quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Quadro de Dezembro 2012


Obra de: Angelo Gabriel. Óleo sobre tela
Foto: Marcio J. de Lima

Esta é mais uma obra do Artista mirim Angelo Gabriel ao blog. Trata-se de mais uma releitura aprendida em aulas de pintura.  Agradecemos ao menino.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012



Como alguém tão poderoso fez-se tão pequeno?

Com poderosas mãos agraciou os pequeninos.

Sabia-se celestial. No entanto não tirou o pé daqui.

Soube perdoar com tamanha sutileza.

Abriu os olhos dos cegos.

Mas, seu maior milagre foi abrir as janelas da alma.

Ninguém aqui, como ele amou.

Preocupou-se em perpetuar na Paz um reino de Amor.

Como ovelha entregou-se.

Todavia, quão foi sua grandeza

Que mesmo assim ensinou.

Tanta inquietação causou no coração dos poderosos.

Por querê-los humanos, por querê-los humildes...

Com tão sublimes palavras – curava.

Com tão manso amor – ousava.

Com tão singelos gestos – transformava...

Poesias, cantos, contos e teorias –

Tentam descrever tão pacata criatura.

Que com majestosa sabedoria

Ensinava os povos

Que para serem grandes, aos olhos do Pai,

Deveriam ter mansidão

E humildade no coração.

Com tão imensa coragem

O Homem de Nazaré ensinou

Que para mudar para melhor o mundo

Deve-se começar por um pequeno

E espetacular exercício de FÉ.


(25/06/2008).

Marcio J. de Lima

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sábado, 22 de dezembro de 2012

Fim Anunciado...

Espero que o Fim Anunciado
Seja o recomeço...

Quem garante que Deus ao passar os
Olhos pela terra,
Tenha ainda encontrado
Muitos homens de bem,
E deu, por isso, a todos uma segunda chance...

Quem garante?

Portanto,
que o fim seja o recomeço...
E um dia quiçá
Habitaremos um mundo melhor...
Justo, humano e fraterno.
E, principalmente,
Que a criança e o velho,
bem tratados, sejam exemplo
Do quão humanos somos!


Marcio J. de Lima

Mensagem de Natal e Ano Novo

Imagem extraída do endereço: http://revculturalfamilia.blogspot.com.br/2009/12/santo-e-natal-e-feliz-ano-novo-sob-as.html

Gostaria de agradecer a todos os leitores do Blog que estiveram conosco neste 2013, e aproveitar o ensejo para lhes desejar um abençoado Natal e um 2013 repleto de Alegrias. 
Desde quando era criança, o Natal para mim representou um momento de reflexão, creio que para muitos é assim. Via as pessoas felizes, um pouco mais sensíveis ao outro, e com um cumprimento sincero se desejavam um Feliz Natal e um próspero Ano Novo...
Creio também, que para muitos é o momento de saudades daqueles que se foram e não estão comemorando juntos esta festa tão feliz para nós cristãos, e para muitos povos que esperam o renascer de um novo ano. 
Agradeço de coração a Deus pelas bênçãos recebidas por ter amigos que estiveram juntos, mesmo que virtualmente lendo, participando, emocionando-se, às vezes até indignando-se com o que aqui se publicava. Todavia, como digo: a Arte é a manifestação do Belo, e este Belo é a manifestação daquilo que temos de sensível em nossas almas... 
Portanto, continue conosco em 2013, participe, dê sugestões, críticas, ele está aberto à sua participação. 
E por ora, agradeço carinhosamente os momentos que você dedicou a nós... 
Boas Festas Amigos!

Marcio J. de Lima
 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Um homem caído no chão


Há um homem caído no chão. Quem se importa? Bala ao peito. Sangue pintando a calçada. Um sonho estendido no chão, uma esperança... Em casa filhos riem inocentes. Um sonho desenha no piso sua silhueta. Mas quem se importa? Todos passam apressados, resignam-se com a lentidão do trânsito, com a ignóbil figura, raquítica, de mãos encouraçadas, de mochilas nas costas, com sua térmica quebrada, marmita com um resto de comida dando nojo nos transeuntes. Envergonha-lhes. O ônibus vomita pessoas... Aos chutes o corpo anda. Que culpa tinha este cristão? Todos atônitos com seus anseios bradam “liberem a rua!” ”já é hora de minha novela.” “Logo começa o jornal.” Todos seguem... A chuva cai e lava o sangue... Lava a discreta cal que ainda permeia nas mãos de nosso pitoresco herói. O corpo está só. Jogado à rua em frente à igreja. Ouvem-se primeiras cantigas cantadas pelas beatinhas, pontualíssimas às sete horas da noite... O sino toca... A plateia canta animada o canto de acolhida. Uma criança desobedece a mãe e sai correndo na chuva levando em suas pequeninas mãos um cartãozinho com o retrato de Nossa Senhora do Guadalupe. Ela para tristemente em frente àquele moribundo corpo, deposita em suas mãos a santinha. A mãe preocupada com a filha, dissipa-lhe qualquer vestígio de realidade, grita quase que desesperada agarrando a mão da pequenina “venha aqui filha o titio já sara!” A criança olhando para trás joga um singelo beijo àquela figura. A celebração continua calorosa.

