sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Pular onda

 Ondas, Agua, Mar, Oceano, Surfar, Spray

Pulou a onda.

Era a primeira e dependia dele mesmo, a flexionar até mesmo o mais forte metal como o tungstênio - o perdão. 

Pulou a onda.

Era a segunda, trazia escrustada centelhas de felicidade, e ainda dependia dele - a caridade desinteressada.

Pulou a onda.

Era a terceira que exigia mais ainda - era a fé para momentos de desesperança.

Pulou a onda. 

Era a quarta que lhe acompanhava recôndita ao seu lado - a esperança. 

Pulou a onda.

Era a quinta que lhe incomodava, mas se mostrava fundamental ao seu proceder, aos seus julgamentos - a sabedoria. 

Pulou a onda.

Era a sexta. Como fazia diferença nos dias de hoje, estava em suas mãos - a empatia. 

Pulou a onda. 

Era a sétima e moveria montanhas, não estava longe de si e mudaria o mundo - o Amor.

(Marcio Lima)

 

Imagem obtida em:  https://pixabay.com/pt/photos/ondas-agua-mar-oceano-surfar-3194367/

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

*Átimo existencial*

Que a loucura seja mote balisador de belezas pros momentos em que a criatividade aflorar... 

Que seja a assinatura de algo que se expande; mexe as estruturas, causa suas consequências e resultados; e volta ao seu tamanho e curso normais... 

Tudo isso num átimo existencial. 

(Marcio Lima)

Imagem: crédito Marcio Lima 

domingo, 24 de dezembro de 2023

Feliz Natal e um próspero 2024!


Que o Natal faça o Amor renascer em nossos corações. Que jamais percamos a esperança em um mundo melhor, mais pacífico, mais irmão, menos egoísta...

Que Essa luz, que brilhou outrora e rebrilha a cada ano, reforce nossas forças para que sejamos melhores, que sejamos mais sensíveis à dor de nossos semelhantes e que cada um com seu dom em sua individualidade faça a diferença para a fraternidade mais plena entre nós...

Felizes Natal e 2024!

Paz e bem!

Blog devaneios literários do lima

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Só mais um conto de Natal

 


Maria, cuide de sua irmã!

- O que é isso, mãe? A senhora sabe que eu sempre cuido dela. 

- É, sei, mas onde ela está? 

- Ops… Estava aqui agora mesmo. 

Jacira deu uma olhadela ligeira por alto por toda loja. A mãe falou, 

- trate de achar a tua irmã que eu vou provar este vestido.

A mocinha sentiu seu rosto a esquentar. A cabeça sentiu uma pressão, as mãos começaram a suar e sentiu seu peito apertado. A reação natural, pensou ela, seria sair correndo atrás da pirralha de sua irmã. Mas, não, as pernas se adormeceram. 

Aos poucos viu a mãe se distanciando sem olhar para trás. E, seus sentidos foram lhes voltando aos poucos. Mexeu o primeiro passo, logo após o segundo. E o corpo foi no embalo. Começou a andar por entre as araras. Já imaginava sua irmã sendo raptada, ou coisa parecida. Pensou que ficaria com o quarto só para ela - pensou, isso é maldade… Continuou andando ligeiramente pelos corredores da loja. Chegou ao fim e nada da irmã. Pensou em rezar, lembrou de São Longuinho, mas não sabia bem como era a simpatia para achar coisas ou pessoas perdidas - "pessoas perdidas? pensou… Veio-lhe à cabeça Nossa Senhora Desatadora de Nós. Sim, ela deve me ajudar. Pensou em se ajoelhar ali mesmo no meio da loja e suplicar à Santa. Todavia, viu um vendedor bonitão, o qual lhe distraiu a intenção, a procura, o respirar, a oração… Passou ligeiro por ele, que lhe sorriu discretamente. Apressou novamente o passo. Resolveu pedir ali mesmo na correria em oração ajuda à Desatadora. E, foi o que fez 

- Virgem, Mãe Desatadora de Nós, ajude-me, por favor! 

Nem bem terminou a oração, viu novamente sua mãe com um novo vestido se dirigindo ao vestiário, toda feliz com o celular em mãos conversando com alguém. “Legal, mamãe ainda nem se deu conta da falta da pirralha”, pensou. Como achou que a prece não havia dado certo, pensou eu pedir ajuda ao Papai Noel. “Eu acho que o bom velhinho vai me ajudar”. Nem sabia como rezar a ele. Mas, falou em voz baixa: 

- Papai Noel, me ajude! Opss…Papai Noel pode ajudar nessas situações? 

