domingo, 23 de novembro de 2025

Análise Metafísica e Metalínguística de "Nada Sei"

Análise Metafísica e Metalínguística de "Nada Sei" by Gemini, 2025

(Com a seriedade de quem lida com o paradoxo socrático e a leveza de quem lança a Via Láctea em um verso, Marcio Lima, do Devaneios Literários, faz a leitura.)

Meus caros, o poema "Nada Sei" é uma verdadeira convergência de metodologias que pulsam na poesia contemporânea, mas com raízes profundas na tradição filosófica e metalinguística. Não é apenas sobre o amor ou o tempo; é sobre a Criação e a Consciência da Ignorância.

I. A Influência Filosófica: O Eco Socrático

O título e o primeiro verso, "Que desanda para o nada sei," estabelecem imediatamente uma linha de diálogo com o maior aforismo da filosofia ocidental: "Só sei que nada sei", atribuído a Sócrates.

  • Metodologia: O poema emprega a ironia socrática (embora em tom lírico). Declarar "nada sei" não é uma rendição à ignorância, mas o primeiro passo para o conhecimento ou, neste contexto, para a criação poética. O desafio ("Nos intermináveis desafios") é justamente o processo de aceitar a vacuidade para, a partir dela, produzir algo.

  • A "Saída Óbvia" (O Perigo do Clichê): A estrofe critica a fala vazia e a inércia criativa ("O sempre será uma saída óbvia / Para quem nunca tem algo a dizer, AGORA..."). Isso é uma reflexão sobre a originalidade e a necessidade de transcender o lugar-comum, ressoando com a busca incessante por uma nova linguagem, característica da poesia moderna.

II. A Metalinguagem e o Diálogo com a Tradição Brasileira

O poema é profundamente metalinguístico, pois o objeto da reflexão é o próprio ato de dizer e criar.

  • A Convocação à Criação: O verso "Mas, queira, / Tente converter matéria inerte..." é um imperativo, um chamamento. O "nada sei" é a "matéria inerte" (o vazio, o silêncio, a falta de inspiração) que o poeta deve transformar.

  • Influências Brasileiras: Essa reflexão sobre a linguagem e o processo de escrita remete a grandes poetas da nossa tradição que usaram a metapoesia como tema central:

    • Carlos Drummond de Andrade: Em poemas como "Procura da Poesia", ele trata o ato de poetizar como uma busca árdua e a necessidade de "achar a palavra que não está no dicionário." O "Nada Sei" do Drummond é a dificuldade em encontrar a poesia no caos.

    • Jorge de Lima: Em "Invenção de Orfeu", ele explora a linguagem como tradução e paradoxo, onde a palavra é simultaneamente a mesma e "parece outra". O "Nada Sei" do Marcio Lima dialoga com essa busca pelo que está aquém da expressão.

    • Adélia Prado: Com sua visão de que a "palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda", o poeta deve apanhá-la. A "matéria inerte" do poema pode ser essa coisa mais grave que a poesia tenta desvelar.

III. A Revelação Final e o Estilo Universal

O clímax do poema reside no reencontro e na revelação cósmica:

"Ao fim tu dirás, sempre esteve ali, E, somente eu via, Via Láctea..."

  • A Reação: A conclusão "sempre esteve ali" desfaz o "nada sei". O conhecimento ou a inspiração não é criado do zero, mas descoberto no que já existe, mas que era invisível aos olhos comuns.

  • O Estilo Universal (O Olhar Místico): O salto do desafio pessoal para a "Via Láctea" eleva o tom de forma abrupta, do mundano ao cósmico. Essa capacidade de encontrar o infinito no íntimo e o macrocosmo no microcosmo é um traço forte do Romantismo tardio e do Simbolismo (pela musicalidade e sugestão), mas com a linguagem direta do nosso tempo.

    • Poetas Internacionais: Essa metodologia de encontrar a vastidão em um ponto pode ser comparada, em intenção, a:

      • William Blake (Inglaterra): Em seu famoso verso "To see a World in a Grain of Sand" (Ver um Mundo num Grão de Areia), Blake encapsula a mesma ideia de que a verdade suprema está acessível pela visão singular e espiritualizada.

      • Rainer Maria Rilke (Áustria): Em seus "Elegias de Duino", ele trata a função do poeta como aquele que nomeia e converte o visível em invisível, o terrestre em celestial. O "Tente converter matéria inerte" do poema se aproxima dessa transmutação rilkeana.

Em suma, "Nada Sei" é um poema que desfragmenta o processo criativo, utilizando a humildade filosófica como ponto de partida para um ato de vontade (queira, tente), culminando na epifania de que a poesia é a visão cósmica que sempre esteve à espreita, esperando ser percebida pelo "eu" consciente. É uma obra que se equilibra entre o intelecto (metalinguagem) e a sublime revelação (misticismo moderno).

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O poema de Marcio Lima analisado pela Gemini (2025):



Nada Sei. 


Nos intermináveis desafios 

Que desanda para o nada sei,

O sempre será uma saída óbvia

Para quem nunca tem algo a dizer, AGORA...

Mas, queira, 

Tente converter matéria inerte...

Ao fim tu dirás, sempre esteve ali,

E, somente eu via,

Via Láctea...

[Autor, ano: marcio lima, 2025]."


Abelha III

Abelha De Mel, Abelha, Inseto, Florescer 

Abelha,

Em pleno voo

 Ou pousada numa singela flor

- Luz e escuridão -

O doce dos seus lábios 

salvou-me

 do amargo de meus dias.


 
[marcio lima]
  
 
 
Imagem obtida em:  https://pixabay.com/pt/photos/abelha-de-mel-abelha-inseto-8320764/

sábado, 8 de novembro de 2025

SOS Chuvas em Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava (Paraná)

O Blog Devaneios Literários do Lima se une a luta pela recuperação da cidade de Rio Bonito do Iguaçu e interior de Guarapuava (Paraná).