(Marcio J. de Lima) 02/05/2011

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Viver sempre viver

Não posso ter vergonha de que me fez feliz...
Não posso me arrepender de tentar viver...
Não posso esquecer de que me fez sorrir...
Nem de aprender com que me fez chorar.

Marcio J. de Lima (Pseudônimo Marcio José Méndez de Lima)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Releituras em Aulas de Pintura de Angelo Gabriel







Este é mais um quadro que o Angelo Gabriel está concluindo em suas "Aulas de Pintura" com Profa. Arlete. É óleo sobre tela, releitura de uma obra já existente. Angelo, tem 11 anos de idade e faz aulas de pintura desde os 9 anos. Incentivar a criançada, eis o nosso dever como pais.




segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O AMOR BATEU NO CORAÇÃO

[ ... ] 
O Amor bateu no coração

Siné vai para a geladeira pega de sua água e a consome como se estivesse no deserto. Meio que aturdida não compreendia o que estava acontecendo em sua vida. – Tudo tão diferente em tão pouco tempo... – balbuciava a si mesma. Nunca um homem havia a olhado como Maxi. – Aqueles olhos, aquela expressão sábia, sua boca, sua voz, seus cabelos, sua sensibilidade, sua inteligência. – Quantas palavras para descrever o que o coração não entendia, somente sentia. Mais do que nunca a necessidade de conhecer o mundo para impressioná-lo fazia-se presente. – Quero saber mais. Quero viver mais. Quero viajar mais. Quero me embelezar. Quero ser feliz. Tudo isso com meu amor. Jogou-se de cabeça – com palavras – no amor de um desconhecido, que o sabia assim, todavia por alguma razão lhe transmitia confiança.
A lua ainda iluminada no céu com brilho se assemelhava a um grande copo de leite alvo, luminoso, inspirador.
Ela pôs uma roupa leve e saiu na escada de sua casa que dava para o quintal. De lá ficou a se alimentar da luz da lua, dos sonhos ao lado do seu amado, das verdadeiras amizades como Dorva que lhe oferecera até ali o que nem uma amiga lhe tinha oferecido – a oportunidade de ser feliz, de sonhar, de conhecer pessoas diferentes – embora não soubesse o que se passava nos pensamentos de sua rival amorosa. Isso Siné não sabia, pois Dorva dissimulou-se muito bem. Sempre prestativa, sempre sorridente, sempre pronta a responder atenciosamente o que Siné perguntava - aparentemente uma pessoa sensível e autêntica. Talvez tenha sido desfigurada pelos flamejantes dragões do ciúme - quem sabe?
Os planos foram inevitáveis voltar a estudar. Decidiu voltar a estudar, preparar-se para o vestibular, pois havia três anos que tinha se formado no ensino médio. – Quero fazer psicologia. Decidi. – Quero fazer poemas. Aliás, esta noite vou fazer um. - Adorava poemas. Eles a faziam sentir-se melhor. No entanto poucas vezes pegou da caneta para compor um. Eis a oportunidade. E num ímpeto queria ler sonetos. Queria fazer para o seu amor – por ora platônico – sonetos. Eles ajudariam também explicar sua paixão. Talvez idealizá-lo como um cavaleiro que a acompanharia, que estaria a protegê-la como a uma donzela em perigo.
O resultado de algumas horas tentando foi festejado logo que saiu a primeira estrofe em um velho caderno:

Meu amor, que de longe imaginado
Pensava existir somente em estrela
Distante, outrora só em meu fado
Acendeu em mim, da esperança, a centelha.

As tentativas se sucederam e adormeceu sentada no sofá não conseguindo continuar a segunda estrofe.
Às duas horas da manhã. Bateu-lhe à porta Maxi. Meio que atordoada abriu-a. Surpreendeu-a com um caliente beijo. E a noite lhe ofereceu a inspiração que precisava para terminar seu soneto. O que foi descrito logo de manhã após Maxi ter se despedido com beijo - enquanto ela dormia - deixando o número de seu telefone e as juras de amor eterno presas pelos ímãs em sua geladeira num bilhete: “Que desta noite ecoe o mais puro amor dos nossos corações. Tomei a liberdade de ver seus versos. Amei-os. Bjs.”

