quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Beleza

Se virar ao avesso,
A beleza vem
Sem preço...

Se virar ao avesso,
A beleza vem
Sem pressa...

Marcio José de Lima

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Hoje... só hoje... (Today... just today...)

 Via Láctea, Noite, Estrelas, Pessoa

Enebriei-me  de céu, estrela e mar...
Desfilei por tantas metáforas e contradições...
Deitei sob a desnuda abóboda celeste, orvalhada de tantas antíteses...
Recriei fantásticas histórias orgulhando-me dos tropeços de outrora e dos de agora... 
Se caso amanhã meus versos descompassados não lembrar, gostaria que me recordasse de meus devaneios,  para que eu deposite na alva folha minhas impressões ébrias e verdadeiras do desfilar dos meus dias...
Desconsidere meus devaneios! Não os tenha como verdades! Como ora afirmei, são só devaneios!
Amanhã cedo, quando este vetusto corpo estiver estirado frente àquele cedro, o qual se encontra frente à Catedral, pode atirar-me um balde ou dois da fria água daquela fonte - da qual escorre vida, serenidade e inspiração...
Sentirei falta ao decorrer do dia, de meus notívagos passeios, nos quais debati tantos assuntos com a estátua desnuda ao centro da praça.
Não tenha-me como louco..  Pois isso é pouco! Tenha-me somente como ébrio, embebecido por tantos "excelsios" viveres, mas que ainda espera algo pleno que enfeite o quadro de seus dias... que o encha de alegria, no calor daquela estrela que o pega ainda repousando em pleno momento onírico, vendo à sua frente todos sendo iguais; embora cada um, em sua unicidade...
De vísceras e alma satisfeitas, olharei ao redor um verde tão perfeito, o qual espero que seja aceito,  assim como meus defeitos...
Buscarei esquecer a lucidez de minhas auroras...
Cambaleando irei... tão feliz, tão eu... E digo amanhã voltarei, mas hoje, só hoje, vou-me embora.

Marcio José de Lima
24 de setembro de 2015. Paraná. 

http://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/2015/09/hoje-so-hoje.html?m=1

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/photos/via-l%C3%A1ctea-noite-estrelas-pessoa-4006343/


quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Solito na vida


Tenho apenas o céu como meu,
as ruas como minha mansão.
Sem a certeza de que um novo amanhã verei.
O frio  é  meu cobertor noturno, a chuva meu relaxante natural.
Sou pisoteado, a cada dia tachado de vagabundo; abandonado, na sepultura viva, vida de uns poucos, onde vivo uma "vida nua";  desprotegido de tudo e de todos ; sem se quer ter direito, de defender-me.
Apenas posso morrer, pois sou na vida esquecido, pelo tempo e pelo senhor.  Assim diz,  cada um que por aqui passou...
Abel de Andrade, Curitiba, PR

sábado, 19 de setembro de 2015

Cadê a alegria?

Um ótimo e abençoado final de semana a todos e todas...

Cadê a alegria?

A alegria bate a nossa porta...
Enquanto pulamos a janela...
Ela lá nos encontra...
E nós?  Escarnecemos  de sua face
Sem cerimônia.
Deixamos ela partir...
Saudosos perguntamos.
Quando de novo virá.
De olhos vendados pela
Velocidade dos dias...
Nem percebemos
Que ela a nós se avizinhou...
Pela sua ausência, atônitos,
Saímos diariamente, em estado
Ébrio,   buscá-la
Ao horizonte...

Marcio José de Lima

Do blog devaneios literários do Lima

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Boa noite!

Boa noite!

Um copo de remédio...
Um gole d'água
Uma bitoquinha
Um Boa noite
E cem motivos
Pra ser feliz...

Dois corpos ardentes
Em plena ebulição
Um para um lado
Outro para o outro...
O cansaço da vida moderna
venceu o corpo...
Jamais a alma.

Márcio José de Lima
Do blog devaneios literários do Lima


terça-feira, 15 de setembro de 2015

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Pele alva...


