quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Sou amor, sou vento...

Tenho mais de mim na mente

E em cada parte desta estrada

E no peito a dor que sente

Toda a lida registrada…


Sou estrada de caminho incerto

Um pequeno clarão em pleno dia

Um vivente, feliz, de peito aberto

Erra, cai, levanta, pensa, adia…


Sou um ilustre em minha casa

Quase nada em plena rua

Sou um pássaro sem asa

Suspiro na boca sua…


Sou o vermelho em seu rosto

Um pão no seu sustento

Emplastro em seu desgosto

Furacão, brisa, amor, vento...


Marcio J. de Lima

Guarapuava, 28/11/2017

domingo, 24 de dezembro de 2017

O milagre do amor...


Lá na pequena gruta de Belém
Um menino nascia
No céu uma estrela
Cá na terra a esperança
O amor nasceu 
Nas mãos de uma criança.
Mãe, pai e filho
Maria, José e Jesus...
E toda terra ficou feliz,
Como essa Sagrada família...
Os sinos nunca mais foram os mesmos
Nem nossos corações
A cada ciclo do ano
Em um ato de milagre
Mãos se encontram
O perdão e a misericórdia se somam
Os anjos cantam e o impossível acontece...
O pão é partilhado...
Jesus nasceu. O amor brotou na terra.
Ela jamais o esqueceu...
Aleluia, amém...

Lançaeliz e abencoado Natal e 2018 de muita Paz em cristo!
O amor venceu!
Marcio J. de Lima
24/12/2017
http://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/?m=1


Imagem: pixabay

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Uma poesia desce a rua

 Garota, Mulher, Ler, Livro, Sentar

Uma poesia desce a rua
Vestida de tantos recortes
Pintada de tantos amores
Temperada de tantos sabores...

Uma poesia desce a rua
De vestido tão bonito
De cabelos esvoaçantes
De mãos tão calejadas...

Uma poesia desce a rua
De papel em punho
Hoje com um violão
Ontem com uma lira...

Uma poesia desce a rua
Com histórias tatuadas ao peito
Toda molhada de tantos mares
Despenteada de tantos ares...

Uma poesia nasce à rua
Despida de encantos
Embalada por mil cantos
Abençoada por mil santos...

Uma poesia desce a rua
Crispada de pedras preciosas
Mas com a altivez desapegada,
Com seu retrato nas fachadas...

Uma poesia desce a rua
Caminhando lentamente
Acena com floreios
Joga fora seus arreios...

Uma poesia desce a rua
Projetada por faróis
Recitada nos lençóis
Voando em canções...

Uma poesia desce a rua
Hoje totalmente livre, nua...
Sem ser julgada, toda sua...
Uma poesia nasce sob a lua...

Guarapuava, 10 de dezembro de 2017.
Marcio J. de Lima

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/photos/garota-mulher-ler-livro-sentar-3528292/



quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Curucaca…

O menino olhava aquela ave. Escura. Estranha. Ao virar-se, percebeu que tal ser carregava em seu bico curvado, uma batata. Tenta tirá-la. Não alça voo. Não come. Para a fitar os olhos do menino. Olhos escuros, fixos, obtusos… O cachorro que vira o lixo, empanturrado não vê ameaça, não vê perigo, para em frente a esse ser lustroso. Ambos se admiram. O menino cobiça, pedindo ao pai para levar para casa a avezinha. O pai somente ri. A mãe extasiada com o lixão passa um scanner em tudo analisando a epopeia lixeana de um herói com uma batata ao bico. Morrerá ali? Anatomia de voos improváveis, estridência ao migrar, possíveis choques em pássaro de aço, talvez não mais… Enquanto definhar, ali será feliz, pensou… O menino, após encantar-se com o pássaro, queria levar embora as contaminadíssimas abóboras desavisadas que nasceram por ali… Ninguém por perto… Ninguém que coubesse de fato na epopeia de um novo herói, a não ser aquele que queria abóboras, curucacas e achava tão poético aquilo que seria um sopro metanoide em um lixão qualquer…

(Marcio J. de Lima)

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/curucaca-ave-interior-passaro-1707038/

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

pássaro sem asa


Tenho mais de mim na mente

E em cada parte desta estrada

E no peito a dor que sente

Toda a lida registrada…


Sou estrada de caminho incerto

Um pequeno clarão em pleno dia

Um vivente, feliz, de peito aberto

Erra, cai, levanta, pensa, adia…


Sou um ilustre em minha casa

Quase nada em plena rua

Sou um pássaro sem asa

Suspiro na boca sua…


Sou o vermelho em seu rosto

Um pão no seu sustento

Emplastro em seu desgosto

Furacão, brisa, amor, vento...


