domingo, 25 de agosto de 2013

AMIGAS



Mísera Racionalidade,
de emoção me privou.
Tolhestes meus versos soltos
fazendo-os frios e sem cor.
Que fizestes com minhas rimas pobres?
Que fizestes com minhas chaves de ouro?
Fez-me um empilhador de signos vazios...
Oh Racionalidade...
Como temia que levasses embora
minhas faceiras metáforas,
e com elas minhas declarações
de amor à bela musa.
Ou talvez,
o desejo imenso de libertação.

Não te importastes
oh Racionalidade!
Quisestes assim...
Fizeste-me por ora assim...

Oh quiçá,
Quando ao mar avistares
Tu te tornes
amiga daquela senhora querida
que caminha de pés descalços na areia
que atende por Emoção,
e que as duas unidas retornem-me com
uma estranha força
daquelas que impulsiona
a cumprir o que no íntimo desejo,
escrever pra minha querida
e àqueles que precisam,
em um dia por nuvens tolhidos,
nem que seja a mimese fingida,
um poema com mote qualquer
por elas escolhidos.
(M. J. de Lima, 03/08/2010).

Fonte da imagem: http://equilibrio-eu.blogspot.com.br/2011/03/oracao-da-serenidade.html

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Uma pequena reflexão sobre leitura de obras literárias

Precisamos muito ganhar com a leitura! Nossa vida de leitor não se restringe somente a leitura de livros, revistas, jornais etc, lemos diariamente, também, o meio em que vivemos. Todavia, no que diz respeito aos primeiros, eles levam-nos a algo mais além, a uma reflexão mais profunda sobre esse meio (ao menos mais elaborada).

Nosso material publicado se destina à leitura e à produção de material, pretenso literário (contos, crônicas e poesias). Espero que esses “Pequenos Rabiscos Literários” contribuam à consciência de que existe uma extensa produção literária mundial que pode nos encantar e nos ensinar muitíssimo.

Literatura é Arte. Sendo Arte a expressão do Belo (conceito de Belo, tomado aqui como tudo que desperta no homem uma reflexão profunda) temos em nossos materiais produzidos e analisados o simples objetivo, tornar a vida mais bela e agradável aos nossos dias, e também a partir da Arte (por também possuir - quase sempre - um alto grau de elaboração estética) nos confrontarmos com essa tal reflexão mais aprofundada, ao lermos a realidade que nos circunda.

Lembre-se a vida imita a arte e vice-versa.

Nas viagens (literárias) ganharemos um bom vício, a leitura; e com isso – como um corredor que treina quase que diariamente e mantém ou melhora seu desempenho, por este fato - poderemos adquirir rapidez ao acessarmos os conhecimentos que se escondem atrás deste tipo de linguagem e que se somará às demais, certamente.

Portanto, viaje, desprenda-se, leia mais, e lembre-se, leitura é hábito, e você pode começar por este delicioso - que é viajar pela leitura de obras literárias.

(Marcio J. de Lima)

Imagem obtida em: http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/

domingo, 18 de agosto de 2013

UM POUCO REVOLTADO


Hoje me queres perfeito (mesmo que tu não sejas - e provastes isso)... Ontem ofereceste-me  falhas e desculpas... Amanhã o que me oferecerás? De novo o que já quase superamos... a total tirania.
 
Marcio J. de Lima

Pedido de bênçãos a um Pai amoroso



Oh complacente Pai que volvestes os olhos aos menores de seus filhos!
Culmina com graças aos que mais carecem de suas bênçãos.
Abri os olhos dos cegos de Sua presença, que tolhem as centelhas que fulminam, ao longe, esperança.
Dai aos que militam pela caridade sabedoria, força e inteligência. Cubra-os com proteção. Que eles não desanimem de seus  ofícios sacros.
Dá às famílias a solidez para terem força para sustentar as convalescentes sociedades.
Suscita, ao insensível, amor; fé aos desanimados.
Cubra de forma especial, com riquíssimas bênçãos, aos novos rebentos que habitam o solo de sua belíssima criação. Para que a esperança do amanhã a vir seja a luz que faltou, muitas vezes, ao hoje. 
 (Marcio J. de Lima)

