sábado, 24 de dezembro de 2011

UM FELIZ NATAL E UM 2012 ABENÇOADO

A todos um Feliz Natal e um 2012 abençoado. Esperamos continuar repartindo o pouco que temos no ano que está para iniciar.
Felicidades a todos.

(marcio j. de lima)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Devaneios Literários do Lima: EM LEVES ASAS

Devaneios Literários do Lima: EM LEVES ASAS: (Releitura da Obra LIBERDADE por Ângelo Gabriel em Aula de Pintura, Outubro/2011.) Minhas leves asas Tocam o céu Em inst...

Noite de Natal



Quem à porta bate? Quem sabe Papai Noel? Quem sabe um patrão em busca de trabalhadores para colheita de alguma plantação? Ou será a mulher do recadastramento para receber, de graça, o leite? Quem sabe alguma pastoral na difícil missão de saciar pobres famintos? Quem à porta bate? O pessoal dos vicentinos com suas misericordiosas cestas natalinas para alegrar o rosto de nossas minguadas crianças? Quem sabe não seja só o vento... Queira que não seja só tormento... Quem sabe esperança... Ainda que tardia a nutrir nossos rebentos a não repetir uma dura sina... Quem sabe a verdade - cama quente – comida de gente... Que não seja só a Clemência – mas a justa troca pelo suado suor do  serviço... Quiçá uma pueril criaturinha que subiu a ladeira levando a seus pais a alegre notícia  – Deus Menino Nasceu e que este eco que tilinta  não seja somente de esperança, mas sim da esperada realidade que se milagriza: homens repartindo - vidas se somando.

Marcio J. de Lima

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

ESCREVO PARA NADA RESPONDER

Se procurardes respostas 
em meus devaneosos versos
não as encontrará
pois escrevo para nada responder
escrevo, quiçá, 
procurando sorrateiras verdades
que se escondem nas entrelinhas
de uma pitoresca manhã ensolarada.

(Marcio J. de Lima)

ECOS

Quantos ecos produzirão 
meus devaneios?
Em quantos deles 
estarei no meio?

(Marcio J. de Lima)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

sábado, 26 de novembro de 2011

sem que dizer (without what to say)


torci que os versos que se faziam pesados na caneta corressem-me como águas no riacho: límpidas, ligeiras, longevas. a noite inteira a esperar e nem mesmo a imensa, alva e bela lua conseguiu desvelar a penumbra que ofuscava minha inspiração. nem o carinho da mãe ao filho na praça me emocionou a ponto de reproduzir em letras ordenadas; uma ode, um soneto ou um simples verso; tão singelo e puro amor. nem mesmo a dor do abandonado à  sorte me levou ao  ideal mundo para trazer em rimas seu consolo e pão. o que houve? esvaziou-se meu peito? intimidou-se frente à imensa obra já dita desde os primórdios? minha composição tornou-se obra microscópica frente ao reconhecimento da maestria dos ícones de outrora? simplesmente me perdi em um labirinto, em palavras e orações... sim... reconheci-me pequeno... reconheci-me ignorante. por não saber (o que escrever), despeço-me brincando de rabiscar sonetos em patas de grillus, por não ter nada a dizer; frente a este tudo fantástico (e quase) intraduzível denominado Universo.

(marcio J. de lima)

Imagem: quadro do artista mirim Angelo Gabriel. Óleo sobre tela.

Texto publicado no jornal Correio do Cidadão. Confira!
https://www.correiodocidadao.com.br/noticia/sem-que-dizer

sábado, 12 de novembro de 2011

CLAMOR


Não te entregues ao vão desejo de ser o que querem que sejas
Entrega-te alegremente à tua essência
Toma-a como presente divino e exclusivo...
És perfeito nas tuas imperfeições
Que para o Grande Pai, marcas indeléveis...

Entrega-te às alegrias dos dias que se sucedem
E agradeça aos rótulos que a idade te concedes...

Respeita ao próximo...
Pois poderás um dia ser o próximo que clama respeito,
Agindo assim, misteriosamente, o será concedido...