Marcio J. de Lima

Guarapuava, 28/11/2017

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Monte Castelo, Renato Russo, algumas impressões...

Música composta por Renato Russo lançada em 1989 e executada pela banda de Rock Legião Urbana é uma das mais belas e criativas de nossa música popular brasileira.
            Em Monte Castelo encontramos mesclados dois dos mais belos textos já produzidos pela literatura mundial.
            O primeiro texto refere-se à primeira Carta de São Paulo Apóstolo de Jesus Cristo enviada ao povo de Corinto, cidade portuária ao sul da atual Grécia, na qual ele exorta à conversão e à animação ao que é essencial, ou seja “A vida eterna”, objetivo de todo cristão, tema trabalhado pela bíblia judaico-cristã. Para isso, Paulo dá uma orientação para que  essa comunidade pratique o maior de todos os dons da fé, “o Amor”. Mas não qualquer amor, e sim, aquele que é Ágape (Grego) que significa “incondicional que vem de Deus”, e que dá sentido aos demais dons, também chamado de carismas. A parte mais marcante usada na música é “Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria”. Que serve como introdução à mesma.
            Já na segunda “conversa”, Renato traz à tona quase todo o soneto de Camões “Amor é um fogo que arde sem se ver” em que o artista o recita quase na íntegra, cantando-o em sua música. Agindo assim, Russo consegue mesclar dois textos que se conversam, tendo entre eles aproximadamente 1500 anos de história.
            Ambos os textos referem-se a um “Amor” universal, que caracteriza principalmente o Soneto, em seus moldes clássicos, além de seu conteúdo e características quanto à universalidade de suas temáticas centrais, através da personificação de sentimentos humanos, ou fatos universais que unem a todos.
            Diante disso, com um voz de barítono, de uma capacidade vocal sem igual, e a genealidade de um poeta, capaz de conversar com a tradição literária, Renato Russo reproduz dois dos mais belos e expressivos textos literários que tratam de um tema tão antigo e atual ao mesmo tempo, (re)atualizando o desejo de uma sociedade à sua redenção pelo equilíbrio e pela evolução através de uma linguagem universal, que é a do “Amor”. 

(Marcio J. de Lima)
 https://pixabay.com/en/hands-cohesion-together-human-2888625/
Imagem obtida em:

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Esperança...

 Fotos grátis de Luz

"Quando tudo parece não haver saída, clamo aos céus, donde há de vir..." Parou por aqui. Não lhe vinha mais inspiração. A professora havia trabalhado com a temática "esperança" a manhã toda, mas não lhe vinha nada à cabeça. Pensava e concordava com a professora, pois achava que se tivesse algo que lhe incomodasse poderia escrever melhor... Mas, mesmo assim havia-lhe no peito um vazio. Percebeu, talvez, que as coisas em sua vida estavam bem. Eram poucas palavras, não podia passar de dez linhas, podendo se resumir a uma frase. Pensar em algum problema da família poderia inspirá-lo, pensou. No entanto não havia nada de tão importante que não estivesse no campo das possibilidades de encontrar uma solução de forma racional. Achou que essa "esperança" que a mestra havia falado era algo maior. Pensou na fome que assola alguns países da África. No entanto,  também lembrou da fome de alguns do seu país, as injustiças de preconceitos aos montes contra pobres, mulheres, gays e tantos outros... Talvez aí esteja o motivo para escrita, imaginou...  "Tenho esperança de que o mundo um dia possa evoluir e que possamos viver sem preconceito contra qualquer pessoa..." Apagou a primeira frase e deixou esta última. 
Não entendia muito bem em seu cerne o que era preconceito, só parafraseava o que acabara de ter lido. Apagou tudo de novo. Achou bonito o que escreveu, mas se tivesse que defender tal ideia não saberia muito como fazer, pois nunca havia sofrido algum preconceito... Pelo menos, não saberia dizer com convicção se tinha ou não. E tinha ética o bastante para não enrolar os outros com que realmente não fazia parte de sua vida, de seu saber... 
Voltou ao caderno... "Tenho esperança de um dia não ter que falar de preconceito e que todas as pessoas sejam como eu... simplesmente felizes..." Olhou para professora, não quis mais pensar. Pôs o nome na folha, ponto final e muitos dias com um leve incômodo que se repetia a todo momento... O que é esperança? O que é preconceito? 
Marcio J. de Lima, Guarapuava, Paraná.
19/11/2017.

http://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/2011/10/passional.html?m=1

 

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/photos/luz-l%c3%a2mpadas-esperan%c3%a7a-brilho-2156209/ Acesso em 27 fev. 2023.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

De tantos desentortos...