Emaranhei desejo não gozado
Em gotas de orvalho na lapela
Nunca havia deste mel experimentado
Sinto-me agora tinta em sua tela.

Controlava, o pecado, meus conceitos
E você, meu amor, os olhou se quer
Com carinho ignorou meus defeitos

E com amor selou uma mulher
Que jamais sonhara tais deleitos
Que docemente em minha vida se fez mister.
[ ... ]


(Fragmento do Livro "Devaneios em Prosa", Unicentro. LIMA, 2011)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

my mistake? it's forget me


my mistake it's love you...
because, sometimes I don't worry with me...
this is good? I don't know... who knows?
the disaster in my life is don't see in your eyes
the moon of the tomorrow...
my way are the mornings
and the my dreams...
and you're in the both...


(Marcio j. de Lima)

sábado, 10 de novembro de 2012

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Quando o perdão for a regra, o ódio exceção.. e Onde me esconderei...

PENSAMENTOS 


Quando o perdão for a regra, o ódio exceção,
Felicidade estará mais perto que se imaginava,
Assim todos verão...


II

Onde me esconderei  
quando estiver com 
medo de mim mesmo?

Marcio J. de Lima

domingo, 14 de outubro de 2012

Ouvi isso no meu final de semana

Ouvi isso no meu final de semana: riqueza é igual soberba e ganância... mas têm alguns - independente de suas condições financeiras - se tornam soberbos e gananciosos, quando ricos de dons (como alegria, vida, saúde etc) acumulam para si e não distribuem a outrem, nem ao menos um bom dia ou um mísero sorriso que fosse... realmente... a gente sabe disso... mas nem sempre pratica...

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Um feliz dia das crianças a todas as crianças! Esperança de um amanhã melhor e mais humano

Este final de semana se comemora o dia das crianças. Queremos um amanhã melhor, cuidemos de nossas crianças. Devemos escutar o que elas têm a nos dizer e elas têm muito... A cada sorriso, a cada experiência em suas vidas, a cada brincadeira que as levam a ser e usar de sua capacidade criativa (quase que científica), às suas dicas lúdicas – de um viver melhor - que nos dão em suas brincadeiras; elas nos ensinarão a sermos felizes e mais sensíveis, fazendo que assim não nos esqueçamos de nosso passado, com suas vitórias e derrotas, que nos tornou o que somos (hoje). Se contarmos nossas histórias, elas (as crianças) nos escutarão... e se lembrarão de nós por elas. Portanto, contemos histórias a elas, dediquemos a estas pequenas criaturinhas, carinhosamente, um pouco – ou muito -, de nossa vida – apesar da correria do dia a dia – não perderemos tempo e sim, com certeza, prolongaremos nosso tempo; e para contribuir com isso, segue uma minha já publicada neste blog (abaixo) e mais uma vez: Saudemos nossas crianças – esperança do amanhã!

 

BONECO DE NEVE

I

A neve caía branquinha. Cobria toda a cidade.

As crianças brincavam. O mais velho deu a ideia de

construir um boneco de neve. Logo, a criançada começou

a construção, com baldes, pazinhas seguia feliz

a empreitada. A criança mais velha somente moldava,

organizava seus companheiros conforme a idade.

Construiu-se a base. Reuniram-se todos e ficaram

a contemplar carinhosamente a criação. Descansaram.

Faziam planos para o dia seguinte. Cada um

viria com uma peça de roupa para vestir o boneco:

um traria cachecol, outro traria um chapéu velho que

o pai não mais usava, outro tampinha de garrafa descartável

para fazer os olhos e botões da blusa; enfim

cada um procuraria o que trazer para deixá-lo com

uma boa aparência.

A noite cai. A criançada procurou dormir cedo

para levantar mais cedo ainda e continuar a construção.

Cada uma delas possuía uma paz e satisfação por

participar da criação de tal criaturinha.

As portas se abrem. A neve ainda estava muito

espessa e o frio era muito intenso. Baldinhos, pazinhas

se unem novamente. Continuam seus ofícios. A segunda

parte concluía-se. A cabeça já estava moldada.

II

Três partes unidas em uma só. A menorzinha questionava

como se colocaria o coração no boneco, pois ele

deveria ser capaz de amar seus amiguinhos, pois a sua

mãe lhe falou que o amor vem do coração, e é ele que

nos faz ser capaz de amar...