Acredita na humanidade, seja bom
Agindo assim serás mais humano e
começarás a ter orgulho por isso,
E certamente darás orgulho por isso.

Respeita aos animais...
Quem os respeita, respeita a natureza,
Tu és natureza também...

Acredita em Deus... Não te somes ao coro dos que não acreditam.
Seja fiel ao que acreditas...
Não desabes às críticas vãs.
Ao contrário edifica-te com elas...
O primeiro a acreditar em ti, tem que ser tu mesmo...
Pense assim...
E se não acreditares em nada, a quem clamarás nos duros momentos?
Portanto, tenha fé.
E lembra-te, Deus vive em ti.

(Marcio J. de Lima)

Imagem obtida em: http://fachodeluz.blog.br/wp/?m=20131009

domingo, 30 de outubro de 2011

EM LEVES ASAS






(Releitura da Obra LIBERDADE por Ângelo Gabriel em Aula de Pintura, Outubro/2011.)




Minhas leves asas
Tocam o céu
Em instantes se desenha
Um lindo e imenso globo azul...
Na liberdade vejo linda criação
Matas, rios, terras, mares
O infinito se desenha
Miro as paisagens de outrora
Desvendo segredos
E como uma luz que me conduz
Sigo meu caminho de vida.
Ah se todos pudessem
Vê-lo pelos meus olhos...
Entenderiam um pouco mais
Seus iguais,
Caminhariam um pouco mais devagar
Sem a cegueira do cansaço
Viveriam como aves a viajar



(Marcio J. de Lima - 30 de outubro de 2011)

PASSIONAL (Passionate)



Ele a olhava. Admirava sua dureza, frieza, parcialidade, seus programas e missões religiosamente executados. Ela não reclamava, não falava mal de seus amigos, tudo resolvido, tudo produzido, não possuía problemas existenciais. Havia talvez algo de passional em sua admiração. Desejou-a. Sentou ao seu lado, a escutá-la. Doze horas se passaram e ela com o mesmo fôlego. Vivia, pensou. Talvez, sorriria? Quando pararia? Ela a escutá-lo. Reclamou-se por 10 horas – ela trabalhava. Sentiu-se pobre. Sentiu-se fraco. Chorou, dormiu. E, por ser considerado um viciado em trabalho, foi dispensando para o tratamento. Ela... semana que vem, logo após um minucioso estudo de viabilidade, será substituída por uma de última geração. Afinal, até os amores velhos um dia precisam ser renovados.

(Marcio J. de Lima)

Imagem obtida em: http://imediata.org/?p=2360

Texto publicado no jornal Correio do Cidadão. Confira!
https://www.correiodocidadao.com.br/noticia/passional

domingo, 23 de outubro de 2011

"OUTUBRO ROSA"



Mulher,
informe-se,
cuide-se!
Neste caso, informação é vida.
(Conscientizar, um ato de amor).

Quer saber mais? Click no link abaixo:

Outubro Rosa - Saiba Mais!


(Do Blog)

