Quando caio, aprendo a levantar. Quando me sento, aprendo a
descansar. Quando olho ao lado, aprendo com quem me acompanha. Quando choro, aprendo
quanto vale uma lágrima. Quando sujo a folha, tomo ciência de minha ignorância.
Quando conheço o gosto do pó, sei quanto vale a caminhada. Quando vou embora,
posso mensurar o valor da saudade. Quando aprendo, tomo ciência de quão vastos
é o universo. Quando falo com Deus, vejo o quanto nada vale o ouro, a prata o
poder. Quando olho a natureza, percebo quão grande é minha família e os amigos
que me acompanham. Quando vejo quem pratica a partilha, mais entendo o que é
felicidade. Quando abandono por um instante meus vícios, mais percebo o quanto
preciso da sobriedade e de mim mesmo. Quando olho meu irmão com os olhos do
coração, consigo ver suas fraquezas e entender um pouco melhor seus passos.
Quando ouço uma linda canção, entendo o valor da matemática somada à
sensibilidade. Quando choro com a mãe atingida pela perda de seu filho amado
pela violência, menos entendo a existência das armas. Quando vejo a marcha dos
desesperados sem rumo, menos entendo a palavra irmandade. Quando vejo a euforia
da ganância sem fim, mais interiorizo o que a bíblia quis dizer. Quando sinto falta
do canto dos pássaros, percebo que a ciência poderia mais fazer. Quando percebo
o silenciamento das vozes, mais vejo a necessidade do grito dos que podem ainda
gritar. Quando vejo livros queimados, mais percebo a falta da história. Quando
ouço pais sendo insultados, mais vejo que estamos indo para o abismo. Quando a
solidão das povoadíssimas metrópoles invade cada coração, mais vejo o valor de
um bom dia, um abraço ou muito obrigado, até!... Quando vejo que o sol começa a
se apagar, vejo que é hora de andar, porque há milhares de estrelas por aí, e
cada uma delas é um caminho, e caminhar é preciso...
Marcio de Lima
Guarapuava, 25 de agosto de 2018.
Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/olho-manipula%C3%A7%C3%A3o-l%C3%A1grimas-arte-2274884/
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