sábado, 30 de março de 2013

Dia de Páscoa...

PÁSCOA - VIDA NOVA


No madeiro regado pelo sangue de um inocente, nossos pecados foram pagos. O homem, antes sem esperança, agora ressurge com uma nova centelha. Deveríamos nesta dor - diga-se de passagem uma imensa dor - refletir... mudarmos nossas atitudes, pensar mais no próximo, sermos mais tolerantes. Caso contrário, Cristo nos perguntará: "de que valeu meu esforço, de que valeu cada sangue brotado de minhas chagas, se não for, no mínimo, para dar o exemplo de doação e amor ao próximo?" 
Por isso reflitamos... A esperança de um dia melhor ressurge a cada Páscoa para muitos que sofrem, para os que são injustiçados, para os que vivem na solidão... E o homem de Nazaré fez a Sua parte, resta-nos agora fazermos a nossa.

A tod@s uma Feliz e Abençoada Páscoa!

(Do Blog Devaneios Literários do Lima)

domingo, 24 de março de 2013

Acampamento na noite de primeiro de abril - A panela de dinheiro

Imagem obtida em:http://gmpedras.blogspot.com.br/2012/04/panela-de-pedra-ii.html




Todos ali sobre o lúmen da fogueira regateira que iluminava o rosto de todos. Pequenas histórias saíam do povo que se exibia pelos sustos vividos pelas pseudoexperiências vividas. Tio Jango o mais eloquente dos contadores de histórias se exibia por ter sido testemunha de muitas. A mais surpreendente foi a que viveu em uma de suas viagem pelo mundo. Dizia ele:
  •  Olha amigos.
Com os olhos arregalados de quem havia se assustado muito pelo testemunho ocular de algo assustador.
    • Não quero pôr medo em vocês. Mas, existe muita coisa que nós não imaginamos nesta vida... Tudo o que narrei até aqui, foi verdade. Todavia, uma de minhas histórias, tem o tempero do inimaginável. Isso aconteceu em 1975, quando contava com 18 anos. Fiquei sabendo de uma panela de dinheiro enterrada em um descampado perto da Serra do Rio Jordão. Que teria sido enterrada pelos Jesuítas aproximadamente em 1750. Ali não havia ruínas das Missões. Sabíamos não por mapas, nem por histórias de hipóteses do ocorrido pelo descendentes da região. E sim, pelo que muitos já haviam vivido quando passavam por aquelas aragens, principalmente nas noites de lua cheia do mês de agosto. Quando uma das vítimas foi assombrada por uma tribo fantasma que implorava que fosse desenterrado aquilo que os prendiam ali... Uma caçarola de barro carregada de moedas de ouro. Este sobrevivente sóbrio, que teve a sensibilidade de encarar aquilo como verdade, convocou-me para aquela empreitada, pois sabia que eu era homem que acreditava naquilo por já ter vivido muitas histórias – que a maioria das pessoas não acredita. E de pronto, aceitei, por também acreditar naquele homem que merecia todo meu crédito.
    • Amigos... saímos com pás, picaretas, enxadas, dois rosários em cada bolso e nosso santinho de devoção. Pois, sabíamos que teríamos que rezar muito. O que ali ganhássemos teríamos que repartir parte com quem realmente precisava para abençoá-lo. Esta era a regra básica para quem era caçador experiente de panelas de dinheiro. Chegamos ao local em uma noite muito límpida. Não estava frio, embora a nossa região seja considerada uma das mais frias do sul, aqueles anos o inverno era terrível, como vocês sabem, mas apesar disso aquela noite estava agradável. Deixamos nossos carros na estrada, pois não dava para chegar de carro até lá. Pulamos uma cerca de arame. E poucos metros depois, escutamos algo estranho. Paramos. Parecia um mugido. Mas, não enxergamos nada. Então, seguimos nosso destino. Como saberíamos o local? Meu amigo narrou que era próximo a um velho ipê. Seria naquele local aproximadamente. Teríamos que trabalhar a noite inteira até o amanhecer. Pois, pela lenda, diz-se que tem que retirá-la até o por do sol. Então teríamos que nos apressar. Chegamos ao assustador ipê. Digo isso, por que naquele momento o achava assim. Ele já foi fazendo um buraco sem ao menos pensar, tive a impressão de sabia onde era. Poucas pazadas, desistiu. Eu, confesso. Fiquei naquele