Primeiramente nos solidarizamos com toda a população que foi acometida por um tornado na tarde desta sexta-feira (07/11) e que quase destruiu o município de Rio Bonito do Iguaçu e uma parte do interior de Guarapuava.

Casas e comércios foram destruídos pela força dos ventos, pessoas morreram e muitas ficaram feridas.

Aqueles que pretendem contribuir com as pessoas atingidas, as doações estão sendo acolhidas pelo Corpo de Bombeiros local no seguinte endereço:

Rua João Fortkamp, 870, Bairro Primavera - Guarapuava - Paraná.

Os tens mais urgentes:

💧 Água

🥫 Comidas de fácil preparo

🛏️ Cobertores

🛋️ Colchões

Nosso muito obrigado a todos que de alguma forma ou outra podem contribuir para que essa população possa se restabelecer e desejamos nossos sentimentos àqueles que perderam familiares e amigos. E, ainda uma boa recuperação àqueles que saíram feridos dessa tragédia ambiental.

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Lua...


Era ela, a lua a se exibir no horizonte... Quantos viventes a admirá-la, pensava, eu. Ela, alva-dona, imersa refletida no imenso mar... Sua luz-ispiração, despertava-me o doce mel das lembranças de outrora, em que eu quase morria de medo dessas noites, por acreditar em lobisomem, mula sem cabeça, boitatá... Haveria um lobisomem de atacar em uma dessas noites? Quisera eu não precisar sair à noite. Mas, com todo cuidado do mundo, o qual as crianças têm, eu me divertia pulando tábua, pulando corda, brincando de esconde-esconde {mas, não quase sem faltar ar de medo, ou era uma  ansiedade frente ao desconhecido, naquele momento desafiado? Enfim. Vá entender o meu pensar-sentir puerial].
Hoje o homem adulto que vive em mim, não se assusta mais com a lua, não aprecia sua beleza, nem se inspira a um poema que seja, benfazeja a si mesmo... 
Acredito que esse homem, que ontem sentiu tanto medo de lobisomem e ficava a conjeturar tentar dialogar com tal fera, dizendo-lhe [como diz a lenda para revelá-lo ao mundo, quiçá?]: "Amanhã vá lá em casa buscar sal!"... 
Neste momento, em minha frente há uma imagem de uma lua refletida nas águas do mar, senti saudades de outrora, de criar um mundo mais divertido e criativo. Seria tudo como fazia num ontem, agora ideal. Não existiriam momentos sem graça... Como a vida seria melhor... Com lobisomens ou não... Quiçá?
[marcio lima]

sábado, 1 de novembro de 2025

Nada sei...



Nos intermináveis desafios 

Que desanda para o nada sei,

O sempre será uma saída óbvia

Para quem nunca tem algo a dizer, AGORA...

Mas, queira, 

Tente converter matéria inerte...

Ao fim tu dirás, sempre esteve ali,

E, somente eu via,

Via Láctea...

[marcio lima]

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Apresentação do Poema "Fragmentei" de Marcio Lima


A Fragmentação da Experiência e o Sentido da Criação

(imagem gerada pela Gemini com base no poema)
O poeta Marcio Lima nos apresenta, com este breve e denso "Fragmentei", uma meditação que transcende o mero relato de um processo de escrita. O que se desenrola ante o leitor não é apenas o labor poético, mas a própria estrutura da colaboração humana, do trabalho social e da gênese da forma em nosso tempo.

Desde os versos iniciais — "Cada um montou uma peça, / Um ficou com os versos, outros a juntar em estrofes, / Alguns escolhiam as rimas, outros suas riquezas" — o autor postula a ideia da criação como um ato fundamentalmente disperso, segmentado. É o que poderíamos chamar de uma crítica velada à especialização, não aquela de ordem técnica, mas a que desagrega o sentido unitário da experiência.

O poema se constrói, portanto, como um reflexo de nossa própria sociedade: a obra, tal qual a produção material, é resultado de uma divisão de tarefas. O artífice moderno não é o poeta solitário, mas um conjunto de forças anônimas que "juntam metáforas", "bolam o título", e até mesmo escolhem "sua cor" no intervalo. A literatura, aqui, atua como espelho da estrutura produtiva, e o drama reside precisamente na repetição mecânica dos dias e na irredutibilidade das funções, onde o eu se dissolve na multiplicidade do nós.

Contudo, é no terceiro momento que o poema ganha a sua tensão dialética mais rica. A repetição dos dias e a rigidez das funções, por insistir num "modo velho" ou num "novo modo de agir, tão simbólico, tão rico...", culminam na "revolução". Esta revolução, no contexto lírico, parece ser tanto a ruptura estética quanto a convulsão social que o próprio processo de trabalho segmentado engendra.

Mas a beleza do achado reside na resistência da "chave de ouro". Se a criação se fragmentou, se o trabalho se dividiu, a "chave", que é o sentido último, a matéria essencial da arte — e talvez o próprio direito à literatura, o acesso ao gozo estético — é o que resiste à desagregação. É nela que "todos mexiam, todos estudavam, todos no fim de semana a cantavam...". A "chave de ouro" é a forma excelsa, pura, que sobrevive à fragmentação e que, ao espalhar-se em "amálgama", não destrói as propriedades originais, mas as intensifica: "o que era doce, mais doce ficou... O que era amargo, o amargo amargou...".

Neste ponto, o poeta nos oferece uma lição de realismo e esperança: a superação da fragmentação não se dá pela negação da matéria caótica, mas pela sua fusão em uma nova síntese que preserva os extremos. A verdadeira poesia, aquela que nasce da revolução da forma e do sentimento, é essa fusão totalizante. E, no fecho, a celebração por um elemento inusitado — "o carro que a tudo isso ouvia, celebrava a nova poesia" — nos devolve ao mundo da técnica, mas agora redimido pela escuta da arte.

