sábado, 25 de agosto de 2018

Quando choro... (When I cry...)


Quando caio, aprendo a levantar. Quando me sento, aprendo a descansar. Quando olho ao lado, aprendo com quem me acompanha. Quando choro, aprendo quanto vale uma lágrima. Quando sujo a folha, tomo ciência de minha ignorância. Quando conheço o gosto do pó, sei quanto vale a caminhada. Quando vou embora, posso mensurar o valor da saudade. Quando aprendo, tomo ciência de quão vastos é o universo. Quando falo com Deus, vejo o quanto nada vale o ouro, a prata o poder. Quando olho a natureza, percebo quão grande é minha família e os amigos que me acompanham. Quando vejo quem pratica a partilha, mais entendo o que é felicidade. Quando abandono por um instante meus vícios, mais percebo o quanto preciso da sobriedade e de mim mesmo. Quando olho meu irmão com os olhos do coração, consigo ver suas fraquezas e entender um pouco melhor seus passos. Quando ouço uma linda canção, entendo o valor da matemática somada à sensibilidade. Quando choro com a mãe atingida pela perda de seu filho amado pela violência, menos entendo a existência das armas. Quando vejo a marcha dos desesperados sem rumo, menos entendo a palavra irmandade. Quando vejo a euforia da ganância sem fim, mais interiorizo o que a bíblia quis dizer. Quando sinto falta do canto dos pássaros, percebo que a ciência poderia mais fazer. Quando percebo o silenciamento das vozes, mais vejo a necessidade do grito dos que podem ainda gritar. Quando vejo livros queimados, mais percebo a falta da história. Quando ouço pais sendo insultados, mais vejo que estamos indo para o abismo. Quando a solidão das povoadíssimas metrópoles invade cada coração, mais vejo o valor de um bom dia, um abraço ou muito obrigado, até!... Quando vejo que o sol começa a se apagar, vejo que é hora de andar, porque há milhares de estrelas por aí, e cada uma delas é um caminho, e caminhar é preciso...
Marcio de Lima
Guarapuava, 25 de agosto de 2018.
Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/olho-manipula%C3%A7%C3%A3o-l%C3%A1grimas-arte-2274884/

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