Nunca tive tanta insegurança…
Estou com medo do vazio que ronda minha vila.
Do silêncio e do silenciamento dos que gritam pelos mais fracos…
Fico preocupado quando ouço sussurros compreendidos como linguagem cotidiana, como linguagem de poder, como esperança de reorganização num caos sem fim…
Tenho medo do autoflagelo que tem desandado a tantos ermos.
Nunca tive tanto medo antes…
Vejo o rio andando em sentido contrário, esvaziando a vida que ali insiste em continuar seu intento…
Gostaria de te ser direto e desvelar o que vejo. Mas, a racionalidade não me deixa… Preocupa-me o desequilíbrio de tudo aqui. Uma fome sem fim, um desejo estranho de morte de muitos, de ver o outro e a si mesmo sofrendo.
Quanto egoísmo, quanta ganância!!!
Estou vendo aos poucos a palavra se esvaziar, a razão ceder lugar à raiva e à loucura insana…
Olho ao céu e as estrelas e planetas fazendo cada um a sua parte, imperando harmonicamente… Fico a imaginar, seremos algum dia estrelas ou planetas? Ou seremos só um pozinho a vagar pelo espaço… Sei que esta hipótese deveria me dar um medo maior ainda… Mas não sei por que, deu-me uma certa paz… Pois sei que no fim a paz impera… Às vezes demora, mas sim ela impera…
Márcio J. de Lima
Guarapuava, 05/08/2018.
Do blog devaneios literários do Lima
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