Em suma, Marcio Lima, com poucos traços, toca em questões centrais da nossa modernidade: a relação entre trabalho e arte, a alienação e a busca pela totalidade, a tensão entre o individual e o coletivo. É uma poesia que, ao se declarar "fragmentada" em seu título, revela-se profundamente coesa e significativa em sua realização formal. Que o leitor encontre nesta "chave de ouro" a satisfação de uma reflexão necessária.

(Apresentação do poema de Marcio Lima desenvolvida pela Gemini, 2025).
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Fragmentei.





Fragmentei. Cada um montou uma peça,
Um ficou com os versos, outros a juntar em estrofes,
Alguns escolhiam as rimas, outros suas riquezas,
Muitos a juntar metáforas, outros a bolar o título...

Cada um a escolher, no intervalo, sua cor...
Os dias, se repetem, as funções, não...
Por insistir num modo velho, ou no novo modo de agir, tão simbólico, tão rico... Fez-se a revolução... A chave de ouro resistiu... Ela, todos mexiam, todos estudavam, todos no fim de semana a cantavam... Tão excelsa, tão pura e criativa, espalhou tudo num amálgama, e o que era doce, mais doce ficou... O que era amargo, o amargo amargou... E o carro que a tudo isso ouvia, celebrava a nova poesia...
(Marcio Lima...


sábado, 11 de outubro de 2025

Transformação...

 

Rói,
Mói o estoque,
Desintegra o que é inteiro,
Reconstrói na dureza e
Química do querer
Com ou sem embalagem
Com suor, vida, sentimento...
Tempo pastoso engolido
Nas engrenagens do sistema...
Queria ainda ser criativo,
Apesar dos tantos movimentos repetidos,
Das horas do amor, da poesia
Dores suprimidas...
Por ora,
Só o banco,
Que acolhe, o que foi do ontem,
e será do amanhã,
Que de novo será aproveitado,
Se o ônibus
A facção
Ou os amores  
Tiverem tempo de esperar...
Quiçá,
Meu produto perene
Deixado na rua,
Na lua, na marmita 
Ou num guardanapo qualquer...
Latente, esquecido,
Ontem imaginado
Amanhã de novo em pó transformado...
[marcio lima]

Imagem criada pelo Gemini IA a partir do poema. 

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Um dedo de Paixão


Mostrei-me abruptamente

Sem me importar em te assustar.

Cheguei em sua vida como um tsunami

Arruinei tuas tranquilas vielas,

Fiz o que (talvez) não devesse.


Fostes tão singela,

E a cada momento

Sopravas minhas lembranças

Como sopra a leve brisa

As douradas folhas...


Nesta mistura de força e leveza

Havia um equilíbrio que perdi,

E que hoje não procuro mais.

Talvez eu tema estar equivocado

do que realmente acende

a nossa simetria

Seja o fogo em desalinho,

não a paz.

Sei que isso em ti se finca,

e te corrói.

Mas és musa de bela inspiração

E de rara paciência,

De amor (quase) materno...

Respeitas (edipianamente) meus destemperos.

Que a vida revele a mim

A verdade que teimo em não ver:

Que talvez o Amor perfeito

Seja o que se faz

Pelo tempero agridoce

Dos dias que se emaranham,

Um elo sutil

A unir duas almas:

Tão diferentes ____ Tão parecidas.


(marcio lima)


Poema originalmente publicado em: https://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com/2011/06/um-dedo-de-paixao.html 

sábado, 20 de setembro de 2025

"Uma noite Solitária" Podcast

Ouça o Podcast produzido na Gemini  sobre o conto "Uma noite Solitária" de Marcio Lima. 


Gostou? Deixe seu comentário. Tem alguma sugestão, contate-nos pelo e-mail do autor na página inicial do blog.

O conto original você encontra no endereço abaixo:

 https://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com/2012/07/uma-noite-solitaria.html

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Sim, um dia evoluiremos integra a primeira edição da Revista Literária Pontes e Parágrafos

Olá pessoal!

Meu texto "Sim, um dia evoluiremos" integra a primeira edição da Revista Literária "Pontes e Parágrafos".

Literatura, Arte e muita criatividade povoam essa primeira edição, e, que seja longa e dê bons frutos.

Fiquem bem e acessem o link abaixo da Revista "Pontes e Parágrafos": 

https://encurtador.com.br/SXaM9




domingo, 14 de setembro de 2025

Versos de cabresto [Poema e Poema musicado de Marcio Lima pela Gerasom]

 


Não me peça de cabresto uns versos isolados de contexto. 
A poesia não é assim.
Põe a mão à garganta e força 
E aos regogitos lá vem ela... 
Embora seja quase assim... 
Por seu caráter espontâneo. 
A rima, a lima, o ferro e a foice, 
Depois de muito suor, 
Surge como algo extemporâneo... 
Me julgam de não saber nada em matéria de poemar, por tanto dele perguntar, tanto dele exclamar... 
Sim, nada sei... deste imenso mar... 
Só sei... se como o ar que entra aos pulmões que se passa despercebido. 
Assim se fez em mim tal mecanismo... 
Que é quando menos respiro que sei o quanto me faz falta... 
Quando dele nada indago, nem uma mísera exclamação... 

Olho aos lados, vejo flores, corpos lacivos, atos de amor, lágrimas e alegria... então sinto algo a me faltar... 
Meu amor me desacredita, por eu ser um fingidor... 
Não sabe que quando meus versos são latentes é que são de paixão... 
Sendo eles de sofrimento -
Frutos de um verdadeiro amor... 