Os braços de galhos eram como se tivessem dedos

nas pontas. Os olhos de tampinhas de garrafas

descartáveis eram azuis. O chapéu velho trazido pelo

garoto ruivo era na verdade uma cartola velha, mas

deixou o boneco como um aspecto de cavalheiro.

O cachecol e os botões foram engenhosamente dispostos.

O nariz teve que ser fabricado. Um pedaço de

papel vermelho feito cone deu um ar de gripado ao

boneco. A boca foi um desafio ao grupo. A menorzinha

fez cara feia da expressão infeliz do “boeco”. Não

queria ela um risco. Queria uma forma de uma metade

de lua. Ele deveria ter cara de feliz.

Em um zape, as crianças concluíram. Houve

uma grande comemoração. Os gritos de alegria se sucediam.

Era para elas um dos dias mais felizes de suas

vidas.

A escuridão caiu. Eles se recolheram, meio que

a contragosto. Nas janelas, todas vigiavam o boneco,

como se alguém pudesse levá-lo dali. Com certeza

todos sonhariam com o resultado do suor de seus

rostos.

III

A solidão da escuridão deu a uma fadinha que

passava por ali a ideia de dar vida ao boneco. Ela perguntou

a ele qual seria seu desejo, ele respondeu que

gostaria de subir o monte mais alto daquela região e

ver toda a cidade e o vale onde ela se localizava, com

toda sua natureza exuberante e os mais longínquos lugares

em que pudesse avistar. E como num passe de

mágica o boneco já podia andar.

Iniciou sua subida, mas antes se despediu da

fada, que se perguntava o porquê dele não querer ser

um garoto... A nevasca que caía não fazia com que

nosso herói desistisse de sua jornada. Em poucas horas

já estava no mais alto de um monte que naquela

região era o maior.

De lá de cima, admirou as luzes que brilhavam lá

embaixo. Lembrou-se das crianças e seus empenhos

para formá-lo o que era agora. Desejou em sua curta

vida de boneco ser uma gigantesca bola de neve.

Pensou em rolar o monte ganhando assim tamanho

e força. Novamente em seus ouvidos ecoaram os gritos

repetitivos da molecada. Pensou que se de lá de

cima rolasse possivelmente causaria uma avalanche

e um imenso estrago nas suas casas que no vale estavam

erigidas. Sentia ainda pulsar em seu peito um

coração imaginário que a menorzinha o criara. Batia

assim uma saudade do chão que o acolhera e decidiu

IV

se eternizar pela alegria oferecida às crianças. Resolveu

voltar ao seu lugar.

Na metade do caminho, um lobo que o acompanhava

sem ser percebido o questionou por que não

descia rolando, iria mais rápido. Justificou o boneco

que dessa forma era a correta, pois se rolasse a muitos

machucaria; principalmente aqueles que dedicaram

muito a ele. Em pouco tempo este serzinho absorveu

o que de melhor havia nas pessoas: a preocupação

com aqueles que dedicavam pelo menos um pouco

de suas vidas aos outros, sorrisos, a criatividade,

a união, a pureza, a malícia ingênua, a preocupação

com o semelhante; enfim ele conheceu a pureza do

coração das crianças.

Chega novamente àquele lugar a que reconheceu

como sua casa. Durou poucos dias, pois logo chegou

a primavera e com ela os primeiros raios de sol.

Imaginou que sua missão de boneco estava cumprida

e amanhã faria parte das águas que subiriam ao céu

e de lá retornaria alegremente em um novo ofício - o

de água - levando vida a todos os lugares até chegar

novamente ao imenso e indescritível mar.

 

Bibliografia: LIMA, Marcio J. de Lima. Devaneios em Prosa. Guarapuava: UNICENTRO, 2011 (p. 76-83).


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Sinestética: um amor em um momento

[...] Abre-se aqui um parêntese para comentários a respeito do tempo. Os dias, antes da revolução na vida de Siné, eram muito extensos, a sua dor, muitas vezes sem motivo, pareciam infindáveis. Suas mágoas regurgitavam em suas vísceras e o tempo regurgitava dessa forma. Seu sofrimento diário sempre era novo. No seu interior a dor era intensa – fibromiálgica. Embora buscasse externar-se como pessoa feliz, sorridente, muito pronta a tudo, quase uma mãe de suas amigas. Era estoicista, sofria por suas amigas, por ela mesma, pelo mundo, pelas estrelas... Agora as novidades de uma vida radiante aceleravam sua vida, páginas novas no livro de sua existência, eram páginas prazerosas de serem folheadas e quando revistas reavivavam mais ainda seu dia a dia. Tornou-se solidária, agora, de sorrisos, de bons conselhos, porém sem deixar-se contaminar pela dor do outro. Sentia prazer e podia ser fonte de luz aos outros. Uma nova vida. [...]