momento somente olhando e pensando. Onde será ao certo? Não havia uma lógica para aquilo. Mas... era jovem. Não me importaria em viver aquela “loucura”. Comecei a cavocar usando minha lógica. Se tiver próximo do tesouro, algo ocorrerá. Depois de um certo tempo, de quase limpar a grama que cercava o ipê, ocorreu algo muito estranho. O barulho do boi voltou. Paramos... olhamos para os lados e não havia nada. Concluímos que aí era a pista que esperávamos. Começamos a aprofundar nossa procura. Fizemos um buraco de dois passos quadrados. Quando já estava pelo nosso joelho, outros barulhos de bichos se juntaram ao mugido do boi. Agora haviam porcos e cachorros. Além do barulho de arbusto quebrando. Mas... não haviam arbustos ali. Era só um descampado. O tempo começou a fechar. E, em um repente, começou a chover com muitos raios e trovões. Choveu com vento. E sombras horríveis assombraram nossa noite. Ouvimos o canto da tribo em uma língua que não conhecíamos. Mas à medida que nós afundávamos nosso buraco o canto tornou-se uma canção religiosa – ou pelo menos parecia assim - com sotaque parecido com o português e algo perto do castelhano. Sentimos cheiro de erva-mate queimada. Chegou ao auge da cantoria. E, tudo se silenciou. Paramos um momento. Olhamos para a paisagem agora coberta pela cerração. Tremíamos. Nos olhamos. Nos interrogamos. Seguiríamos aquela empreitada? Certo de que estávamos próximos ao tesouro continuamos. Um canto continuou. Barulho de cavalos começaram a passar próximo a nós como um estouro. Abaixamo-nos e aos poucos pusemos a cabeça fora do buraco para ver o que estava ocorrendo. Nada acontecia de diferente a não ser a cerração que aparentava mais brilhante agora já revelando a copa de alguns pinheiros ao longe. Cavava freneticamente enquanto meu amigo descasava – quando bati em algo que parecia uma caixa. Com as mãos, descobrimos, sim era uma caixa de madeira. Muito dura não parecia oca, parecia ser preenchida com concreto. Pegamos algo que parecia uma alça de corda que amarrava a caixa... Tiramos a terra que a cercava. Tentamos abri-la. Tentamos movê-la. Mas... a chuva voltou. Agora mais forte. Os bichos e as cantorias voltaram também mais fortes. A cerração cobriu o buraco e agora não enxergávamos mais a caixa, só a sentíamos. O buraco começou a encher de água. E quando não era mais possível permanecer ali – devido a ela, nos retiramos. Com a decepção dos grandes guerreiros, combinamos retornar pela manhã. Voltaríamos para casa. Quando amanhecesse voltaríamos mais equipados, com baldes para retirada da água. Neste momento desacreditávamos da lenda, ou coisa parecida. Víamos somente a lógica, o real. E assim, cansados, muito cansados nos retiramos quase não encontrando o rumo à estrada.
A esta altura, todos prestavam muita atenção. Aparentemente ninguém parecia duvidar. Mas... em seus interiores. O causo assumia uma vivacidade pungente, ainda mais com a eloquência do contador que gesticulava muito e impunha a voz nos momentos certos de tensão.
      Todos atônitos e reticentes, viam o contador de histórias olhando ao longe.... como se estivesse desgastado somente pelo esforço de tentar lembrar do ocorrido. E logo após uma pausa. Continuou:
    • Voltamos quando amanheceu o dia. Pulamos a cerca de arame. Olhamos o provocador pé de ipê. E, para nosso espanto, um olhar a cara do outro sem nada dizer, e como se não fosse possível contar isso para ninguém – com medo de se ter tido como louco – olhamos para o chão atônitos - e toda a grama que recobria aquele lugar estava como se nunca tivesse sido remexida. 

      (Marcio J. de Lima) 
       
       
    • Bibliografia

      LIMA, Marcio de. Acampamento na noite de primeiro de abril – A panela de dinheiro. In: ______ Acampamento na noite de primeiro de abril – A panela de dinheiro e outros Contos Fantásticos e de Imaginação. [S.l.]: Amazon, 2016. p. 64. Disponível em: <https://www.amazon.com/Acampamento-noite-primeiro-abril-Fant%C3%A1sticos-ebook/dp/B01A8XWO4I>.