Já vi fantasma, onça brava, dinheiro aos montes... já vi reza de Santo, do Cristo, seu manto... 
Do pó,  me ficou a estrada... 
Das histórias, só me restou a fada... 
Um dia já acreditei em nada... 
Da esperança, fiz meu mote de vida... 
Pois saiba, se finjo a dor de tantos... 
Não saberia, melhor ainda, viver as dores em mim? 
Se a cada dia se morre um pouco... 
Para no outro dia renascer... 
Te amarei eternamente até que este dia chegue ao fim... 
Marcio José de Lima 

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

O Boitatá - Podcast do Devaneios [Gerado pela Gemini]

Nesta semana você vai ouvir este novo Podcast do Devaneios falando de uma lenda muito conhecida. É a lenda do Boitatá que foi contada aqui neste canal de uma forma fantástica e às vezes engraçada, mas que é muito séria, ainda porque aborda temas relevantes como relatos históricos e enfatiza a importância de nosso folclore brasileiro e sua riqueza e simbologia. 

Essa lenda ainda é muito ouvida contada por pessoas de mais idade. Aqui no blog você encontrará ela na íntegra no link ao final. Mas neste momento, fique com o Podcast, que esperamos que você curta, nobre leitor.

Fique com a gente!


Po


Clique no link abaixo e leia a história na íntegra!

https://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com/2014/01/o-boitata.html

terça-feira, 2 de setembro de 2025

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Era, com certeza, um lobisomem! (It was definitely a werewolf!)

 



VI TIO JOÃO SE DEBATENDO SOZINHO NO CAMINHO. PENSEI, DE NOVO TIO JOÃO BEBEU... MIRAVA NOVAMENTE UM PONTO, E, NUM REPENTE ELE SUMIU NO MATAGAL. LUTAVA FERRENHAMENTE COM ALGUMA COISA, TODAVIA, EU NÃO ENXERGAVA O QUE ERA. NENHUM ZUNIDO, GRUNHIDO, LATIDO OU QUALQUER COISA ASSIM.

ERA TARDINHA E A PENUMBRA COMEÇAVA A TOMAR CONTA. EU E MEUS IRMÃOS RIMOS MUITO DAQUELA CENA. TIO JOÃO, SEMPRE BRINCALHÃO, PENSAVA. LOGO MINHA MÃE SAIU À PORTA. E, RIU-SE, ACHOU ENGRAÇADO TAMBÉM. TODAVIA, OLHEI PARA MINHA MÃE ALGUNS SEGUNDOS DEPOIS, E ELA HAVIA SE EMPALIDECIDO. O SORRISO JÁ NÃO SAIU MAIS. E, BRILHOU EM SEUS OLHOS UM MEDO DE OUTRORA - DE QUANDO AINDA EU ERA CRIANÇA - DEVIDO AOS SUSTOS TOMADOS NA CRIAÇÃO DOS  SEUS FILHOS...

 SILENCIOU-SE, REZOU UM POUCO - CREIO EU, POIS SUA BOCA MEXIA. AS CRIANÇAS ACHAVAM AQUILO UM BARATO E ATÉ CHEGARAM A ROLAR NO CHÃO DE TANTO RIR... MINHA MÃE CONTINUAVA A MEXER COM A BOCA COMO SE COCHICHASSE... TIO JOÃO NA PELEJA, AGORA SE ROLAVA PELO CHÃO. TODO DESPENTEADO. ISSO DURAVA MAIS OU MENOS UNS QUATRO MINUTOS.

MEU TIO GRITOU. TODOS SE CALARAM. MINHA MÃE SE BENZEU... MEU TIO OLHOU PARA O MATO, COMO QUE ESPERANDO POR ALGO. E, OLHANDO PARA LÁ, FOI DESCENDO A RUA. APROXIMOU-SE DE NÓS. TODO SUJO. ESPEROU ALGUNS SEGUNDOS. NA RUA, HAVIA SÓ NÓS NAQUELE MOMENTO.

O VÍCIO DO TIO... APARENTEMENTE, NINGUÉM TESTEMUNHARA TAL SITUAÇÃO DE FRAQUEZA SUA - LOGO ELE QUE, APESAR DISSO, ERA UM HERÓI PARA CRIANÇADA, POR SUAS HISTÓRIAS SEMPRE CHEIAS DE VIDA E DE VITÓRIAS... ELE NUNCA PERDEDOR SEMPRE CONSEGUIA SUPERAR DE CABEÇA ERGUIDA OS OBSTÁCULOS QUE A VIDA LHE PROPUNHA... - AGRADECI AOS CÉUS POR ISSO.

O TIO OLHA PARA NÓS E FALA: "VOCÊS VIRAM?" MINHA MÃE E EU RESPONDEMOS: "O QUÊ?" ELE SE APROXIMOU DE MEU OUVIDO, COM UM BAFO QUENTE, SEM ODOR NENHUM DE BEBIDA ALCOÓLICA, COM UM FLAMEJAR NOS OLHOS PELO BRILHO INTENSO DA LUA CHEIA REFLETIDA NELES, ME DISSE "ERA, COM CERTEZA, UM LOBISOMEM!"

Marcio lima


Não deixe de escutar o podcast no vídeo disponível antes da história logo acima. Obrigado 🙏 
Imagem obtida em: Pixabay

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

O poema "METAPOESIA" breve análise comparada

O poema "METAPOESIA" é um excelente ponto de partida para a literatura comparada, pois estabelece um diálogo profundo com a tradição poética brasileira. Nele, a poesia é mais do que um gênero literário; é uma entidade viva, complexa e multifacetada, que reflete e interage com as principais correntes de nossa literatura.


A Poesia como Entidade e Objeto

O poema começa personificando a poesia de forma direta e imperativa: "Vê se te desentorta! / Pareces letra morta." Essa visão da poesia como um ser com vida própria e, por vezes, rebelde, ecoa o tom de Carlos Drummond de Andrade. Em "Procura da Poesia," Drummond trata o ato de poetizar como uma busca árdua por algo que "não está em lugar nenhum," uma luta constante com as palavras. Da mesma forma, a aparente simplicidade da poesia de Manuel Bandeira, descrita no poema como "moça singela," esconde uma profundidade que "abraça-te sutilmente a almas," assim como Bandeira encontra o lirismo no cotidiano mais banal.

