Onde está a Musa que enfeita minhas lembranças?

 

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Onde está a linda Musa que enfeita minhas lembranças? Onde estão os versos que povoam os meus sonetos? Onde está a indignação que recheia algumas de minhas crônicas? A que fim levaram minhas rimas, minhas limas, meus desesperos e desencantos; que, emprestados, colorem minhas criações? Oh Musa que inspira os poetas! Que os conduz ao onírico mundo de muitos poemas... Em que ilhas fostes habitar para que eu possa te visitar? E, oferecer-te um copo de vinho suave, e, com voz caliente possas contar-me de seus amores, de suas aventuras e das lembranças que vivestes... Oh Musa, onde deixastes aprisionados meus versos? Com que esfíngica chave trancastes meus tesouros? Pois tão paupérrimo não consigo saldar o preço nem ao menos de um hai kai... Quando retornarás? Quem sabe à proa de um barco à deriva estejas tu, oh Musa... ansiosa a esperar pelo socorro de seu amado ... E quando ele vier te salvar, quiçá mais uma história com ele possas compartilhar, e ele por generosidade possa conosco também compartilhar. Quem sabe em seu enredo haja uma nova Odisseia, ou ao menos, um novo modo de amar... nem que seja ao embalo de uma sonante voz a encantar por no mínimo mil noites...

(Marcio J. (Méndez) de Lima)

 

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