Referência:
LIMA, Marcio J. de Lima. Sinestética: um amor em um momento. In: Devaneios em Prosa. Guarapuava.: Unicentro, 2011, p.50.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Parque de diversões

Deus nos dá 
Uns brinquedos 
Bem interessantes
Para que possamos 
Nos distrair nesta 
Breve passagem
Neste imenso
Parque de Diversões.

(Marcio J. de Lima)

sábado, 8 de setembro de 2012

COISAS DA POESIA (poetry stuff).


Às vezes fico a refletir sobre a poesia, seus efeitos e os eventos que as inspiram. Dias atrás me atrevi a compor um poema. Depois de muito pensar saíram os versinhos que seguem “Você, luz que rasga minha manhã, pele de açucena, boca de maçã”. É realmente só os mais ilustres escritores definem adequadamente a poesia, mas quando é possível vivê-la, talvez esteja aí a sua alma – fazer os dias mais vivos à luz da poesia – então é poeta quem também consegue escrever uma vida mais rica à humanidade. Quem sabe o momento da composição seja o mais puro e verdadeiro momento poético... Mas aí iríamos longe nesta divagação. Penso que muitas vezes o trabalho acaba com a espontaneidade da obra (fazer, refazer, reescrever, incrementar, etc)... Mas... sustentar a metáfora é algo difícil. Principalmente se você escreve uma declaração dessa (como a acima) antes de seu amor acordar pela manhã e... logo após ao lado da cama você a encontra. Cabelos despenteados, sem a maquiagem do dia a dia, sem a fragrância de sua boca, sem a poesia necessária ao momento... Mas é o amor, quiçá dá-nos o presente de ver algo que só o coração enxerga... Diga-se de passagem, ainda bem que os corações são generosos (pelo menos às vezes ele realmente é – os poetas com um certo romantismo que o digam). Senão perderíamos o lirismo dos momentos românticos e a sátira inadequada poderia dar lugar a um poema de escárnio ao invés de um de amor... Todavia... sairiam - quem sabe - umas metaforazinhas, ao meu ver bonitinhas... Então salve a poesia que às vezes nos causa miopia e não nos deixa enxergar aquilo que os olhos poderiam ver. E digo... se meu amor tem algum defeito faz tempo que não enxergo... se não é o efeito da poesia, então terei que trocar meus óculos e achar um jeito de consertar os meus sentidos!


26-6-2012 - Marcio J. de Lima

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/boca-lábios-menina-sorrindo-mulher-2160205/




domingo, 2 de setembro de 2012

EDUCAÇÃO: O FERMENTO DA MASSA PARA FAZER CRESCER UMA NAÇÃO

Livro, Velho, Surreal, Fantasia, Páginas
"O principal ingrediente da massa da Educação é: Pessoa. O mais é acessório. Portanto, investir primeiramente em Pessoas – em quem aprende, em quem ensina. Quem sabe um dia – Educados - saberemos o valor real que cada Uma representa".


(Marcio J. de Lima)

 Fonte da imagem: https://pixabay.com/pt/illustrations/livro-velho-surreal-fantasia-863418/ 

sábado, 18 de agosto de 2012

Eu Rio!



Dos diques
que procuram interromper
o meu destino...
Eu rio!


(Marcio J. de Lima)


Imagem extraída do endereço:http://geografiadodesejo.blogspot.com.br/2010/07/fluir.html

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Pobre menina

Pobre menina. Em frente à velha tevê,  que fora descartada no lixo e apanhada por seus pais,  não percebia sua infância sugada. Os pais inertes à mesa. Somente sonhavam. Nunca haviam sofrido tanto, por suas dores e pelas de outros. Pensavam "quanto dinheiro na mão de poucos e em nossos bolsos as migalhas deixadas pelo sufoco de um mês  inteiro de trabalho". A barriga roncava, todavia a menina sentia-se feliz... seus pais estavam ali... protegiam-na daquela dura realidade.  Para dormir, somente para ela era dado  um copo de água doce e um pão surrado... Seus pais  tinham as entranhas consumidas pela fome, mas seu anjinho dormia com aquele sorrisinho inocente em sua rósea face.  Um beijo na testa do seu pequeno rebento.   Um boa noite. Sonhe com os anjos. Amanhã é um novo dia!