       

       


sábado, 23 de março de 2013

Zipei um poema de Amor...

Origem da imagem: http://www.brasilescola.com/literatura/haicai-um-poema-origem-japonesa.htm
 
Zipei um poema de Amor... 
Um soneto se converteu em Haicai. 
Será a influência da modernidade? 
Ou os cochichos de Bashô? 
que o fizeram assim...
_______tão ele_________...
 
Marcio J. de Lima

sexta-feira, 15 de março de 2013

O CONCLAVE, TEMOS PAPA, BATEU NA TRAVE



Estava tensa a votação para escolha do novo Papa. Sobe fumaça preta saindo da Capela Sistina e nada.

A diferença estava sempre sendo de poucos votos, não se chegando aos dois terços necessários para escolha do novo pastor da igreja católica no mundo.

Em uma conversa informal, daquelas que não ocorrem em todos os conclaves, bem na hora do almoço, dois bispos resolveram trocar uma conversinha. O mais novo com todo respeito pensou em questionar o mais experiente, mas sem deixar transparecer intenção de voto, pois era o almoço – hora sagrada. “Talvez este seja minha escolha!” pensou. “Nunca havia percebido este senhorzinho. Muito simpático por sinal. Simpatia e carisma... Já sei de onde ele é...” Imaginava. “Este seu sotaque me é estranho a minha convivência... Mas, só pode ser o candidato brasileiro...”

Para ter certeza, soltou sua primeira indagação – meio que assim sem pudor – mas como era um momento informal – poderia fugir aos protocolos, afinal papáveis também têm suas vivências sociais...

  • E daí me fale de futebol!

Olhou o bispo mais velho com o ar de doutor no assunto, sem titubear, respondeu:

  • Vai muito bem!

Reforçava ainda mais sua hipótese, “realmente é mesmo o brasileiro, pelo orgulho em relação a sua seleção, por isso é conhecido como o país do futebol!”.

Ainda para dar substância às suas indagações quanto à origem do senhorzinho, pela vergonha de perguntar de que país ele era, e talvez demonstrar seu desconhecimento de cultura geral – coisa normalíssima a qualquer mortal – insistiria à informalidade do bate-papo, pois ali estava difícil de conversar de outra forma, sem gerar uma discussão em torno dos seus propósitos pelos quais estavam ali, e optou em fazer desta uma oportunidade - formação de opinião e de se chegar a um nome que conduziria toda a igreja católica apostólica romana. A tensão era muito grande. Mas... naquele momento era somente o intervalo para almoço, hora de deixar de ser bispo e saciar sua fome, sendo um homem comum.

Uma colherada e sai a pergunta naturalmente:

  • Se você for o escolhido, que nome adotarás?

Lógico, que esta indagação havia de sair naturalmente. E foi o que ocorreu, o velho bispo não perdeu o carisma e respondeu humildemente:

  • Pensei em Francisco.

“Eureca! De fato é brasileiro, ligado à cultura de seu país, gosta de filmes e de exemplos de pais que cuidam de seus filhos e os querem vencedores... Já assisti este filme, gostei muito. Se eu não me engano é “dois filhos de Francisco”. E também gosta da natureza, amor aos animais, assim como São Francisco... hum na Amazônia tem bastante...” Refletia e mastigava em pensamentos.

Sem o auxílio do Google, devido à falta de comunicação com o mundo, inclusive o virtual, não teria outras alternativas. Mas não podia errar. Afinal era sua escolha... Por isso para não restar mais dúvidas, soltou a última pergunta, começando por uma exclamação.

  • Puxa hoje está meio abafado! De todos os países da Europa eu gosto do frio de Londres me sinto muito à vontade. E o Senhor, em qual cidade de seu país se sente mais à vontade?
  • Buenos Aires.

Não se restou mais dúvidas...

E por diferença de um voto a fumaça branca alcançou os céus sendo aclamado com muita alegria o primeiro Papa da América Latina.