O ATO DE ESCREVER

Eu por muito tempo fui ligado mais na leitura de mundo do que na leitura  de livros, revistas, 
jornais, achava que para mim  era um exercício  muito desgastante. Na verdade, penso que era
preguiça mesmo. Um dia  comecei a escrever. Era um ato egoísta. Gostava de escrever, todavia, não
tinha paciência de ouvir/ler outros. Veja só. A prática da escrita faz nascer no indivíduo o hábito da
leitura (pelo menos foi assim para mim), assim como para muitos o hábito da leitura faz nascer o
hábito da escrita. Aprendi isso, meio que à força. Você começa a escrever, faltam palavras, faltam
argumentos, falta conhecimento de causa etc. Daí vêm o dicionário e a gramática, que ajuda a
conhecer novas palavras, grafias, faz-se a adequação das palavras ouvidas no dia a dia etc. Vem o
ouvido atento, que teima em tentar ouvir as conversas alheias buscando um mote para escrita. Vem
a leitura do jornal. E dá-lhe busca na vida alheia, nos pensamentos alheios para o
autoconhecimento,  autoafirmação, criação de estilo próprio (conheço o outro e vejo-o como o
outro, esse não sou eu, então quem sou?).
Parece um ato insano. Foi assim que me senti quando comecei a perceber que escrever é um ato
muito desgastante, faz você se sentir como se fosse um ser perdido. Pois o indivíduo pega-se
falando pelos cantos, observando a vida de outrem para atear fogo à imaginação. Abaixa-se para ver
um pouco melhor a flor encoberta de pó que teima em habitar a beira da estrada (sua beleza está lá, 
escondida, mas está). Tenta sentir a tristeza de alguém, mesmo que não o interrogue, sabe-a,
imagina-a, sente-a como se pudesse fazer compreender o imenso vazio que habita o seu ser. As
letras, as palavras, as sentenças, os parágrafos, enfim os textos começam a incomodar. Então, o
papel pede para ser refúgio teimando em ser abrigo de um desabafo qualquer - quanta felicidade
estou livre – e a obra toma corpo, encarnece-se, faz-se coerente (pelo menos pretende-se assim)
busca ser bela, despertar a beleza, encantar (às vezes quem escreve se encanta mais com a obra do
que realmente ela poderia encantar) – mas é sua menina querida – cuida-a, venera-a, até sente
saudade dela quando fisicamente se distancia.
Enfim, para mim escrever se tornou um exercício necessário – ajudou a me entender (mesmo sendo
isso deverasmente difícil) mas acho que eu me entendo um pouco mais – gosto de escrever, e, já
não sou tão egoísta (leio outros escritores, escuto outros escritores e reparto um pouco do que
escrevo) e acho que isso está me fazendo bem, pois tenho encontrado o prazer em viagens que antes
eu não imaginava e às vezes trago comigo amigos que antes eu os tinha tão distantes e o exercício
que era solitário às vezes é feito à companhia de muitos – e isso me faz feliz porque o homem
nasceu para ser feliz – e é quase impossível sê-lo sozinho – e as novas leituras de mundo ficam mais
inteligíveis porque as pessoas me ajudam a desofuscar aquilo que antes me parecia tão obscuro.

(Marcio J. de Lima)

sábado, 8 de outubro de 2011

UM ATO DE GRATIDÃO


Celebrar os acessos a um Blog é uma vitória. Principalmente pelo fato de ter pessoas interessadas em cultura (pelo menos, não por vaidade, mas por intencionalidade, pretendo-o assim cultural) e pela consideração de amigos que despendem alguns minutos de sua vida para navegar em um mundo ficcional, seja ele da poesia, da crônica ou do conto. Chamei-o Devaneios literários. O dicionário on line de português define Devaneio como sendo “Estado de espírito de quem se deixa levar por lembranças, sonhos e imagens (…)”,  “Sonhos, quimeras, fantasias, ficções”. Essas definições se coadunam com a essência de minhas criações e de minhas escolhas de publicações, muitas, fruto, em sua maioria, da imaginação: verdades fingidas. Não sei se essas “verdades” agradam. Elas se pretendem artísticas, então despertar o “Belo” - não em sentido restrito de beleza estética: bonito, lindo, perfeito etc - seria sua simples função – enfatizo despertar, não importa “o quê” se paz, incômodo, reflexão, o preenchimento do ócio, e por que não? raiva, ódio, desprezo etc, por essa contradição não tenho certeza se agrada, mas... nem sempre agradamos, todavia me agrada quando você leitor se manifesta fazendo comentários, ou reproduzindo fragmentos de pensamentos em suas anotações, seja nas rede sociais e outras formas de citações. A Arte, doce e útil como definiria o poeta Romano Horácio, ainda não sabendo se posso dizer assim de meu trabalho, talvez você possa me ajudar, se alguma vez te agradou ou te serviu para algo em sua vida – então começa a ter cara de obra Artística, mas só o tempo poderá dizer isso, lógico inclusive com sua sábia contribuição. Sendo assim, espero ter sido nesses poucos meses de criação do Blog um bom  companheiro. Agradeço pela companhia que me destes, caro leitor, nesta viagem obstinada em entender um pouco mais esta vida – que às vezes demonstra-se dura – mas mesmo em sua dureza carrega a sutileza do ensinamento e da busca incessante em nosso aperfeiçoamento enquanto ser vivente, agente e reagente. Agradeço de verdade!