(Marcio J. de Lima)

http://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/2012/08/pobre-menina.html?m=1

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A obscura vida de Julião dos tomates


Sempre achei Julião dos tomates muito gente boa. Excelente pai de família, bom pagador, comportado cristão, fazia sempre doações assistenciais – repartia com o próximo. Conhecidíssimo nas redes sociais por suas boas ações e campanhas ali lançadas a favor dos não afortunados. Eu somente não conhecia um lado da sua vida – que creio obscura – e até hoje me pergunto. O que fez que tal cidadão tivesse por notícia de sua passagem (à outra vida) – a espontânea manifestação de 832 pessoas que curtiram a sua morte?

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O SERVO

                                        Pintor: Angelo Gabriel, in: aulas de pintura (óleo sobre tela ano 2012)

Olhava sempre ao alto, sua tez resplandecia com os últimos raios solares daquela maravilhosa e límpida tarde.
Estava solitário. Os pássaros faziam o cortejo, como se aquele fosse um rei. O azul-celeste de seus olhos fitava o verde vivo das videiras, e o marrom seco do solo queimado, que ao sopro suave da brisa, soltava uma poeira fina, a qual cobria a vegetação rasteira do caminho.
Caminhava o homem, sem descansar e olhar para trás. Seu olhar sério refletia sua compenetração e a contemplação de tudo que o cercava. Um sorriso esboçava-se em seu rosto ao perceber os pássaros cantantes, que retornavam aos seus ninhos, felizes se abrigavam para passar a noite. A brisa fazia seus cabelos ondulados esvoaçarem. O caminhar era calmo. Os passos eram sequenciais e constantes, quase não parava. O olhar fixo ao cume do morro fazia-o ainda mais distante, como se chegasse ao céu, e lá permaneceria.
O caminho estava coberto por poeira, que ao longe quando se movia parecia possuir vida própria com helicoidais figuras autônomas criadas pelo vento, vegetação rasteira com pequenas flores rosa e brancas que ofereciam ao caminho uma rósea imagem de paz e conforto; e algumas pedrinhas soltas pelo caminho que ora ou outra entrava em suas sandálias, que eram retiradas pacienciosamente como se elas o fizessem refletir. Seus pés estavam levemente empoeirados e cansados pelo longo caminho percorrido.
O homem olhou à sua frente e percebeu uma fonte de água que saía das pedras e jorrava cristalina formando um pequeno córrego e logo desaparecia ao meio das liquentas rochas. Ficou a admirar a limpidez da água e logo juntou as suas mãos, como uma concha, e bebeu-a agradecendo-a ao Pai por sua função de dar vida a todas as criaturas da terra. Molhou o rosto e os cabelos e seguiu caminho.
No cume do morro morava, em uma imponente casa, uma família que optou em viver longe de tudo e de todos.  Da família eram três pessoas pai, mãe e um filho. Semanalmente ordenavam a um dos empregados buscar na cidade mantimentos e o que precisassem. O empregado de confiança da família estava muito doente há mais de um mês e a família começava a sentir falta de algumas coisas para casa. O serviçal não recebeu nenhum medicamento para o tratamento de um mal súbito que o enfraquecera a ponto de não se pôr mais em pé. A família recolhera-se ainda mais e, deixara o pobre empregado a sofrer num quarto escuro e fétido pelo bolor das paredes. O pobre suplicava por ajuda. Clamava ao céu principalmente. Sua dor era muito mais pelo abandono do que pela doença em si. Via-se próximo da morte, mas agonizava esperançoso pela clemência dos seus senhores aos quais sempre se doou pela troca de pão e lugar para as noites recostar sua cabeça.
O agonizante escuta passos se aproximarem do quarto. Os passos se aproximam cada vez mais. Uma paz tomou completamente o serviçal, o qual percebeu através das frestas o sol resplandecente e os pássaros a cantar à procura de ninhos nos beirais do casarão para passar a noite. O homem esperou os passos desaparecerem. Lembrou-se do seu passado dedicado apaixonadamente à família, seus senhores. Alegrava-se pela certeza do dever cumprido: ordens sempre recebidas e executadas com a devoção dos santos. As mãos grossamente calejadas juntavam-se em um ato solene ao peito. Os lábios proferiram palavras sacras de clamor por piedade. A luz que lhe era próxima faz-se distante, até que lhe são toldados os sentidos.
Alguém bate a porta. O patrão a abre. Aparece-lhe um homem de vestes brancas numa alvura impressionista que se apresenta como seu servo.
A voz do senhor segue-se friamente:
- Você começa amanhã. Alfredo acaba de falecer.
(Guarapuava, 1999)

Texto Publicado no Jornal Correio do Cidadão (Guarapuava - PR), confira!

https://www.correiodocidadao.com.br/noticia/o-servo

Devagar se chega à felicidade!


O que engana nossos sentidos,
Engana principalmente nossa forma de sentir o mundo...
Portanto, duvide de tudo num primeiro momento!
Até chegar à verdade ou o mais perto dela!
 

