quinta-feira, 27 de julho de 2017

Quem ousou pôr um uivo na branca folha?



A mão tosca a encerrá-lo na folha...
Não devias ter saído dali!
Haveria de ser assim? Incompreendido, intempestivo, ânsia da imortalidade transvestida em fera bravia...
“Aqui é o teu lugar! Somente aqui...”
Com suas características monstruosas fizestes, tantos viventes, insones. Suas histórias e enredos tão perturbadores. Nenhuma besta, assim agiria, com tanta voracidade.
Infeliz somatória dos infernos. Quem inventou revelar tão monstruoso cruzamento? A ânsia da imortalidade, uma das chamas extraviadas de Prometeu, o amor insano às feras narrado por algum desavisado contista de fada?
Coisa boa não haveria de se ter como resultado.
Olhar de estátuas vivas, longe dos olhares dos vivos, fulgurando em plena lua cheia, corações de pedras velando jazigos, todos prontos ao funéreo abraço...
Oh, quem te inventou errante ser? Algo de errado se sucedeu em somar, tão desavisadamente, lobo ou cão e homem... Quem cometeu tal sacrilégio???

Marcio J. de Lima
Guarapuava, 05/07/2017.

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/lua-luar-lua-cheia-fantasmag%C3%B3rico-1024914/

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Ruas de barro e um tempo que não volta mais... (Mud streets and a time that never comes back...)

Ruas de barro de outrora, em minha querida Guarapuava, de céus azuis em manhãs de forte geada...
No chão os cogumelos de poeira e gelo. A brincadeira de pisá-los, a afundar o pé calçado pela velha conga. Maleta, um sonho, uma porção de esperança em minha mão... Pai ia trabalhar, construção civil,  mãe do lar a cuidar da casa e dos irmãos... vida modesta, honesta, sofrida, mas bem vivida. Pouco salário, trabalho informal, muita criatividade de minha mãe para fazer render o minguado ganho... Os dias se faziam longos, as brincadeiras eram multiplicadas com muita desenvoltura em que duas pedras, uma tábua, uma corda, rendiam muitos brinquedos e brincadeiras. Havia em nossos rostos um riso inocente, um sofrimento atenuado por nossa energia de criança... Nos finais de semana, quando meus tios ou parentes vinham nos visitar era uma alegria só. Neste dia minha mãe fazia uma comida especial... Muitos risos das histórias engraçadas ou assustadoras que eles contavam. Brincadeiras diversas com a criançada, um campinho de várzea, futebol para os meninos, as meninas brincavam de corda... Ao correr do dia, todos brincavam de tudo... criança é criança e sabe que em se tratando de diversão, divisão de gênero é só uma convenção que só ganha dimensão com o correr do tempo... Um café para todos com bolinho da graxa, um pão quentinho feito no forno de barro, margarina primor no pacote plástico, chá, café com cevada, um bolo de fubá com erva-doce, todos unidos à mesa. Poucos recursos, amizades verdadeiras, vínculos familiares fortes...  Se haviam problemas, nós crianças não notávamos, pois para nós crianças era uma festa... uma bela festa que até hoje sinto falta... A noite chegava, o domingo acabava, a família se reunia à área a repetir parte das histórias e relembrar da festa que fora o dia... ríamos muito, o dia realmente fora muito divertido... É... tempo que não volta mais...
Marcio J. de Lima
09/07/2017
https://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/?m=1


Imagem obtida em:https://pixabay.com/pt/estrada-rota-crep%C3%BAsculo-sunrise-871849/

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Linha de produção


O verso é meu negócio! 
Produto sublime
No tempo do ócio. 

Marcio J. de Lima
Do blog devaneios literários do Lima 
26/08/2016

Imagem obtida em:https://pixabay.com/pt/lugares-perdidos-fábrica-idade-1510592/

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Não passaram de letras mortas...

Bonitinho... 
Não produziu nenhum suspiro, nenhuma indignação. 
A ele restou a total ignorância... 
Um vazio tal qual o sentar em frente à tevê... 
Um vazio tal qual padecer de esquecimento... 
Pode amassá-lo, por favor não rasgue-o, 
Pode atirá-lo  à  primeira lixeira, na repartição azul, que encontrares à sua frente.    
Enquanto você dorme, eu irei velar pela pobre árvore que tombou inutilmente... 
Márcio José de Lima 
DO blog devaneios literários do Lima 
06/08/2016 Guarapuava. 



Este momento 1...

Dói.  Forma estranha de começar um poema. Forma medíocre para o mundo que só vende fórmulas para livrar-nos da dor. Assumir alguma dor é mei...