Marcio J. de Lima

domingo, 2 de outubro de 2011

AMIZADE DE CÃO

 


(ouço preocupado latido)

Meu cão
Insiste
Não desiste
D’este cuidar.

Meu cão amigo
Mesmo ignorado
Nos dias de labuta
Em que a hora teima não passar
Com o abanar de sua cauda
Dedica sua fidelidade para não desagradar.
Sua tristeza
Talvez maquiada
Talvez ofuscada
Pelo meu egoísmo que se aflora
Que me diz que o agora
Tornou-me uma fria placa
De outrora moldada na prata.
Meu cão
Nem que lata
Nem que vire a lata
Recebe atenção...
Não a que merece
Pelas vezes que padece
Pelo vão esforço
Que lhe salta aos olhos
Em querer fazer-me sereno
Em querer fazer-me feliz.
Sei que seu ato me diz
Que o amigo
Que vive comigo
Embora cão
Bate-lhe no peito coração
E com ele, uma milenar lição.
Ele, às vezes sabe mais...
Penso saber, que às vezes falta-me paz...
Homem e cão
Juntos
Repetem um cosmos
Harmonia Alegria amizade...
Cão e homem se humanizam...
Homem e cão na diversidade
Ensinam que o que importa
É a aceitação
Que pode começar assim:
Homem e cão.

Marcio J. de Lima
(13/08/2009).

SOLIDÃO

 


                                Releitura da Obra "Paisagens de Outono"
                               Autor da Releitura: Ângelo Gabriel, em uma de suas aula de Pintura.


Nesta imensa sala em que me encontro...
De dimensões dois por dois.
O eco parece latente
Amplifica mais ainda
O que o peito em esquecer insiste ... 
E as gotas da sólida chuva
Enganam a contagem da minha pulsação,
Que me sufocam
Embaçando a teimosa visão...

Ah, quanto do corpo é sentimento?
Quanto do tempo se esvai ao vento...
Sofro por nada...
Sofro por tudo...
Que nem mesmo o certo
Preenche este imenso vazio
Em que virou este meu peito aberto.

Autor do Poema: Marcio J. de Lima

domingo, 25 de setembro de 2011

Amor e loucura

Onde eu olho
Só vejo o que
querem que eu veja.
Se enxergo a verdade
Teem-me como louco
e interno-me em mim mesmo.
Saio de lá para ser incompreendido
Saio de lá em busca de companhia.
Como em um labirinto caminho,
enleado em palavras plantadas
em discursos vazios,
pedras lexicais me aplacam,
cachoeiras semânticas procuram me afogar...
Quase submerso em aparências,
descubro teu nome, vens e me salva..
fiz-te musa, fez-te bela,
fizemos amor, e nasceu um lindo e
e sábio menino, ainda pequenino,
mas grande em essência, pusemo-nos o
nome de Hai-Kai.

