sábado, 28 de abril de 2018

Uma formiga carregava um palito (An ant carried a toothpick)

 Formiga De Madeira Vermelha
Uma formiga carregava um palito.
Teria sido eu a carregar uma árvore inteira?
Não sofria exoesqueleto de formiga...
Aquilo era uma beleza, pleno malabarismo em minha frente...
Eu como frágil, mole por fora, duro por dentro, olhava meu oposto, e em meu peito um gosto, malabares com o pinheiro que se desenha em minha frente...
Forte formiguinha... carregou com toda força sem titubear quinze minutos de minha vida, que  às vezes pesam mais que a concreta trave que atravessa os meus dias... forte formiguinha... fraco e interrogativo ser estupefato me senti...
 
Marcio J. de Lima
Guarapuava, 22/04/2018
https://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/?m=1
 
Imagem obtida em:  https://pixabay.com/pt/photos/formiga-de-madeira-vermelha-7152315/



quinta-feira, 19 de abril de 2018

Deus vomita os mornos…

Seja quente de alegria
De boas palavras
De sorrisos nas ruas
De canções nas praças…
Seja quente à natureza que te clama
Àquele que te odeia ou até mesmo àquele que te ama.
Seja quente aos teus sonhos
Que nunca sejam sozinhos,
Pois há almas que te acompanham
E que ser feliz é um ato de consciência
Que nunca pode ser individual…
Seja quente às leituras de livros e da vida
Ao menor que te pede uns trocados, à família que te pede um abraço.
Seja fervente, conte histórias, não tenha medo do ridículo, arrisque um sorriso, um bom dia, um obrigado que seja, uma caridade benfazeja…
Seja quente, saboreie um poema, um salmo, um bom livro que te espera na estante…
Se aqueça com o caminhar, com um abraço, com um ato de caridade, esticando a mão a quem caiu, abrindo a boca ao perdão, no exercício de acompanhar um solitário irmão!!!
Seja quente, goste de gente, natureza e dos animais…
E para que não sejas vomitado!!! Podes sim ser gelo, gelo para neutralizar a tudo que te põe para baixo, mas jamais deixai amornar sua alma, por isso, tenha um pouco mais de calma, mas jamais esqueça, seja quente!!!
Marcio J. de Lima
Guarapuava, 19/04/2018.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Pac-man


Acordei. O sol bateu em meu rosto, turvou meus olhos... Logo mamãe gritou: “Olha o café! Está na mesa!” Ouvi papai responder : “Já chego ai!” Ele estava no banheiro. Pus um pé para fora da cama. O corpo ainda permanecia deitado. Forcei um pouco e lá se foi o outro pé e o corpo se erigiu de todo, em um supetão. Meia dúzia de passos e o banheiro adentrei. Um banho rápido, tomei. Escovei os dentes, penteei meus amarelados cabelos. Troquei o pijama pela roupa que a mamãe preparou. Mais meia dúzia de passos cheguei à cozinha em que ambos os velhinhos esperavam-me para o café. O pedido de bênção aos pais, um beijo em ambos, ouvi atentamente os conselhos o dia – dos dois que me amavam, por isso se preocupavam comigo. Saí à janela, cumprimentei Lili com um afago na cabeça, que respondeu com um ardido latido de quem amava esse humano desajeitado. Lancei-lhe um pedaço de pão, mas preferiu mais um afago...
Voltei à mesa depois de lavar aos mãos. Olhei bem os olhos de ambos. Olhei atentamente ao meu redor. Queria que tudo isso aqui fosse em no mínimo 3D. Já estava cansado daquilo tudo tão quadradinho. Olhei a maçã que estava bem na ponta da mesa, provocantemente vermelha... Mas antes de tudo, comi meu pão com margarina, um pedaço de melão, tomei café com leite adoçado com aspartame. Mais um beijo na testa quente dos velhinhos. Comi a maçã. Dei um tchau. Abri a porta. Peguei logo aquela bolacha amarela que vovó deixou logo na saída da casa, na estantezinha de mogno que ganhou em seu casamento... Comi-a rapidamente.
Ao fim da esquina, piscava ele, um fantasminha azul. Assimilá-lo era minha missão. O último. A diante, fase 2. Uma ótima fase!
Marcio J. de Lima
Guarapuava, 12/04/2018.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Estranha dor!


Batam à porta do céu!
Tentem pôr significado nesta estranha dor!

Anjos, querubins, camelos do deserto, corujas dos campos

ou reveses de um sonhador!

Fiquem me olhando, olhem atentamente... 
Minha dor é real?

Podes crer que a necessidade de representá-la, tão menos, é manha...

Fique aí sentado, tal vazio, que procura preencher meus dias!

Quiçá, seja ele, a trazer, em seus potes dourados, poesia?

Tenho neste momento um medo... pois nem a lascívia prosódica de uns mil versos proclamados em meus ouvidos dão-me prazer...

Blasfemo com um intento de dar vida a palavras...

O que, no mínimo, ousadia, seria...

Tentar neste líquido que pinta a sólida folha, buscando alma,

Buscando em uma manhã ensolarada, um pouco de calma,

Buscando em cada vivente ser um abrigo, um amigo,

E balbuciando nas ruas, quando inteligível, a insigne, talvez infame de Poesia...

Marcio J. de Lima

(29/12/2018)

Fonte da imagem: pixabay

TAEs na luta

O blog devaneios literários do lima apoia a Greve dos Técnicos Administrativos em Educação das Instituições de Ensino Federal. Por uma Educa...