Eu vi na rua, na escuridão de minha casa, sob a luz azul, quase na penumbra, um transeunte... não era gordo nem alto... barba por fazer... seu rosto não vi claramente. E antes que caísse, olhou ao céu... foi tombando calmamente... primeiro ajoelhou-se... Depois desabou. Aquela imagem fez com que todas as minhas forças se esgotassen. Pensei em ajudar... Sentei e me perdi em pensamentos. Depois tomei um trago, depois outro. A garrafa se esvaziou. Lembrei de terminar o capítulo de Ecce Homo... Fui engolido pelo livro, absorvido ao lado da marrom mancha de café da página 35. Pensei de que,  assim que saísse de lá,  gritaria ao mundo inteiro os absurdos que são criados por nosso excesso de ingenuidade... Na página que falava sobre o super homem, criei asas e do livro, todo coberto de vermelho,  saí... Estava numa rua, havia lua cheia no céu, por isso não notei a pálida lâmpada da iluminação pública... que beleza sem igual aquela pele alva no céu... aos poucos consumido pela paixão,   tombei... É,  até a lua minguante, ninguém havia tido a ousadia de  me tirar  dali...

Marcio de Lima
Do blog devaneios literários do Lima
 
Para citação:
LIMA, M. de. Pele Alva. In: Blog Devaneios Literários do Lima. 2015. Disponível em: https://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com/2015/09/pele-alva.html 

Imagem:
Disponível em: https://pixabay.com/pt/illustrations/a-noite-lua-cheia-%c3%a1rvores-silhueta-4684899/ Acesso em 11 out. 2021.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Presa e predador


Lá vinha ela. Descia as escadarias do Colégio como a flutuar em nuvens. Os cabelos ruivos eram acariciados pelo vento, o olhar compenetrado na tela do celular. Jamais perceberia sua presença.
Ele, o predador, a esperava pacientemente por ela todas as tardes e esta por sua vontade seria a última. Com um pouco mais de esforço podia ouvir a vida pulsar no peito da moça, sentir o perfume adocicado que lhe saia da nuca, o morno sangue que lhe corria das veias. Era insuportavelmente irresistível. Era a vítima perfeita.
Seguiu-a pelas estradinhas do vilarejo. Esperaria pelo momento oportuno de tomá-la e dilacerar sua carne. O caminho que ela seguia com passos apressados era cercado pela vegetação densa e deixavam cada vez mais para trás qualquer vestígio de civilização. O animal dentro dele crescia a medida em que as árvores se amontoavam mais e mais às margens do caminho.
Repentinamente a doce garota para. E num movimento inesperado olha fixamente para o lado esquerdo da estrada e como que hipnotizada seguiu em direção ao veio estreito de terra vermelha que brotava em meio a árvores seculares cobertas de musgos.
Ele sentiu o peito doer, o coração a bater retumbante parecendo querer delatá-lo. Onde vais minha menininha? Que importa. Lugares ermos podem oferecer os melhores banquetes. Continuou
a segui-la. Ela caminhava rapidamente, parecia estar feliz e entre um passo o outro saltitava como uma lebre as pedras e raízes que apareciam pelo caminho. Ele mantinha sua frieza e a espreita a acompanhava tomando o cuidado para que não fosse descoberto. Trazia em seu rosto um sorriso estampado, era maravilhosa a tela que se pintava em sua mente, a linda em suas mãos em breve, ele,
a linda e a mata que se escurecia a cada minuto. Felicidade plena. A lua no céu começa a surgir, grande e brilhante. Onde?... Sumiu... Como?
No pequeno segundo após olhar para o céu a visão da garota some. Não consegue mais vê-la. Ele, fera esfomeada, seguiu a trilha de terra úmida agora sem preocupar-se em camuflar-se, rangia os dentes de desespero e balbuciava palavras desconexas. Caminhava perdido na mata e cada vez mais deixava seu instinto de animal faminto tomar conta de todo seu corpo de homem. Onde? Onde?
Perdeu a noção do tempo. O céu estrelado girava em meio as sombras das árvores, num ímpeto louco, seus dedos fortes arranhavam seus próprios braços, suas unhas afundavam no rosto deixando linhas de sangue a escorrer na face. Perdera a menina, perdera a noção de tempo. Um grito inumano saiu de sua garganta ecoando na escuridão. Tombou ao chão e enlouquecido rolou na terra vermelha. Metamorfose. Era um monstro enfim. Onde...Onde...on...de. Tonto e agonizante de raiva desmaiou em sono profundo. Sono de decepção.
_ Olhe mãe, está acordando o pobrezinho!
A claridade machucava seus olhos, porém podia distinguir na sua frente a garota ruiva o mirando com um sorriso nos lábios acompanhada por outra mais velha de beleza semelhante, que o olhava da  mesma forma terna e feliz. Ao tentar mover seus braços e pernas, ele ouviu o tilintar de correntes. Abrindo mais seus olhos de espanto viu-se em uma grande gaiola.
_ Pobre bichinho!
Compadecia-se a moça ruiva.
Ao seu lado, o ser agora confuso, descobre acorrentado pelos membros, a presença de um homem imundo de cabelos brancos lambendo os dedos magros e feridos fitando-o com os olhos dóceis de um cão de estimação.
O predador feroz percebe-se na condição de cativo, olha para as duas e sorri aliviado com seu novo destino.