Marcio J. de Lima

HORA DO ALMOÇO

Homem televisão (Foto: Kyle Thompson)
Cheguei em casa com uma porção de novidades (pelo menos para mim era, embora soubesse-as medíocres) para contar à minha esposa.
Ela na frente da televisão extasiada, sem nem piscar, sem ao menos me perceber. Dei um beijo nela. Ela com um olho em mim e o outro na tevê. Eu fui para mesa almoçar, todos já haviam almoçado. Ela na sala sentadona, na boa (como dizem os mais jovens). Da mesa perguntei se ela havia notado alguma diferença em mim. Resolvi devolver os motes de tantos xingões que havia tomado por não perceber quando ela cortava uns três centímetros do cabelo, mudava-o de castanho escuro para castanho um pouquinho mais escuro, e outras coisas a mais que servem de motivo para aquelas briguinhas de casal e, que sinceramente, o homem não percebe (a ciência deve explicar, senão o dito popular explica) mas, não é por maldade, é porque realmente não percebemos (pelo menos eu não percebo. Desculpo-me com aqueles que percebem e sobre a generalização). Então, como sempre maltratado por tal desleixo de observador, perguntei porque achei que se elas cobram tal capricho é porque são realmente observadoras e se ligam em tais detalhes. Acho que me decepcionei. E, ainda para dar um gostinho a mais apelei para o sentimentalismo barato, falei “E elas dizem que somos nós homens os insensíveis!”.
Havia cortado o cabelo. Lógico, que meu cabelo só aparece mais volume dos lados, em cima é quase que imperceptível, é mais ou menos (digamos assim) modelo palhaço Bozo. Mas ela deveria ter notado.
Ia contar a ela sobre minha manhã de serviço, sobre meus problemas, do trânsito, dos buracos das ruas agilmente desviados como se fosse motorista de rally, dos xingões dos apressadinhos mal-educados, dos números cada vez maior dos casos da gripe suína, dos chazinhos para preveni-la e outras coisas importantíssimas (pelo menos para mim como já disse).
Sentei-me à mesa sozinho. Nem meus piazinhos se sentaram comigo ou vieram me ver, assistiam em outro cômodo uma série daquelas de super-heróis robóticos que deixam umas lições incríveis de como a piazada deve se quebrar na porrada, pelo menos é o que eles fazem logo após assistirem tal série. Deve ser o efeito catártico...
Resolvi algo meio que suicida. Disputar espaço com a televisão. Gritei “viu algo diferente???” e ela “Onde?” Recuei momentaneamente, como um experiente estrategista, bradei “deixe pra lá” Pensei “daqui a pouco termina o episódio da tevê e ela vem me dar atenção. Criancice minha agir assim. Pura pirraça. Mas de vez em quando é interessante agir dessa forma. Fiquei a imaginar: eu um marido-tevê. Com um aparelho televisor na cabeça. Marido ideal. Falaria sempre algo interessante, teria sempre novidades de todos os assuntos, dinâmico, em cores ajustáveis ao gosto dela e de seu humor e combinações, não reclamaria, se reclamasse ela mudaria de canal, enfim um maridaço (vê o que é a dor da carência afetiva).
Continuei mastigando meus pensamentos. Uma colherada, uma pensada, para não misturar porque não sei fazer mais que uma coisa por vez.
Terminou o programa a que ela assistia. Ela vem sorridente e me pergunta “Que você disse?” Mastigando, mastigando, rindo com sorriso amarelo, verde, preto. Fechei a boca. Limpei meus dentes com a língua, um gole de suco. Respondi “Nada! Esqueça! Já começou o meu jornal? Não perco um”. Da cozinha enquanto ela lavava a louça, e eu assistia o jornal, ela me falou alguma coisa. Só não me lembro exatamente o que era.

Marcio J. de Lima
(12/08/2009).
Imagem obtida em:http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2012/08/criatividade-e-surrealismo-conheca-o-trabalho-do-fotografo-kyle-thompson.html

sábado, 17 de setembro de 2011

Toc-toc


Toc-toc
Quem à porta bate
Sem medo e nem vergonha?

Toc-toc
Quem à porta bate
Com gélidas mãos vazias?

Toc-toc
Quem à porta bate
Sem segredos e nem virtudes?

Toc-toc
Quem à porta bate
Órfão de sociedade?

Toc-toc
Quem à luz do dia
Arromba a porta sem piedade?

Toc-toc
Meus pés cansados
Não deitam a teimosa porta -
Toc-toc -
Que erigida resiste
Aos ventos de novidades.

Toc-toc
Quem à porta bate
Mais de mil vezes
Baforando em negações?

Toc-toc
Sem pé e nem cabeça
Meus versos ressoam...
Ao toc-toc
Do descabido esvanecer.