(marcio j. de lima)

sábado, 9 de março de 2013

Surpreenda-me (miniconto)

- Surpreenda-me, disse João.
- Como assim? Respondeu o amigo magricela.
- Você precisa mudar o seu jeito de ser.
- Sempre fui assim e não vou mudar.
A conversa iria longe. Amigos em discussão. O João estava muito preocupado com a inocência do seu amigo – em seu ver – em um mundo cheio de armadilhas e pessoas mal intencionadas. Eram tão íntimos, mas o magricela estava sofrendo muito naquele momento pela falsidade de alguns que se diziam seus amigos e as armações que estavam tramando a fim de  denegrir sua imagem. 
- Sofro, João, mas aprendo com isso. Não tem como mudar as pessoas, assim de uma hora para outra. Alguns até mudam seu jeito de ser, mas suas essências permanecem a mesma. Então comigo é assim. Sofrer, aprender, mas jamais me arrepender, pois sou autêntico. Acredito que a felicidade estaria em correr atrás daquilo que reforçaria de forma positiva o que pode me fazer melhor sendo eu mesmo.
João balançou, simplesmente, balançou a cabeça.

(marcio j. de lima)

sexta-feira, 8 de março de 2013

Feliz dia das mulheres

Desejamos um feliz dia das mulheres... Nosso respeito e carinho a todas as mulheres. 

Mãe, 
Mulher, 
Amiga,
Companheira,
Maria,
Sofia,
Helena...
E tantas outras.
Todas pedras preciosas.


Cuidemos de nossas mulheres
Como flores no jardim
Regando-as com carinho, respeito
e muito amor.


quinta-feira, 7 de março de 2013

LETRAS QUE SE PRETENDEM UM POEMA

(Quadro de Angelo Gabriel, artista mirim, óleo sobre tela)

Na literatura busco minha expressão

Nesta infame dor que meu peito aperta

Que só se restabelece quando se liberta

Quanta Solidão. Quanta Desilusão.

Que quando somadas à Inspiração

Numa’quarela transforma a tela

Que quanto mais intensa sua cor

Mais parece perfeita, mais parece divina

As pulsações impingem ao papel

Uma indelével e eletrocardiográfica obra

Que se pretende Arte

Que de minha vida antes fez parte

E hoje letras errantes se amontoam

Criam vida, encarnecem-se à ponta porosa

Que em lágrimas engrossam a tinta

Que estranho! Mas torna a vida mais saborosa

Oh ciência quase que inexplicável!

Que estuda este amontoado de signos

Quer seja ele arte, quer seja ele loucura

Só sei que em mim desencadeia um imaginário mundo

Num golpe impensado marca a folha

Marca as mãos que emprestam à inspiração

Para conduzir aos ditames do inexplicável

Quanto mais penso! Mais desisto.

Quanto mais vivo,

Mais Resisto à dor que de meu peito não sai

E enalteço a inspiração que ela me traz!

Sou feliz quando escrevo

Sou feliz quando a pena desliza

Sou mais homem quando das palavras escorrem a candura e a singeleza da imensa e inexplicável forma de tentar traduzir a vida em letras de um poema.

Marcio J. de Lima (24/11/2008).

sábado, 2 de março de 2013

Pus minhas forças inutilmente em algumas armas...



Pensava nas armas que pusera em minhas mãos... Agradeci-as. No entanto não sabia o que fazia com elas. Mas mesmo assim me senti muito grande. Pus tudo nelas: minha confiança, meus projetos, minha força... Esqueci de mim, esqueci de Deus. Meus inimigos, com muito mais preparo, muito mais perseverança – após me render e tomá-las - fizeram de todas elas meu declínio. Hoje, não as possuo em grande quantidade, porém as que em minhas mãos repousam não são maiores do que a minha confiança no Homem que detém todo honra, toda força e todo o poder. E dessa forma, mesmo em batalhas – às vezes tão sem sentido – a que mais uso é a que não é aço, não é indestrutível, não tem alto poder de fogo, não tem mira laser, conhecemo-na como a insígnia singela de fé.
(Marcio J. de Lima)
Fonte da imagem: http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/fotografico_docs/viewcat.php?cid=602&num=10&orderby=dateD&pos=180


Este momento 1...

Dói.  Forma estranha de começar um poema. Forma medíocre para o mundo que só vende fórmulas para livrar-nos da dor. Assumir alguma dor é mei...