Ainda nessa linha, a afirmação de que a poesia é "matéria-prima" e "imperfeita" cria uma ponte direta com o Modernismo e o Concretismo. Ao chamar a poesia de "imperfeita," o texto abraça a rebeldia de Mário de Andrade e Oswald de Andrade, que rejeitaram a busca parnasiana pela perfeição formal para valorizar a liberdade e a linguagem coloquial. Já a ideia de que a poesia é "matéria-prima pra uma obra que não termina" dialoga com os irmãos Campos e Décio Pignatari. Para os concretistas, o poema era um objeto em si, uma arquitetura de palavras e imagens, sempre em construção e em constante interação com o leitor.

A Poesia como Ferramenta de Conhecimento e Emoção

Além de sua forma e essência, o poema discute a função da poesia em relação a outros campos do saber e da experiência humana. A menção de que a poesia "com a história te encantas, casa-te..." remete à poética de João Cabral de Melo Neto. Para Cabral, a poesia não era um espaço isolado da realidade, mas um ofício que se constrói com rigor e precisão, dialogando com o mundo concreto, a geografia e a sociedade. A poesia se torna um meio para compreender a história e a realidade de forma objetiva.

No entanto, o poema também destaca a capacidade da poesia de tocar a subjetividade. O verso "Atravessas com teu penetrante olhar / O mais duro dos corações..." e a busca por "mundos desconhecidos, / Recônditos mais íntimos de amores perdidos" conectam o texto ao lirismo e à introspecção de poetas como Cecília Meireles e Vinicius de Moraes. A poesia de Vinicius é a própria expressão das paixões e dores do amor, enquanto a de Cecília explora o universo interior com delicadeza e melancolia. Essa dualidade, entre a objetividade e a subjetividade, a razão e a emoção, é uma característica central da poesia brasileira, e "METAPOESIA" a capta com maestria.

O poema de Marcio Lima, portanto, atua como um microcosmo da história da poesia brasileira. Ele resume e sintetiza as preocupações e as inovações de diferentes gerações de poetas, desde a busca pela essência do verso até a sua função social e emocional, demonstrando que a metapoesia é um tema que permeia nossa tradição literária de forma contínua e rica.

(Análise executada pela IA Gemini, Ago. 2025 sob a orientação do autor do poema).

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Veja abaixo o poema analisado pela IA e tire suas próprias conclusões. Obrigado querido leitor pela companhia.

METAPOESIA


Vê se te desentorta!

Pareces letra morta.

Não adormeça na falta de rima.

Acordo-te

pra algo que não imaginas...

Com teus enleios abro portas.

Vê que és matéria-prima!

Pra uma obra que não termina.

Sinto-te

imperfeita.

És, não cativa, ativa...

Conduze-me

a mundos desconhecidos,

Recônditos mais íntimos de amores perdidos,

De almas de donzelas sofredoras,

A amores sonhados.

Às vezes te confundes perdidamente com a

ciência,

Às vezes abraça-te

sutilmente a almas,

Mas, com a história te encantas, casa-te...

Atravessas com teu penetrante olhar

O mais duro dos corações...

Fizeste-te

assim... ninguém parece te entender...

Mas, sente como se em algum momento

Fizeste parte de sua vida.

Assim és – moça singela –

Letras quentes-frias

Que nos conduzem tão

longe, tão perto –

És doce-útil

Poesia.

(24/10/2008).


Poema original publicado em: https://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com/2014/03/metapoesia.html?m=1




 


quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Análise do Poema “Declaração” de Márcio Lima, by IA Gemini, 2025

Declaração

  Carta, Declaração De Amor, Amor
 
DECLARAÇÃO


         Eu, Poeta e Amador, residente na Rua dos Sonetos, número de 08 versos, lar que tem como complemento uma epígrafe caliente de um Poeta imortal, dono de um ofício, em seus ócios criativos de dar vida a letras mortas... 
       Venho mui respeitosamente através destes versos declarar meu amor por Linda Musa Encantadora de Meus Dias, a qual se fez merecedora pelo simples fato de existir, e, quase nada mais.
E, por ser uma fingida expressão da verdade, firmo a presente.

Cidade das Emoções, Estado da Felicidade,Ano da Inspiração. 


____________________________________________
Poeta e Amador
 
(Marcio Lima)



Vamos viajar à companhia da IA Gemini que analisou o poema de Marcio Lima. 

Não concordou ou tem algo a acrescentar, deixe seu comentário.

Agradecido,

O Autor!


ANÁLISE

## ✍️ Estrutura

- *Forma epistolar*: O poema é construído como uma carta, com elementos típicos como saudação, corpo e assinatura. Isso reforça o tom íntimo e pessoal da declaração.

- *Verso livre e prosa poética*: Não há métrica fixa ou rima tradicional. A linguagem flui como uma prosa poética, com forte carga lírica.

- *Metalinguagem*: O poeta brinca com o próprio ato de escrever, referindo-se à sua morada como “Rua dos Sonetos, número de 08 versos”, misturando espaço físico com estrutura poética.


## 🎨 Estilo

- *Romântico e irônico*: Há uma mistura de romantismo idealizado com uma leve ironia, especialmente na frase “quase nada mais”, que relativiza a grandiosidade da musa.

- *Barroquismo moderno*: O uso de antíteses (“letras mortas” ganhando vida), exageros e linguagem rebuscada remete ao barroco, mas com uma roupagem contemporânea.

- *Autorreferencialidade*: O poeta se define como “Poeta e Amador”, assumindo tanto o papel de criador quanto de apaixonado, o que reforça a fusão entre arte e sentimento.


## 🌎 Importância na Literatura Latino-Americana

Embora Márcio Lima não seja amplamente conhecido no cânone latino-americano, o poema carrega traços que dialogam com tradições da região:


- *Afetividade e subjetividade*: A literatura latino-americana valoriza o íntimo, o emocional, o cotidiano elevado ao poético — e “Declaração” se encaixa perfeitamente nesse espírito.