Toc-toc
Dói-me a mão
Toc-toc
Dói-me a face
Toc-toc
Dói-me o pensar
Toc-toc
Encontro Paz.


(Marcio J. de Lima)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Lumen

  Fotos grátis de Vela
Nos átimos em que nos
captura a solidão,

Existem pequenas luzes
que nos animam.

Essas luzes têm face e
voz...

Pirilampeiam, enxugam
lágrimas, têm ouvidos

Às vezes, têm até
boca...

A escuridão já não
assusta tanto,

O fragmentado sorriso
emenda seus pedaços.

Ô pequenas luzinhas...

Bendito seja o
candeeiro que as produziu.

Esses lumes respondem
pela graça de

AMIGO.



(Marcio Lima)
 
Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/photos/vela-luz-igreja-escurid%c3%a3o-sombrio-2062861/

Labirinto (labyrinth)

Fonte da Imagem: www.letsfun.com.br

Eu me perdi no deserto
Momento tão certo em que procurava você...
Eu te encontrei nas flores, amores, buquês
e aromas que não esqueci.
Eu te senti nas estrelas, tão belas, nebulosas
No mistério de um rubro rubi.
Eu te esqueci nas praças,
sem graças, nos bolsos,
De meu paletó.
Eu me enrolei nas cordas
Nas bordas, nas águas que rolam dos Igapós.
Eu decifrei os versos
e os terços dispersos
rezados por sábias vovós.
Eu suportei sua lima,
sua rima, seus versos dispersos
sua língua dizendo, “te vejo até!”.
Eu acreditei nas loucuras
Rasura da história
Nas glórias vazias de falsos heróis.
Enfim acreditei que você me amava
E o gosto amargo me fez ver
que viver é descobrir,
Que o que se parece com prece
às vezes carrega
um imenso vazio.
Que meu apego ao sossego, conforto,
tem um preço
que às vezes não posso pagar.
Que minha moto
tão velha
No asfalto me traz liberdade.
Que o dinheiro,
um carro maneiro
sem minha família
É prata tão rota
Fome sem saciedade.
(Marcio J. de Lima)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Chapéu velho jogado aos cantos



Hoje meio que chapéu velho jogado aos cantos sigo...
Não me importo, poderia ser bem pior...
Poderia seguir sem o olhar pelo menos de um amigo...
Ter a impressão de que nada valeu meu suor...

Chapéu velho jogado aos cantos...

Nem que seja à peleja vã...
Supero os caminhos tortuosos que (às vezes) são tantos...
Mas (sôfrego digo:) da dura lida sou fã...
E assim sigo...
À luz amiga da lua nos campos em flor...
Tendo o sol como companheiro...
E a insistente saudade de meu amor...
Assim sigo...
Como um chapéu velho jogado aos cantos...

(Marcio J. de Lima)

#poema #literatura

BOTECO

Ali seu mundo.
Chamam-no de João. Mas para ele tanto faz. Mal não faria se o chamassem Raimundo, Beltrano, Sicrano ou até mesmo José.
Pé de Boteco cravado em uma rodovia qualquer – fachada velha, ares decadentes, risadas soltas, conversas repetidas, lorotas cambaleantes, fígados rotos, famílias em frangalhos – esse era o locos amoenos de meia centena de trabalhadores a fugir da realidade familiar, do trabalho, da crise social, da crise da comunicação, da crise mundial; ali tudo se podia, tudo se fazia, tudo se resolvia.
“Desce mais uma!” e a conversa corre solta.
“Ele é bom!” dizia o moreno sentado ao canto solitário do extenso balcão – elogiando, talvez seu distante amigo imaginário de outrora.
Os causos que a todos faziam rir esgotam-se com a luz do vaga-lume na sombria noite de lua nova.
As aventuras são as mesmas desde que à primeira vez pisou naquela tortuosa casa de álcool e smoke.
Ao esvaziar-se o último copo, João paga sua dívida com a palavra. E o bar o cospe passando por suas tortuosas escadas movediças e voadoras.
O pé nas nuvens, ainda a escutar seus amigos imaginários.
Segue para sua segunda casa. Lá, mais do que nunca: rei. Bate à mesa. Ruge. Cospe-se. Reclama-se. O lampião já não lhe serve, pois seu líquido queima-lhe a garganta.
Os guris? A amada? Sem brincadeiras, sem poesia, sem o quente beijo.
“Onde aprende essa língua?” – reclama a esposa.
“Como é engraçado o papai, mamãe. Sempre nos traz doces. Como ele é bom!”
E o céu acende mais uma centelha de esperança. O dia pula cedo da cama.
Acende-se o fogão velho. O café e o pão surrado na mesa. O lombo surrado de um honesto trabalhador, na cadeira. O velho beija sua rainha. E com um olhar arrependido clama a Deus um golpe de misericórdia “despeja-me Senhor de minha primeira casa!”
(Marcio J. de Lima – 02/12/2010).