De tantos desentortos...
Fiz de meus sonhos pequeninões... Outrora minguadinhos
Motivos que povoam meus
Versos e canções...
Marcio J. de Lima

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

O Segredo...

E o grande bicho batia em minha porta... Sem saber a cor dos seus olhos e ouvir os seus uivos, cubro-me, apertando o travesseiro velho fortemente sobre meus ouvidos. Entro embaixo da cama. O bicho não irá embora... Nem O Segredo me ajudará... A noite se findará, meus conceitos, não!
Marcio J. de Lima
http://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/2011/10/o-ato-de-escrever.html?m=1

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Desejos proibidos...

Gabriel pegou o seu minguado salário. Metade ficaria já no mercadinho para pagar suas contas. O restante mal daria para suas despesas. Nos finais de semana fazia bicos  na construção para completar sua renda. Sua esposa vendia roupas, perfumes, fazia artesanato e se virava na cozinha para poupar ao máximo. Seus dois filhos Joaquina e Feliciano eram bem cuidados, estudavam e ajudavam nos afazeres de casa. Gabriel mal tinha concluído o primário. Deixou a escola muito novo para se dedicar ao trabalho, pois seu patrão não o dispensava mais cedo para conseguir chegar a tempo na escola... Seu desejo era ver seus filhos criados e voltar a estudar e fazer direito. 
O tempo passou... os dois filhos, com muito sacrifício, formaram-se na faculdade. Depois casaram-se. Gabriel decidiu voltar aos estudos, iria fazer o curso que sempre sonhara, filosofia, deixaria o direito para mais tarde... Fez a  preferência por filosofia que quase o levara ao seminário. Passou no vestibular. Era uma alegria só. Nos primeiros dias de aula, muito feliz desfilando pelos corredores da Universidade com seus colegas de sala, avistou Ritinha, uma antiga namorada,  a última antes de conhecer sua esposa. Ritinha não mudara nada, estava mais bonita ainda. Tinha um corpo e uma pele de dar inveja a muitas adolescentes. Olhou-o com um sorriso largo no rosto. Sem jeito, retribuiu. Os dois se cumprimentaram e seguiram seus caminhos. O ano se passou e se viam sempre pelos corredores. Ela um dia o parou. Conversaram, relembraram do passado. Confidenciou que estava viúva já fazia três anos. Seu esposo havia falecido de aneurisma. Ela disse que depois dele, foi seu segundo amor. O que fez disparar o coração de Gabriel. Ficaram amigos. Nos intervalos das aulas ficavam junto. Uma paixão, como brasa sob as cinzas, retornou ao coração de Ritinha... Certo dia, retornando para casa a pé, viu uma caminhonete branca parar ao seu lado. O vidro se abriu. Era Ritinha. Com um largo sorriso no rosto, disse a Gabriel "entre aí, te dou uma carona." Ficou meio sem jeito, mas aceitou. Ritinha ardia de paixão, quase não tirava os olhos de Gabriel, o que o deixava sem jeito...
A mão gelada de Ritinha passou levemente na perna de Gabriel, o qual não resistiu. Neste momento, Gabriel tornou-se uma presa fácil. Por um momento, o mundo se apagou na sua cabeça. O pensamento remeteu-o à sua família. A culpa incendiava seu coração. Mas não esboçou reação. Ritinha já a este momento beijava o seu peito. Seria o pecado a desvia-lo de um caminho de serenidade que vivera até ali? Ritinha ia mais longe e acariciava as partes íntimas de Gabriel. Este de olhos fechados, sentia-se anestesiado. Ela aproxima seus lábios em seu pescoço vagarosamente e estende sua língua arrepiando-o inteirinho, como se ainda desse uma chance à sua presa, começa a soltar  suas presas brancas e pontiagudas, agora imensas, tal qual uma víbora... Seu amado, sua rês... 
O tempo corre à frente de Gabriel, passa um filme em sua cabeça... seu primeiro beijo em sua esposa, suas vitórias e derrotas a dois passam em sua frente. Mas nenhuma de suas lembranças o despertaram tanto, quanto a lembrança do olhar azul celeste de sua pequena, a filha mais nova, redesperta-o, o amor paterno... Em um sobressalto Gabriel, abriu a porta do carro e saiu... Como que carregado por seu anjo...  Nunca mais ousou pôr os olhos em seu passado... E viveu feliz para sempre junto de seu verdadeiro amor... Todavia, em noites muito quentes, aqueles pares de presas o assombram, assim como aquela gelada língua a roçar os seus mais sórdidos e recônditos desejos proibidos....