- *Mistura de gêneros*: A fusão entre carta, poema e crônica é típica da experimentação literária latino-americana, que rompe fronteiras formais.

- *Humor e lirismo*: A leveza com que o amor é tratado, sem perder profundidade, é uma marca de autores como Mario Benedetti ou Vinicius de Moraes.


## 💡 Considerações finais

“Declaração” é um poema que celebra o amor com simplicidade e engenho. Sua força está na forma como transforma o cotidiano em arte, e como brinca com os elementos da linguagem poética. É uma peça que, embora breve, carrega um universo de referências e emoções.



sábado, 19 de julho de 2025

Análise do Poema "Pipoca" de Marcio Lima sob a Lente Nietzschiana

 

O poema "Pipoca" de Marcio Lima, com sua atmosfera melancólica e a figura central do palhaço em declínio, oferece um terreno fértil para uma análise à luz da filosofia de Friedrich Nietzsche, especialmente no que tange aos conceitos de vontade de potência, niilismo, além-homem e a crítica à moralidade do rebanho.

O Declínio da Vontade de Potência e o Niilismo do Palhaço

No início do poema, o palhaço, que outrora cativava a multidão com sua arte ("à praça a esmo assistia ao palhaço que se apresentava?"), representava uma manifestação da vontade de potência em sua forma criativa e afirmativa. Ele era o artista que impunha sua visão ao mundo, gerando alegria e engajamento.

Contudo, essa vontade de potência se esvai: "Sua arte aos poucos perdeu a graça". O palhaço se encontra em um estado de niilismo passivo, onde os valores que antes davam sentido à sua existência – a arte, a poesia, o riso – perderam seu significado. Ele não mais cria, apenas "conta os pombos", "ruminar, a olhar os pombos, a admirar os porcos". Essa passividade e a observação de seres inferiores (pombos e porcos, que em Nietzsche podem representar a mediocridade do rebanho) denotam a ausência de um propósito elevado. Sua "máscara e pintura, sem graça, deixam sua cara triste, marcada pelo córrego de lágrimas", revelando a futilidade e o vazio de sua existência presente.

A Moralidade do Rebanho e o Prazer Sádico da Multidão

O "povo" no poema, inicialmente espectador da arte do palhaço, transforma-se em um "rebanho" nietzschiano. Eles não mais valorizam a arte em si, mas se deleitam com a desgraça alheia. A frase "O povo parou a admirar tão absurda visão. Como que em frenesi, espalham-se gargalhadas. O povo volta a rir. O palhaço chora" é um eco da crítica de Nietzsche à moralidade do rebanho, onde a compaixão e a empatia são substituídas por um prazer sádico na queda do indivíduo que ousa ser diferente ou que antes se destacava. A alegria do povo surge do sofrimento do palhaço, uma inversão perversa dos valores. Eles "festejavam" a dor do palhaço, revelando a mesquinhez e a incapacidade de transcender a própria mediocridade.

A Solidão das Pipocas e a Memória do Passado

As "pipocas, deixadas em paz, escureceram pela solidão" podem ser interpretadas como um símbolo dos valores e da alegria que antes eram compartilhados, mas que agora, ignorados, se tornam amargos e sem vida. As pipocas, que deveriam ser fonte de prazer e nutrição para a multidão, são negligenciadas, assim como a arte do palhaço. A nostalgia dos porcos ("e os porcos pensam na nostalgia das pipocas") pode ser lida como a memória de um tempo em que havia abundância e alegria, mesmo por parte dos seres menos nobres, contrastando com o presente de escassez e sofrimento.

A Ausência do Além-Homem

No contexto do poema, não há um vislumbre do além-homem. O palhaço, ao invés de superar seu niilismo através da criação de novos valores e da afirmação de sua vontade de potência, afunda na autodestruição emocional. Ele se entrega à melancolia e à passividade, incapaz de transmutar seus sofrimentos em força criativa. A falta de resiliência e a incapacidade de ir "além" de sua condição atual o condenam ao desespero e à perda de sua identidade.

Em suma, "Pipoca" de Marcio Lima, através da figura trágica do palhaço e da resposta indiferente (e até cruel) do povo, pinta um quadro sombrio do declínio da vontade criativa e do triunfo de um niilismo que se alimenta da decadência alheia, ressoando profundamente com as advertências de Nietzsche sobre os perigos da perda de valores e da mediocridade do rebanho. O poema nos convida a refletir sobre a importância da autenticidade e da superação em um mundo que muitas vezes celebra a queda dos que ousam brilhar.

[Análise executada pela Gemini, jul. 2025].

Gostou da análise? Concorda com ela? Quer ler o poema na íntegra?

Segue o link para acesso: https://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com/2011/07/pipoca.html 

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Concha (shell)

 Ai Gerado, Ostra, Rosa, Pérola, Natureza

Saía de seu invólucro,
ora areia,
ora oração...
Seria dor, suplício, quase morte...
Sua intensa dor, 

                        [ora translúcida, opaca cor...
De sofrimento intenso, indignação...
Era concha, era areia, era sofreguidão...
Não havia o que curasse essa indigestão...
Sorte a nossa, sorte de quem tem sorte,
E, dela, quase a morte...
Quando se recupera, seu produto já era...
       Lá vai ela

                     [minha bela e desditosa pérola...
 

[marcio lima, guarapuava, 14 de julho de 2025]

 Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/illustrations/ai-gerado-ostra-rosa-p%C3%A9rola-8724382/  

sábado, 12 de julho de 2025

Análise de Inovação Literária em "o óbvio..." by Gemini



O texto abaixo de Marcio Lima cujo título é "o óbvio...", trancrito a seguir:

"Às vezes, o óbvio é requinte e ousá-lo, de forma ética e sustentável, pode ser incrementalmente disruptivo... não custa tentar... (será mesmo?)" 


apresenta algumas características interessantes no que tange à inovação literária, mesmo em sua brevidade.