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/solit%C3%A1rio-homem-chorando-sozinho-1510265/

(Lima, Marcio José de Lima. in Pessoas são livros que andam. Guarapuava-PR, Amazon:2016)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Aula de Desenho do Angelo Gabriel (Releitura)


Autor da Releitura: Angelo Gabriel (artista mirim). 
Trata-se de  uma releitura praticada em aula de pintura (óleo sobre tela). 
Poesia em forma de pintura.

Disfonia Amorosa

______Gritei por vós,
_____Fiquei sem voz.
_________Amor atroz.


(Marcio J. de Lima, 26-07-2011)

ARRISCAR


Acordei com uma vontade imensa de mudar!
Não posso mudar muito, então mudarei o que posso, e procurarei aceitar o que não posso.
Começarei por meus cabelos, deixá-los-ei crescer, mesmo tendo-os pouco.
Vou arriscar quebrar meus preconceitos,
Deitar-me embaixo de uma árvore, apreciar a luz do sol sem medo de ser ridículo.
Vou surpreender meu vizinho com um sorriso,
Minha esposa com um beijo,
Meus filhos com desejo de bênçãos.
Vou ser feliz, eu mereço, ou tenho quase certeza.

Você não me sorri hoje, não importa,
Desejo-te felicidade, quem sabe amanhã rsrsrs...

Quero o açúcar dos lábios de meu amor, nem que para isso tenha que lhe oferecer em um ensolarado dia, caldo-de-cana.
Quero o salgado do mar no verão.
Quero o voo livre dos pássaros.
A brisa batendo em minha face, viagem...
Quero novos caminhos, novos sabores,
O mesmo amor escondido em mil amores.
Quero ter o prazer de errar, só para acertar-aprender,
Poder ter o que agradecer, e agradecer mesmo tendo pouco a agradecer.
Quero prazer de um sorvete na praça,
Ler um livro bom. Fazê-lo amigo...
Quero ver a face de Deus nas rubras faces pueris, e respeitar a sabedoria inocente das crianças... quero saber ouvi-las...
Quero simplesmente viver e ver viver
Aqueles que desejam muito isso de coração.
Não posso mudar muito, mas nós quiçá?

terça-feira, 26 de julho de 2011

EQUILÍBRIO (SONETO) (SONET: EQUILIBRIUM)

Por que às vezes, breve faz-se a vida?
Cedo esgota-se ao afortunado?
Que se esquece dádiva prometida
Que pelos excessos, dom desperdiçado.

Dura lide, se sóbria, contida,
No fim da jornada o eterno esperado.
Farei do equilíbrio minha lida?
Se o fim é certo por que ser equilibrado?

Me abraço ao real, busco dignidade.
A velocidade me conduz
Ao meu destino em obscuridade,

Mas sem equilíbrio uso um capuz,
Que impede de ver felicidade.
Então em equilíbrio a vida se traduz.

(Marcio J. de Lima 24/07/2011)

Este momento 1...

Dói.  Forma estranha de começar um poema. Forma medíocre para o mundo que só vende fórmulas para livrar-nos da dor. Assumir alguma dor é mei...