Imagem obtida em: http://www.wallpaperscristaos.com.br/deus

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

UMA TERNA HOMENAGEM AOS PAIS



( * )
Um dia você vai chorar... Quem enxugará suas lágrimas? Um dia você se sentirá fraco. Quem te dará forças para caminhada? Um dia você poderá estar doente. E quem te confortará e te aconselhará a ter força para superar, além de te indicar os caminhos a que não deve seguir para recuperar-te? Um dia tuas verdades serão questionadas. Quem te ajudará a ver que verdades são sempre questionadas e esse é o normal da vida. Um dia você verá que tudo é finito. Mas quem te convencerá que vale a pena viver como se não houvesse um amanhã... Um dia os poemas te serão duros e impermeáveis não apresentando o mais doce de suas metáforas. Quem te apontará as Belezas que eles carregam? Um dia não sentirá o perfume das flores. Quem te fará recobrar as suas fragrâncias, atribuindo-lhes as suas verdadeiras importâncias? Um dia, perderá em uma esquina qualquer seus sorrisos. Quem te fará sorrir? Um dia você não terá dentes... Quem te mostrará que vale a pena abrir a boca para expressar teus sorrisos, mesmo assim? Um dia a vida te pesará... Quem te fará ver o quanto ela foi importante a todos que militaste? Um dia você estará sozinho... E quem te fará companhia? Olha, ao velho que te tornaste... Lembra da face a qual hoje você espelha, ela te dará resposta a estas e muitas outras perguntas...

Marcio J. de Lima
09/08/2013
( * ) Imagem obtida em: http://martthyns.blogspot.com.br/2011/07/carta-de-um-pai-ao-filho.html

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O ÚLTIMO SUSPIRO DO PALHAÇO...



O que aconteceu com o povo?
Que à praça a esmo assistia ao palhaço que se apresentava?
Ele, agora, a chorar conta os pombos.
Sua arte aos poucos perdeu a graça.
Aos porcos, sem querer, ofereceu seu tino.
A poesia, que outrora cantou, perdeu a rima.
Hoje, seu hino, sua máscara e pintura, sem graça,
deixam sua cara triste, marcada pelo córrego de lágrimas,
transparecer em sua translúcida face.
A derreter está...
Cabelos vermelhos; não mais, hoje secam, caem.
A ruminar, a olhar os pombos, a admirar os porcos...
Bate o desespero, que revela sua carranca, nunca jamais vista... Que entristecida está...
Os pombos o cercaram...
Apreciavam tão espetaculoso soluçar.
Admirados, os pombos, como que sorriam, festejavam.
As pipocas, deixadas em paz, escureceram pela solidão.
O povo parou a admirar tão absurda visão.
Como que em frenesi, espalham-se gargalhadas.
O povo volta a rir. 
O palhaço chora, os pombos enlouquecem e os porcos pensam na nostalgia das pipocas.
18/05/2008.
Marcio J. de Lima
(Texto exposto no Fala Poeta Unicentro-PR. Publicado originalmente como PIPOCA).

(*) Imagem obtida em:http://miquels7.wordpress.com/2008/11/25/palhaco-lug-o-palhaco-sem-graca-da-tv/