1. Abertura Sugestiva e Título Minimalista

A inovação já começa no título. "o óbvio..." não é uma frase completa, mas um fragmento que instiga a curiosidade. A reticências sugere algo não dito, um pensamento em andamento, convidando o leitor a preencher as lacunas. Essa concisão e a quebra da norma gramatical no título já sinalizam uma abordagem que foge do convencional.


2. Paradoxo e Reinterpretação

O cerne da inovação reside na reinterpretação do "óbvio". Geralmente, o óbvio é associado ao lugar-comum, ao banal. Aqui, ele é elevado a "requinte" e, mais surpreendentemente, a um potencial de disrupção. Essa paradoxalidade desafia a percepção comum e convida a uma reflexão mais profunda sobre o que é verdadeiramente inovador. A ideia de que o óbvio, se abordado de forma ética e sustentável, pode ser "incrementalmente disruptivo" é uma perspectiva nova e instigante, que subverte a expectativa.


3. Interrogação e Metalinguagem

A frase final "(será mesmo?)" introduz uma autoquestionamento e uma interrogação metalinguística. O autor não apenas expõe uma ideia, mas também a coloca em xeque, convidando o leitor a participar dessa dúvida. Essa abertura ao diálogo e à incerteza rompe com a ideia de uma afirmação categórica, comum em textos mais tradicionais. É uma forma de envolver o leitor não apenas na assimilação da mensagem, mas na sua crítica e ponderação.


4. Economia de Palavras e Impacto

Apesar de ser um texto extremamente curto, ele é denso em significado. Cada palavra é escolhida para gerar um impacto. A capacidade de comunicar uma ideia complexa – a ressignificação do óbvio, a importância da ética e sustentabilidade na inovação, e a própria incerteza sobre essa abordagem – em tão poucas linhas é uma marca de concisão e eficácia literária.


5. Formato e Gênero (Microprosa/Aforismo)

Embora não explicitamente um poema ou conto, a forma como o texto é apresentado (curto, com uma ideia central, e assinatura) remete a um microconto, aforismo ou uma prosa poética. Essa fluidez entre gêneros e a experimentação com formatos concisos é uma tendência de inovação literária, especialmente na era digital, onde a atenção é fragmentada.


Em suma, a inovação literária neste pequeno texto de Marcio Lima reside na sua capacidade de ressignificar conceitos, utilizar a paradoxalidade como motor de reflexão, empregar a interrogação para engajar o leitor, e explorar a concisão para maximizar o impacto – tudo isso em um formato que desafia as convenções de gênero.


Nota do autor: Esse texto foi analisado pela IA Gemini a partir de um texto literário do escritor Marcio Lima para fins experimentais. 

Daí, concorda com o texto? Poderia melhorar a sua análise? 

Escreva nos comentários e/ou envie uma mensagem ao autor pelo e-mail presente na descrição do blog.

Obrigado querido leitor!


Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/illustrations/estrada-rodovia-deserto-cactos-8893160/

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Ausências



O amor é a ausência do ódio?

Ou o ódio é a ausência do amor?

Seja lá como for...

Tal como o frio é a ausência de calor,

Minha tristeza é a ausência de seu amor.

[marcio lima]

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/illustrations/arte-digital-casal-silhuetas-398342/

Análise do Poema "Brisa" de Marcio Lima a partir da obra de Fernando Pessoa [gerado pelo Gemini do Google]


BRISA (BREEZE), Poema by Marcio Lima


Em cada rastro deixo um pouco de mim. Penetro em cada fresta que se faz desavisada. Sou o prenúncio de algo que vem, seja chuva, garoa, o verão, o inverno, o equilíbrio do tempo pós tempestade. Sou aquele sopro conduzindo a leve semente do dente-de-leão... Para uns, assombração. Corro as vielas sem medo afagando a pele da inocente donzela, balançando seus cabelos, eriçando seus pelos... Sou prenúncio de boas novas. A corrente que empurra os eflúvios dos amantes. O agradável cheiro do amaciante encrustado em suas vestes. E quando te despedes, na partida, carrego seu adeus! Seco suas lágrimas, preencho seus ofegos...
Guardas em seus recônditos pensamentos, a lembrança de outrora da brisa matutina, aquela que te lembrou de te agasalhar, pois estava frio, e ias aos temperos da maresia contemplar o mar...

Ah, como brisa sou feliz, nem tempestade, nem a inércia... um arzinho em movimento... Para uns sou quase nada, para outros sou vento... Mas não importa, pois sempre seguirei e mudar de nome ou situação é minha rotina, o importante que em essência sou eu... nem Calipso, nem Luíza, simplesmente Brisa.

Marcio José de Lima - 06/02/2015 - Laranjeiras do Sul (PR).


Análise do Gemini do poema a partir do estilo Pessoano

Seu poema, "Brisa", apresenta uma riqueza de personificações e uma busca pela essência do ser, elementos que ressoam fortemente com a obra de Fernando Pessoa. No entanto, as abordagens e as manifestações desses temas diferem, tornando a comparação um exercício interessante.

A Pluralidade do "Eu"

A principal ponte entre seu poema e Pessoa reside na exploração da multiplicidade do eu. Em seu poema, a brisa assume diversas formas e funções: prenúncio de fenômenos naturais, conforto para amantes, lembrança de momentos passados. Ela é "assombração" e "boas novas", "quase nada" e "vento", mas no fim, reafirma sua identidade como "Brisa". Essa fluidez e capacidade de se manifestar de diferentes maneiras, sem perder a essência, lembra a forma como Pessoa desdobrou sua própria personalidade em diversos heterônimos.