Mas, se as mentiras que te contarem te fizerem feliz,
faça este caminho bem devagar... deleite-se,

mas não te entregue a elas tão profundamente...
A felicidade está tão difícil de se encontrada ultimamente!

Pode ter certeza; bem mais que as verdades!
marcio j. de lima

Imagem obtida em: http://images.comunidades.net/um-/um-reikitarot/5_sentidos.jpg

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Saudade do avô

Devaneios Literários do Lima: Saudade do avô: Seguia. Não sabia bem ao certo aonde ir. Aquele dia acordara muito cansado. Sua cabeça doía. A lembrança de alguém que amava brotava. Era,...

Saudade do avô (miss grandpa)

Mulher, Novo, Velho, Espelhos

Seguia. Não sabia bem ao certo aonde ir. Aquele dia acordara muito cansado. Sua cabeça doía. A lembrança de alguém que amava brotava. Era, de certo a de seu avô. Pensou... era ele sim que fazia falta naquele momento. Há muito partira. Mas... algumas histórias permaneciam vivas. O vô homem forte, de sonhos duradouros, de muitos planos. Por que se fora? Havia muito a aprender com ele. Havia muito a dizer a ele. Estava cansado. Seus movimentos não estavam produzindo vida, ao contrário a cada dia esvaziava-lhe cada vez mais. O vô saberia como fazê-lo viver mais, aproveitar seu tempo, ou pelo menos fazer entender o cansaço que lhe pesava tanto e seu porquê. Pensou, sentou no banco da praça, ficou a curtir profundamente a saudade de quem amava tanto, ele de certa forma estava ali - certamente - vivo nas lembranças e em seu coração.

Marcio J. de Lima
 
Imagem obtida em:  https://pixabay.com/pt/photos/mulher-novo-velho-espelhos-4331973/