domingo, 4 de agosto de 2013

PERDIDO EM CURITIBA


Na foto, o Jardim Botânico
Créditos: Parques e Praças de Curitiba

Um calor toma lentamente conta de meus ossos congelados. A noite foi fria e dolorida. Lembro-me que antes de adormecer cachorros vieram virar o lixo da esquina, brigaram por causa de algo e foram embora. Minha cabeça está latejando, meus ossos doem, o corpo calejado de maus tratos está ficando velho e já não suporta a calçado dura. O corpo reclama, criou vida própria.
Sento-me e me reencosto na parede da lanchonete, pessoas apressadas passam por mim sem me notar, vão preocupadas com suas próprias dores, são tão iguais em seu caminhar, em seus toques toques. Mas há diferenças. Observo-as atentamente, algumas falam ao telefone, umas de maneira irritadas, outras de maneira amorosa. Algumas pessoas combinam com a paisagem cinzenta do centro de Curitiba, parecem locomotivas com seus chaminés, vestem escuro ou roupas surradas e fedem a cigarro. Outras (são poucas) parecem anjos, possuem cheiro gostoso de perfume, têm cheiro de pele limpa. E os cheiros se misturam ao cheiro de pastel quentinho, de café, de pão francês. Minhas barriga ronca, preciso comer. Ensaio meu olhar mais suplicante, mais faminto o direciono à multidão.
Dentre muitos, uma senhora bem vestida, retira de um pacote de papel pardo um pão, que pelo cheiro estava fresquinho, e com certo receio atira-o para mim. Eu o devoro em três mordidas, estou faminto. Sinto uma coceirinha insistente atrás do pescoço, deve ser sarna, estou cheirando muito mal.
Ali do meu canto em meio a um trapo, deito-me na busca de algum conforto. Alguém me cutuca as pernas com um cabo de vassoura.
- O rapaz vá procurar outro canto, rapidinho!
A lanchonete vai abrir, não há lugar para um ser como eu. É hora de começar minhas andanças.
Minhas pernas estão dormentes, espreguiço-me para ver se resolve. Coço-me. São tantos lugares que me coçam e dou início ao meu dia sem propósito.
Caminho olhando para o chão, com a desculpa de que eu possa encontrar algo que sirva, mas na verdade não tenho coragem de levantar meus olhos, tenho medo da rejeição, embora ela seja minha irmã. Sou um ser machucado, não quero que me façam sangrar.
De cabeça baixa, posso passar por entre as pessoas, elas abrem um espaço, elas também têm medo de minha reação, enojam-se do meu cheiro (estou me iludindo, acho que não me veem e o meu cheiro se confunde com tantos outros).
Eis que ouço:
- Ei, você, vem aqui!
Olho em direção ao chamado e desconfiado, paro.
- Você, vem cá!
Era um homem de camisa estampada, bem retrô, bem menor que a barriga que cobria, calça social e sapato surrado. A barba grisalha cobria o contorno dos lábios e em sua mão havia metade de uma coxinha.
- Vem cá rapaz, por que o medo?
Exitei um pouco, mas fui chegando devagar, deu-me a metade da coxinha e resmungou.
- Muita engraxada! E seguiu seu caminho.
As pessoas são tão boas comigo, sempre tenho o que comer. E fato que não querem conversa comigo. A ternura que eu sonho em ver no olhar é substituída por medo, nojo ou qualquer coisa parecida com isso, mas minha barriga vazia sempre recebe um afago.
Entro no Passeio Público, bebo um pouco de água. Sento-me à sombra de uma árvore e tenho um momento de paz. Sinto-me seguro aqui apesar de toda a companhia que me cerca. Mulheres enrugadas, com beiços lambuzados de batom vermelho, cheirando perfume forte desfilam de um lado para outro, sabem que são observadas por olhos fundos dos malandros. Sorrio por dentro, o bicho homem e seus instintos, ele os segue selvagem, sem amor, sem consideração. Necessidade saciada, dinheiro sujo na mão, nem te ligo.
É engraçado isso tudo. Fico horas ali a observar, passam menores fedendo a tiner, olhos esbugalhados rubros. Passam casais com crianças ansiosas para verem os bichos. E eu ali feito tapete, camuflado entre a árvore e a grama, ninguém me vê.
Começo a ficar enebriado pelo movimento, uma dormência toma conta do meu corpo magro, a vida de rua não tem nada de bom, é entendiante como qualquer outra vida. É triste e tem sabor amargo, é mais solitária que qualquer ilha do mundo.
Minhas pálpebras começam a se fechar, consigo ouvir pessoas que de longe vêm se aproximando. De olhos fechados percebo que elas param perto de mim. Sinto a respiração do ser, seu hálito de balas de morango. Afagam minha cabeça.
- Coitado, tão sozinho.
Alguém finalmente é terno comigo, não quero abrir meus olhos, tenho medo de estar sonhando.- Vou te levar para casa.
Meu Deus, vou conseguir uma cama quentinha, será meu grande dia???
Duas pequenas mãos envolvem meu corpo magro e me levantam do chão, sinto o calor do ser que me afaga em seu colo e que me carrega para um destino talvez, mais aconchegante.
No caminho enxergo seres maltrapilhos, homens e mulheres rotos, famintos cheirando a urina. Sinto pena desses seres. Eles sim, levam uma vida de cão e ninguém vai levá-los para casa.
    (Jaqueline Andrade Borges)


    Agradecimento do Blog:
    O Blog agradece à escritora Jaqueline por ceder gentilmente seu conto de estreia. Todo sucesso nessa empreitada e continue conosco. 


sábado, 3 de agosto de 2013

ARS ROMÂNTICA


The New Monet, Abstract Artichokes  (*)
Você, de minha vida, Gramática
Com inesquecíveis adjetivos
De semânticas invejáveis
Por alheias disjunções.
Nem que inúmeras vezes
Você esqueça nossos sentimentos
Eu não esquecerei
Que nos verbos de nossos caminhos
A conjugação que em seus lábios vejo
É o futuro do presente.
Você é meu presente
Dado carinhosamente
Pelo Verbo que se fez Carne.
Queria ser...
Como o caminho não tortuoso,
Pois, interjeições-rejeições
Nos fazem imperfeitos.
Junto com você
Futuro claro
Presente harmônico...
(Devaneios de um sóbrio-desvairado)
Mesmo que me falte inspiração
A catarse deste amor
Escreverá poemas em araucárias.
Nosso Romance – uma Comédia
Eu com minha cambaleante retórica te enrolei
E você, tolerou este títere
Com condução de ourives
Com ciência-paciência
Que fez da pedra bruta da Paixão
Rica obra-prima do Amor.

Marcio J. de Lima
(30/10/2008).

(*) imagem obtida em: http://nescritas.com/poetasapaixonados/listapoesiasdeamor2/1965/01/

TAEs na luta

O blog devaneios literários do lima apoia a Greve dos Técnicos Administrativos em Educação das Instituições de Ensino Federal. Por uma Educa...