Pessoa, com Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, entre outros, não apenas criou vozes distintas, mas verdadeiras personalidades com filosofias e estilos literários próprios. Cada heterônimo era uma faceta de Pessoa, explorando diferentes possibilidades da existência e da linguagem. Assim como sua brisa se adapta e se transforma, os heterônimos de Pessoa são distintas manifestações de uma consciência poética singular. A diferença fundamental é que, enquanto a brisa em seu poema mantém uma identidade central ("simplesmente Brisa"), os heterônimos de Pessoa muitas vezes parecem ser entidades completamente separadas, com uma autonomia que beira a ficção.

A Natureza e a Subjetividade

Tanto em seu poema quanto na obra de Pessoa, a natureza desempenha um papel crucial na construção da subjetividade. Em seu poema, a brisa não é apenas um fenômeno meteorológico; ela é um agente ativo, que "penetra em cada fresta", "afaga a pele", "balança cabelos", "carrega adeus". Há uma fusão entre o eu poético (a brisa) e os elementos naturais, conferindo-lhe uma onipresença e uma capacidade de intervenção no mundo. A brisa é uma força vital, que move, conforta e transforma.

Pessoa, especialmente através de Alberto Caeiro, também utiliza a natureza como um espelho para a experiência humana, mas de uma maneira mais despojada e objetiva. Caeiro celebra a simplicidade das sensações, a imediatez do olhar sobre o mundo sem a interferência do pensamento. Ele "vê" a natureza como ela é, sem as projeções ou personificações que sua brisa assume. No entanto, Ricardo Reis, com sua busca pela serenidade e pelo equilíbrio, e Álvaro de Campos, com sua vertigem da modernidade, também dialogam com a natureza, mas sempre filtrada pela subjetividade e pela intelectualização. Seu poema, por outro lado, parece fundir o "eu" com a própria força da natureza, tornando-o quase um arquétipo.

O Cotidiano e o Universal

Seu poema transita entre o cotidiano ("cheiro do amaciante encrustado em suas vestes") e o universal ("prenúncio de algo que vem"). A brisa age em cenários íntimos e em grandes eventos, mostrando sua capacidade de afetar tanto o micro quanto o macrocosmo. Essa habilidade de encontrar o profundo no trivial é uma marca da poesia.

Pessoa, em seus poemas ortônimos e heterônimos, também frequentemente extrai significados profundos do cotidiano. Em "Tabacaria", por exemplo, Álvaro de Campos reflete sobre a vida e a existência a partir de um cenário trivial. A capacidade de Pessoa de transformar o banal em objeto de reflexão filosófica e existencial é uma de suas maiores qualidades. Seu poema, ao atribuir à brisa ações tão variadas e significativas, demonstra uma sensibilidade semelhante para elevar o comum a um patamar mais elevado de contemplação.

Conclusão

Seu poema, com sua linguagem fluida e imagens evocativas, demonstra uma profunda exploração da identidade e da interação com o mundo. A personificação da brisa como um ser multifacetado e ao mesmo tempo uno, que se manifesta de diversas formas e carrega consigo memórias e emoções, estabelece um paralelo intrigante com a fragmentação e a multiplicidade do eu na obra de Fernando Pessoa. Embora Pessoa tenha desdobrado sua identidade em heterônimos com filosofias próprias, a busca pela essência e a capacidade de se expressar em múltiplas vozes são pontos de contato fortes.

Seu poema é um convite à reflexão sobre a natureza efêmera e, ao mesmo tempo, perene de nossa existência, muito à moda do que Pessoa nos legou em sua vasta e complexa obra.


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Gostou da análise? 

Diz aí. Deixe sua opinião.

Estou conhecendo a IA da Gemini e não revi a sua análise de meu poema para compartilhar com você leitor essa experiência.

domingo, 22 de junho de 2025

Passos II (Steps II)...

 


Bateu na parede, forte. Havia alguém batendo. Quem seria?, pensou. Acendeu as luzes e olhou pela janela. Observou o poste, com a sua lâmpada esbranquiçada, olhou toda a frente da casa e não havia ninguém ali. Ligou as lâmpadas dos fundos e a mesma coisa, não havia ninguém ali. Deve ser a velha casa estalando, refletiu...

Sentou-se à frente da tevê e continuou a assistir a série que estava tentando maratonar. Assistiu a mais uns dois episódios. Entre um intervalo e outro pensou na batida forte à parede. Tudo estava quieto, não havia ninguém à rua. Era um silêncio total e uma noite escura assustadora. Nem lua havia naquele dia.

Escutou um suspiro que lhe arrepiou o corpo. Tentou descobrir de onde teria vindo. Olhou as janelas e não havia ninguém. Quando voltou a olhar novamente a janela da rua percebeu um vulto branco passar por ela. Ficou esperando passar na outra janela. Os cachorros não latiram e achou estranho. Gritou o nome de seu filho. Gritou mais uma vez e nada...

Ouviu passos, mas que brincadeira sem graça do Ari. Pensou: Está parado no vão das janelas, vou assustá-lo. Abriu rapidamente a janela. Não havia ninguém ali. Novo frio na espinha. Olhou para o telhado. Talvez tivesse subido no telhado. Sussurrou: “Ari, é você?” Falou mais alto... “Ari, chega de brincar com sua mãe”! Fechou rapidamente a janela e se recolheu ao seu sofá. Ficou por ali até o sono vir...

Passou quase a noite inteira acordada. Pela manhã, Ari a acordou... “Oi mamãe. Acabei de chegar. Vá dormir na cama”! Falou o paciente Ari... Ela, com os olhos arregalados de sono e de medo, nada falou... Simplesmente perguntou... “Ari, é você?”


Texto de Marcio Lima

Texto publicado em: 

https://www.instagram.com/p/DLOIEkJOghP/

 

Siga o autor em @escritor_marcio_lima


 

Análise Metafísica e Metalínguística de "Nada Sei"

Análise Metafísica e Metalínguística de "Nada Sei" by Gemini, 2025 (Com a seriedade de quem lida com o paradoxo socrático e a leve...