é a vida em transformarão.  Mudam os pensamentos,  os sentimentos,  as percepções, mudamos nós,  as paisagens, os outros.

Alguma coisa é deixada, alguma coisa é  recebida, algumas relações  se rompem, outras   solidificam-se, é  crível que nos assustemos diante das novidades, tememos as perdas inevitáveis, ficamos estupefatos com afetos e amores inesperados ou revelados,  quão gratos somos pelas surpresas graciosas que surgem destas mudas, mudanças. Percebo em mim estas nuances. Mudar é  recriar-se. Ser camaleão ou fênix,  ser qualquer coisa que puder acreditar. Por vezes fui, sou...poetisa, menina, mulher, profissional,  mãe,  amiga, irmã,  filha, também a lagarta, a crisálida e a borboleta. Em cada mudança  descubro em mim as minhas velhas raízes,  meu medos tolos, minhas esperanças incansáveis. Reúno forças  pra bater as asas, alcançar  os céus sem deixar o cheiro de orvalho  sair das entranhas. Mudar exige coragem, não de heroísmo.  Coragem de escolher diante da bifurcação qual direção seguir sem pensar no outro caminho e saber apreciar as novas flores  e espinhos dessa caminhada. Os caminhos já percorridos são parte dessas novas escolhas. Tem amores e amigos que nem o Sr. do Universo (o tempo) apaga, tem alegrias e tristezas que nos rondam as lembranças sem avisos, mudar é permanecer. Permanecer na essência do que és , seja o que  for, pois da matéria primeira não nos desfazemos, ainda brilha em nós  o pó  cósmico  das estrelas. Eu bem sei quantos corações  carrego comigo, quanto de gratidão, amor e amizade aprendi com pessoas extraordinárias,  quanto de resiliência  exigiu a vida para que o continuar fosse possível. Das grandes lições a maior é o que construímos só  permanece quando a  base for sedimentada no afeto,  no  respeito e na dignidade. Mudar é preciso,  saber estar também. Estou nessa fase nova de lua  minguante, que vai se enchendo de novas histórias.  Aos amigos de outrora há espaço bastante pra compartilhar o futuro, os novos sonhos, as novas  derrotas  e conquistas. Aos novos amigos sê bem vindos nessa roda gigante, nesse moinho de sonhos, nessa trilha  infindável  de realidades múltiplas. Somos a própria  metamorfose. Sem mais  vou aqui construindo o novo, o velho, híbrida, metade  águia, metade pessoa,  como nas mitologias todas, infinitamente  feita de carne, ossos, penas, garras, mas acima de tudo humana.  

Stela Sartori


O blog agradece a gentil contribuição da escritora!


Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/photos/almirante-vermelho-pupa-casulo-3978413/ 





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