quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

NÓS

Quando faltam nós para amarrar meus devaneios, busco-os nas estradas, nas estrelas, nas folhas de um surrado livro, nos rastros deixados por velozes dinossauros e nos abraços da moça que fica contando histórias na inóspita praça em frente à matriz...
Marcio Lima

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Ácido

Coloquei naqueles versos, fígado, coração, cérebro e minhas veias... 
Neles pingou alguma bile, fechou a chave de ouro. 
Aliviado, formatado, pulsava um saudável soneto... 
Guarapuava, 15/01/2019
Marcio Lima

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Chave...

Queria uma chave,
Algo que abrisse um caminho mais feliz.
Sei que nem tudo são conquistas, nem deve ser assim. 
Como diz o livro sagrado, "em tudo dai graças..." 
Quedas ajudam a caminhar, a voar, a crescer, a fortificar a consciência da nossa pequenez... Mas, mesmo no chão, demos nossa gratidão ao Imenso por nos dar Sabedoria para entendermos o valor desse momento...
O canto do pássaro, o voar da borboleta, o sorriso da criança, os cabelos brancos dos nossos anciãos, matéria-prima para poesia que provoca a folha branca, material ao apreciar de nossa alma, provocações para um dia feliz, a fuga de fugazes repetições... 
Quero um dicionário que traduza o que não entendo, que me atualize as mudanças que o tempo traz, que me explique o valor de um sorriso, de um abraço, que retire o mel de um poema, a graça de uma canção, o sabor de uma vitória, e o néctar de uma derrota...
Quero asas, 
não quero só uma casa, quero um lar, não só uma paixão, quero alguém para amar, 
não quero só projetos, quero sonhar, não quero só o saber, quero o ensabecer...
Não quero, então, só uma chave, para abrir os céus, quero ser ave...
E toda alegria que contém em uma canção, para caber na minha humilde visão, torne-se uma só clave...
Márcio Lima
Do blog devaneios literários do lima

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Perdão... O galo cantou


Os foguetes se estouram, os cães se escondem. A família, logo após diversos conflitos, engolem os choros, continuam rindo, contam piadas, corrigem as crianças que fazem aquele fervo na casa dos avôs, a filha mais nova que chora a ausência do namorado; quase todos neste momento se reúnem na copa. 
Um olha para o outro, é hora dos abraços, poucos minutos antecedem o ano novo que se anuncia. 
Já não dá tempo mais para nada nesse ano que se finda. Pensou a mais velha, que observava a mais nova vestida singularmente de preto, resta um pequeno tempo em que posso insistir em abraçá-la e esquecermos o passado; pois fazia anos que estavam de mal... Era oportunidade única, a mãe em uma estratégia conseguiu unir as duas dentro de sua casa. 
As duas se olhavam, a mais velha dá um passo à frente, a mais nova fica inerte, mas não corre... As bocas das duas tremem, os olhos se enchem de lágrimas, a mãe observa tudo com um pequeno flash de tudo que vivera até ali no que dizia em relação as duas - dormiam juntas quando pequenas, não se separavam, eram confidentes, repartiam tudo, foram felizes juntas, lutaram juntas nas dificuldades da família... 
Lá vai o segundo passo da mais velha, faltam dois minutos para o fim do ano... Os braços das duas se preparavam para o abraço, as bocas para o perdão, a felicidade da mãe se avultava. Um ano terminaria com mais uma vitória em nome da paz e do amor familiar... O irmão mais velho grita " é ano novo gente! Que cara de desânimo! Vamos nos alegrar!" 
As duas olham para ele com um riso discreto. O pai entra dançando de fora com cara de pirraça, após ter soltado meia dúzia de foguetes, o herói da criançada... Todos o olham. "O vô é engraçado", falou a neta mais velha olhando para sua mãe. Todos riem. Os passos das duas se encerram aí. Cada uma fica inerte em seu canto. O pedido de perdão de ambas não veio. O relógio virou meia noite. O céu se encheu de luz, abraços generosos, mesa farta, esqueceram por alguns minutos todas as dificuldades e tristezas. A mãe sentiu a dor da falta de perdão de ambas as filhas, mas já comemorou os passos dados até ali. Pensou consigo mesma... O ano só está começando. Só está começando. E o galo cantou três vezes...
Márcio Lima, Guarapuava, PR.
26/12/2018
Do blog devaneios literários do lima

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Este momento 1...

  Dói.  Forma estranha de começar um poema. Forma medíocre para o mundo que só vende fórmulas para livrar-nos da dor. Assumir alguma dor é m...