Jaqueline de Andrade Borges

O blog agradece a colaboração da escritora.

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/floresta-ponte-nevoeiro-manh%C3%A3-sun-54555/

sábado, 5 de setembro de 2015

O tempo e a arte

A arte em tempos de bit's se transformou?
Será que a profundidade que ela merece foi deixada de lado pela velocidade que o mundo carece?   Como fazer para que ela seja rápida e sublime ao mesmo tempo? Tenho feito quase que diariamente o exercício da composição pretensamente artística...  Quem sabe a telinha de meu computador tenha consumido um pouco de minha essência... realmente não sei... Mas confesso que sinto saudade das vezes em que na solidão de um cômodo qualquer tomava da folha branca e colocava nela minhas impressões sobre este mundo e sobre o que habita minha imaginação...
Viver é um aprendizado constante, somos seres a aprender... e sinto que não importa onde estejamos e no que estejamos pondo um pouco de nossos sentimentos...  na folha branca, nas cordas de um violão, na argila de uma escultura,  na memória de nosso computador ou nas areias de uma praia qualquer...  Sentimentos serão sempre sentimentos... Ficarão ali...  e será arte se tocar na essência de um transeunte qualquer...
Tudo passa, tudo passará... mas o que nos melhora, tenho dúvida... Pois uma belíssima  apresentação do coral de minha cidade passou... todavia, somente enquanto atividade temporal e espacial.  Quantas atividades artísticas já tocaram nossa alma? Um quadro, um romance, um conto, uma peça teatral, uma música e uma infinidade de manifestações artísticas...
Todavia,  com certeza muito delas  ainda ecoam em nossas vidas... e elas poderão  influenciar no que formos fazer até mesmo em nosso pensar.  Sobretudo tenho certeza. Meu ser tornou-se mais sensível por elas... sinto-me mais humano... e às vezes me ponho no lugar do outro para melhor entendê-lo. E essa finalidade a arte cumpre direitinho, se é que arte tem finalidade...
Márcio José de Lima.
Devaneios literários do Lima
Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/garoto-e-garota-estudo-estudando-1278115/

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Retrato de formatura

Corria... os raios se sucediam. Sempre tive medo de raios. A chuva começava fininha. No decorrer da rua havia algumas árvores... os raios não paravam e os trovões faziam-se assustadores. Na mão trazia algumas compras. O pensamento estava ali e em casa, nos filhos... não pensava em me abrigar, pensava somente em chegar em casa. Por isso corria mais e mais. Percebi um forte clarão, corri mais ainda... meu coração acelera, minha alma tranquiliza-se... Olhei ao lado e  através vidro da agência bancária vi uma criança de branco a me sorrir. Não retribui, pois não consegui... continuei correndo, parecia que agora mais que antes... cheguei em casa. As crianças aparentemente não estavam.  Minha esposa estava ao fogão. Aprontei um beijo no pescoço. Cheguei meus lábios devagar... beijei. Ela parou com que estava fazendo... olhou para os meus olhos e passou por mim sem nada dizer... olhei para cama havia um homem lá... senti o sangue ferver... minha esposa saiu tranquilamente da casa... adentrei ao quarto e quando pegaria pelo pescoço o safado, percebi lá um homem, muito parecido comigo, mas tinha quase certeza que era meu filho, mas com mais idade... e estranhamente me senti... sim era ele ali  deitado... meu filho só que mais velho...  nada entendi, pois ele tinha 12 anos... minha cabeça rodou,  olhei para parede da sala e estava lá algo inesperado, seu retrato de formatura na Universidade...
Márcio José de Lima - Do blog devaneios literários do Lima

http://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/2015/09/retrato-de-formatura.html?m=1



Este momento 1...

Dói.  Forma estranha de começar um poema. Forma medíocre para o mundo que só vende fórmulas para livrar-nos da dor. Assumir alguma dor é mei...