Marcio J. de Lima
28/10/2017






quarta-feira, 1 de novembro de 2017

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Tenho esse doce drama de amar...


Tenho esse doce drama de amar...
Cada dor disso é um suplício que se pede pra viver...
Tenho marcas no peito que insistem em ser tatuagens indeléveis.
Tenho sonhos estranhos de acordar ao lado de uma vivente todos os dias até o fim deles...
Sinto-me paupérrimo sem aquele serzinho de carne e osso que povoa meus devaneios.
Sou um eco de esquecimentos tão presentes, 
de poemas mal recitados, 
de cartas que chegam sempre atrasadas, 
de amores utópicos, 
de contos de fadas, 
de romances-românticos, 
de árvores marcadas com símbolos de amor eterno, 
de sins de noivas no altar e de noivos a desmaiar... 
Tudo isso gritando silenciosamente ao meu  quasimorfo modo de amar...
Sou a formosa e linda flor que brota, em um lugar inesperado,  do  putrefato húmus. 
De  inteiros, sou o terço da moçoila casadoira, de eflúvios em frias noites de luar. 
Sou um olhar, que busca o mar, de uma moça à procura de amar, 
nem que seja a última coisa que faça em seu dia sem graça 
- só amar...
Marcio Lima, Guarapuava, 11/09/2017.

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/rosa-arbusto-r%C3%B6schen-1687884/

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

A natureza...





Créditos à professora Jaqueline de Andrade Borges. Lindas fotos.
Um pouco de sensibilidade e uma câmera em mãos podem produzir um ótimo trabalho. Lindas fotos de fato...

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

O amor não morde!

Aquele olhar sofrido. Aquele corpo surrado. Um coração doce. Um afago recebido na cabeça. Mil perdão. O esquecimento de alguma dor sofrida. Um olhar roça-lhe os olhos. Uma mão desce-lhe à cabeça. Uma doce companhia. Um expressivo olhar agradecido. Dois seres tão diferentes, tão dependentes... Tão humanos, tão caninamente humanos...
Marcio J. de Lima
Guarapuava, PR, 29/09/2017.
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quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Meu café, meu poema e meu pão...



Tudo que tenho em minhas mãos
É um punhado de desilusão,
É um sonho perdido em alto mar
De, nos domingos, sairmos juntos passear

Eu e você minha ilusão
Meu café, meu poema e meu pão...

Só o amor para compreender
Que em meu mundo só dá você...
Mas o amor em excesso pode sufocar
Pequeno rio que teima em ser mar...

Perdoa esse amador
Que irá tentar controlar
Seu desajeitado jeito de amar,
Meu café, meu poema e meu pão...

Marcio J. de Lima Filho, Guarapuava-PR.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Um bocado de paz...

Carregarei quando partir, o sorriso de meus pais, de meus amigos, de meus avós e de todos que me amam... e nenhum tostão a mais... Só corações... Assim seguirei em paz...
Marcio J. de Lima
13/09/2017

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/banco-banco-de-madeira-banco-velho-2705553/

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Família... (Family)

