Todo dia mamãe pergunta no que trabalho. Digo a ela que escrevo. Ela pergunta de novo, com a testa franzida e um tom mais jeito de mãe de ser: "Mas rapaz, que realmente você faz?".
Sei que sou naturalmente tautológico, todavia tenho medo de o ser com minha mãe. Assim respondo: "Mãe, sabe aquelas histórias que a senhora contava? Pois é... Eu as reconto".
Com a mesma testa franzida, ela com toda paciência de mãe, faz sua réplica... "Mas, meu filho, eu só fazia isso quando descansava e não tinha mais o que fazer"...
"Mãe... Vou indo, tenho muito trabalho".
Pergunta ela com toda sua retórica de sempre... "Vai voltar a escrever? Vê se não cansa muito"!
Nunca irei saber se era escárnio ou realmente ela estava preocupada comigo, pois sua testa franzida jamais revelam realmente seus sentimentos.
(Marcio Lima)
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