Não se lembrava se ele era santo ou algo parecido. Parou no meio da loja e ficou pensando. “Calma aí, mas se ao redor dele muitas pessoas ficam a rezar, ele ali nas intenções das pessoas junto com o menino Cristo em seu presépio e seus pais José e Maria, acredito que ele também já deva ter algum poder lá com Deus”… Acreditou e pediu de novo… 

- Papai Noel… 

Viu uma mão com uma luva branca tocar os seus ombros. Ficou estagnada. Sentiu um sopro quente em seu rosto e olhou apressadamente à  outra mão branca… Lá estava ela, a pirralha, que lhe dizia. 

- Mana, olhe quem eu trouxe para dizer pra você que Papai Noel existe… Veja, a barba dele é de verdade. 

Sem cerimônia nenhuma puxou a barba do bom velhinho, o qual com suas bochechas rosadas, com um largo sorriso no rosto, com seus olhos azuis por de atrás de lentes redondas de aro de metal e sua voz grave,  dizia assim:… “Ho, ho, ho… Feliz Natal”!


(Marcio Lima)


Imagem obtida em:

https://pixabay.com/pt/vectors/papai-noel-vermelho-natal-x-mas-296717/


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O Conto "Só mais um conto de Natal" está participando da coletânea "Antologia de Natal Mensagens de Natal 2023" da Apena Editora.
Veja no link abaixo esse conto e de mais alguns autores. 
Boa leitura e desde já um Feliz Natal e um 2024 abençoado!

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sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Tempo de colheita!


"Tempo de colheita!"

Joãozinho passou a mão nas bolinhas de gude... Ninguém tinha  mais bolinhas que Joãozinho, no entanto, ele nunca jogou uma partida se quer. Bastava a gurizada começar o jogo e lá vinha o bendito do Joãozinho e gritava "tempo de colheira!" e, lá se iam as bolinhas caseadas na rua para uma partida que se repetiria quase o dia todo até quase escurecer...

Tonico tinha partido a unha de tanto jogar. Havia um calo em seu  dedo polegar direito, bem na voltinha que segurava a bolinha  em compressão com a ponta de seu indicador... Mas, mesmo nos dias de dor, o menino continuava a empreitada até a dor passar...

Tonico, em uma tarde fechou sua coleção de bolinhas, que contava com as gateadas, americanas, leitosas, pinhequinhos - que eram as menores bolinhas - e  o seu contrário, os boletões. Também contava com as jogas, que eram as búlicas que possuíam o peso adequado à sua pontaria e lhes traziam sorte, eram poucas e uma parte ficava na estante de casa e a outra ficava na lata das bolinhas, que acabara de encher. Era mais ou menos 3 litros e meio de capacidade da lata, cheinha de bolinhas de gude. Era seu tesouro...

Já havia pensado e calculado onde enterraria esse tesouro, precisava guardar para posteridade o fruto de seus serviços de incontáveis dias de partidas de búlica.  Seriam 5 passos entre duas árvores plantadas no quintal, ponto exato entre as duas. Não haveria segredo... Guardaria de cabeça, sem ajuda de um mapa para isso. 

O tempo se passou. Uns três anos depois decidiu desenterrar seu tesouro. Entraria naquele ano na faculdade. Queria relembrar de parte de sua adolescência e infância. Era quase um ritual solene. Chamou seus irmãos para tanto. Cinco passos foram contados. A pá cortou a terra pedregosa. Oito tentativas se sucederam... E, nada do tesouro de Tonico. 

Já não era criança, mas teve vontade de chorar. Lembrou de Joãozinho e levantou a hipótese de ele ter descoberto o ponto... Mas, teria ele visto onde e quando enterrou as bolinhas? 

A idade madura chegou e até hoje desfilam em suas indagações o que aconteceu com suas bolinhas de gude... 

Sorriu... Olhou seu polegar, a curva de sua pele onde pegavam as bolinhas até hoje possui uma certa deformação que o faz lembrar das quase que  inacabadas partidas de bolinha de gude... Vez ou outra ainda houve a voz de Joãozinho, quando alguém o tentar passar para trás "Tempo de colheita!".

(Marcio Lima)

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/photos/malabarismo-m%C3%A1rmores-lan%C3%A7ar-m%C3%A3o-213181/

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