domingo, 22 de julho de 2012

Uma Noite Solitária

Imagem obtida em: http://jorgebichuetti.blogspot.com.br/2012_08_01_archive.html
 
_______O vento batia violentamente na parede da velha
casa. Soprava uivante como lobos em noite de
luar. Os trovões, os raios e os relâmpagos se sucediam
em um espetáculo assustador, pelo menos para
as mentes daqueles que não possuíam uma alma
pura para enfrentar o medo proporcionado por uma
apocalíptica noite. Logo começou a chover. O vento
se exaltava cada vez mais, trazendo consigo os
primeiros pingos violentos daquela que seria uma
tempestade dantesca. Ramiro assustava-se com tudo
isso. Os galhos das árvores batiam na parede, no telhado;
dava-lhe a impressão de que alguém tentava
derrubar a casa.
Ramiro sempre ouvira as histórias dos mais velhos
a respeito das pessoas que foram atingidas por
raios, por isso tremia freneticamente de medo como
se fosse uma apavorada criança, embora estivesse
com dezessete anos. A cada raio, pulava. Estava sozinho.
Seus pais haviam saído ver seu tio, irmão de seu
pai que se encontrava muito doente.
Seu tio era para ele um herói, contava muitas
histórias de viagens, de passeios, de fantasmas
e de lendas de tesouros escondidos. Narração que
vinham seguida de uma vivacidade pungente, que
o emocionava arrancando sensações mais puras e
verdadeiras que somente os narradores mais eloquentes
conseguem.
Vinha-lhe à mente a história do velho João, que
seu tio sempre comentava como testemunho de que
a alma é imortal e, o corpo é um simples abrigo desta.
Dizia ele que na noite em que o velho João falecera
escutou um barulho, como se algo tivesse caído. Foi
ver o que era. Caminhou pela casa toda e tudo estava
em perfeita harmonia, tudo estava em seu lugar.
Sentiu um frio correr pelo corpo inteiro, mas dizia
ele a si mesmo que estava tranquilo, “era uma reação
natural dos nervos!” Voltava à velha poltrona. Lia um
livro de contos de Edgar Poe. Julgava ele que tais sensações
eram geradas pela temática dos contos lidos.
Após alguns minutos, novamente ouviu alguma coisa
cair, desta vez a intensidade do barulho era mais
alta e, dava-lhe a impressão de que caiu no piso da
cozinha. Pensou... “É ladrão”. Pegou a vassoura que
se encontrava perto – era só o que se encontrava por
perto e podia defendê-lo naquele momento pensou -
e caminhou sorrateiramente. O coração em batidas
violentas parecia que sairia correndo e deixaria quem
dele precisava. O suor em seu rosto vertia como água
salobra dos gêiseres. Tentou acalmar-se um pouco e
planejava o ataque. Talvez contra um ladrão. Apro77
ximou-se da porta da cozinha e pela fresta observou
lentamente, mas nada viu. Caminhou pela casa toda
e nada percebeu de anormal. Tudo em seus lugares.
Olhou pela janela e tudo estava bem. A curiosidade
o assombrava. Queria saber o que era. Interrogava-
-se, levantava hipóteses do que podia ser. Sentou-se
à mesa da cozinha, ficou a refletir, pensou em rezar.
Às primeiras avemarias, escutou o telefone tocar. Uma
voz baixa e triste de uma mulher lhe disse: “meu irmão
se foi. E, como você era muito amigo dele, lembrei-
-me de ligar a você.” Tudo isso lhe vinha à memória.
E o pavor era cada vez maior. Falava baixinho “meus
pais, meus pais”...
“Não sei por que as coisas que nos amedrontam
parecem imperceptíveis quando estamos com nossos
pais”, pensou Ramiro. O vento soprava, parecia-lhe
cada vez mais forte dando-lhe a impressão de que
a velha casa construída há mais de cinquenta anos
não aguentaria. Interrogou-se se poderia gritar para
espantar o horror. Pensou “estou sozinho, e as casas
vizinhas ficam no mínimo a dois quilômetros”, pois
morava em uma chácara. E, em um ato de desespero
berrou. Berrou como o pobre personagem Eurico o
presbítero - que se atirou em um ato insano contra um
exército sarraceno que o perseguira com o intuito de
como algo digno dos grandes heróis, ou como o silêncio
que prenuncia algo pior a acontecer.
Ouvia a chuva, e, de certa forma, começava a se
acostumar. Já o vento não soprava tão forte, e os raios
já não eram despejados com a mesma frequência.
Ramiro mirava o retrato de casamento de seus pais,
contemplava a face de ambos, sentindo a saudade dos
solitários ermitões. Relembrou da noite anterior em
que seus pais o aconselhavam para melhorar suas notas
escolares.
Num abrupto instante, escuta um estrondo –
como jamais ouvira antes -. Algo precedido de uma
imensa luminosidade que tolheu seus sentidos. Sentia-
-se como se estivesse gritando apavoradamente, tudo
brilhava ao seu lado. Sua visão não oferecia nitidez que
dá ligação do real, do lógico, ou do possível para nossas
mentes racionais. Era um sonho, um devaneio, talvez o
mesmo que sentiu Dante Alighieri quando viu tais céus
e infernos, como ele mesmo afirma ter visto com os
olhos humanos maravilhas e horribilidades que a mente
depois se esvai na tentativa de relembrá-las...
Tudo se distorcia. A porta já não estava no mesmo
plano em que se encontrava. Estava ela para ele
à distância, era como se estivesse bem distante, talvez
no horizonte, e sua magnitude era como se fosse
a porta celestial. Gritava ele, mas o som que saía
parecia aos seus ouvidos algo incompreensível, quase
inaudível; afinal ele nem sabia para quem gritar e o
que gritar. A porta se aproxima dele. Como algo que
vem automatamente, como a vida dos humanos, ou
como o movimento das máquinas. Não sentia suas
mãos, que aos seus olhos pareciam disformes, ora agigantadas,
ora minúsculas. Seu coração batia em um
ritmo descomunal, como se lhe fosse sair do peito. A
saudade batia juntamente com seu peito num frenesi
desvairado, galopava em sua frente sua fé com algo
que ele acreditava, mas há muito havia esquecido –
pela correria do seu quotidiano, ou pelo desleixo dos
afazeres fúteis -.
A porta se aproxima muito mais. Alguém saiu de
lá, não se apresentava nitidamente. Fecha-se a porta.
Abre-se novamente e mais alguém sai de lá. Ambos
revestidos de muito mais luz que o seu ambiente atual,
que já se encontrava aparentemente muito iluminado.
Ramiro agora, sente-se correr para a porta em
uma i-n-f-i-n-d-á-v-e-l correria, num caminho tranquilo
e já não tão assustador. Olha mais para as pessoas
que se aproximavam dele e, percebe-os um homem
e uma mulher. Chega mais perto. Suas pernas amolecem
e ele cai. Quando olha para perto de si observa
duas sandálias e logo mais duas e, ouve uma voz doce
e suave que diz em coro “meu filho”. 
(FIM)


(Do livro Devaneios em Prosa, UNICENTRO, (Lima, 2011, p. 71-79)).




(Marcio J. de Lima)

Texto publicado no Jornal Correio do Cidadão (Guarapuava):

https://www.correiodocidadao.com.br/noticia/uma-noite-solitaria

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