Família... esse dom deve ser preservado. Não importa sua constituição, nenhuma é perfeita... graças a Deus. Ela serve como uma escola para vida. Ali, cometemos os nossos primeiros erros. Aprendemos o quão sublime é o perdão. Percebemos também que ela sempre estará conosco. Somos frutos dessa sagrada e pequena sociedade.... Com o tempo, notamos que cometemos as mesmas falhas de nossos primeiros professores, nossos pais. Começamos cobrar de nossos filhos aquilo que os nossos pais quase morriam de pedir a nós. De certa forma, tornamo-nos nossos pais. Todavia, não importa, era bem esse o objetivo, tornar-se modelo, conduzindo nossos amados rebentos ao que há de melhor, segundo nosso entendimento... Quando um dia olhamos para os cantos da casa, sentimos que alguma coisa está faltando. Aquela desarrumação indesejada, já não ocorre mais. Aqueles gritos tão irritantes já não soam mais, e quanto sentimos a falta desses desarranjos. O silêncio impera... Aqueles jovens chegando tarde, também não há... Sentimos um vazio..
No entanto... quando achamos que o ciclo fechou, um belo dia acordamos com nossos cabelos em neve, e vemos que a história só deu uma pausa, erguemos as mãos ao céu e já não reclamamos mais... Um par de olhinhos curiosos encara-nos pela manhã, pijama de ursinho, pantufa de coelhinho nos pés e um mundo inteiro para desbravar, e  realmente... só aproveitamos de verdade, aquilo que com o tempo ganha um tempero tão especial... E cumprimos muito bem nosso novo papel...! Sendo alguém que já não enlouquece por questões tão essenciais da vida e que nos pareciam incomodar quando éramos só preocupados pais... 

Marcio J. De Lima
https://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/?m=1


Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/aqu%C3%A1rio-peixes-mundo-subaqu%C3%A1tico-2645502/


quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Homenagem a Cora Coralina do blog devaneios literários do Lima


Não quer esquecer, decora!
Quer ensabecer, pratica!
Não quer esquecer de Cora?
Desvela seus escritos...
Nuns versos tardios, ao mundo revelados, em relação ao tempo do relógio...
Oportunos ao tempo da essência...
Há de ser na apuração da adega recôndita o mais puro que alma e palavras podem unir...
Voam sonantes, faceiros, frutos eternos, versos corais...
Fez obra-prima, Cora, versos imortais...
Não quero esquecer tão singelos versos, jamais!

Márcio J. De Lima
https://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/?m=1

Segue uma doce amostra:

"Conclusões de Aninha

Estavam ali parados. Marido e mulher.
Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça
tímida, humilde, sofrida.
Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,
e tudo que tinha dentro.
Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar 
novo rancho e comprar suas pobrezinhas. 

O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula, 
entregou sem palavra.
A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,
se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar
E não abriu a bolsa.
Qual dos dois ajudou mais?

Donde se infere que o homem ajuda sem participar 
e a mulher participa sem ajudar.
Da mesma forma aquela sentença:
"A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar."
Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso
e ensinar a paciência do pescador.
Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se fizesse
o desvalido não morreria de fome?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra"

Cora Coralina

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/aqu%C3%A1rio-peixes-mundo-subaqu%C3%A1tico-2645502/
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quinta-feira, 24 de agosto de 2017

A estrela sem mais hora... (The star without more time...)



Sim, entre retas e semicírculos escondia-se uma pequena história. Era de uma moça pobre, nordestina, esguia, sem vitalidade, sem esperança, desumanizada pela pobreza da falta de alimentos e dignidade... Alguns caroços na cabeça acompanhavam sua história, frutos de uma tia malvada e de uma vida sem a força nos miolos e na voz. Vontade imensa de ser quem não era, como tantos de nós...
Talvez, seu único trunfo foi ter caído na mão de Clarice Lispector que de toda sua genialidade fez de Macabéa sua majestosa obra de arte.... Pôs vida na fria, vazia, cerâmica barroca... Iluminou com sua epifania um vaso de coca-cola, uma moça a escutar um velho rádio de pilha, uma vasilha de esvaziamentos diuturnos de uma alma qualquer - situação, às vezes, não suportada por muitos humanos...
Assim, aos pingos de tinta ao cingir a folha branca, misturados aos seus, desfez-se Maca à luz de sua estrela, ao erro da cartomante, ao sopro do destino, uma alegria quase eterna de poucos minutos, em relação a uma tristeza sem fim... Humana por poucos segundos... Até à sua morte e fim... Até a sua morte, sim!
Marcio J. de Lima
05/07/2017
(Uma singela homenagem à Clarice Lispector e seu - Romance, conto, novela, grande poema??? - A hora da Estrela.

Este momento 1...

Dói.  Forma estranha de começar um poema. Forma medíocre para o mundo que só vende fórmulas para livrar-nos da dor. Assumir alguma dor é mei...