quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Borboleta


Pobre moça que padece de sofrer de ingratidão. Embora alegre, sei que segue na correria do mundão. Não teve tempo de escrever, nem para agradecer o milagre que agora narro, tão alegre de prazer.
Aconteceu em uma clara tarde, os pássaros a cantar, eis que passava bela; encantando até o mar. Assobiava seus dourados anos, a vida a curtir; na desfé sempre vivia, não se preocupava com o porvir. Era estudo, casa, amigos, festas, bem próprio da juventude, era como se eterna fosse, vivia sempre livre pela cidade. Seus velhos esquecia, não lembrando mais da infância. Fazia planos para o amanhã, condizente com a ganância.
Pensou em tantos mundos, em tantas opções, tinha tempo para tudo, mas esquecera das orações...
Retomando àquela tarde da qual eu lhes falava; infelicidade nunca é certa; mas aconteceu onde ela estava. Foi um carro desgarrado que a pegou por um acaso – tempo depois fiquei sabendo com detalhes todo o caso... A tristeza habitou seus dias a partir desta tarde. Como uma chama ardeu sua alma, com a ação de um ébrio, fraco, covarde...
Vários dias no hospital, a recuperar-se do ocorrido, era a frieza que fazia seu vigor ser corroído, que era dia a dia semeado da saudade de seus passos. Que ia pouco a pouco deglutindo a alegria de seus traços...
E o tempo foi passando, e o tempo fez-se amigo, oportunizou ficar mais com seus e também mais consigo...
Conhecendo muito mais, conheceu o que não conhecia até. Olhando as crianças que brincavam em seus risos, encontrou-se com a fé... Quis buscar saber mais, donde vinha a esperança prometida há tanto tempo por um Deus que se fez criança...
Os dias se passavam, em sua frente a natureza, era rica em sua composição, diversificada em beleza.
“Se o Pai faz muitos milagres, por que em mim um não faria?” Decidiu então pedir, ao Grande Deus, todos os dias... Era busca incessante, oração, fisioterapia. Buscou apoio também nos braços da Virgem Maria...
Eis que chego de onde parti, da minha humilde narração, pois ponho os meus versos a traduzir um privilegiado coração...
Eis que à sua frente passa uma linda borboleta, bate as asas intercalando cores preta e violeta...
Dá nela uma vontade de correr ao observar lindo inseto, que celebra a vida em plenitude em seu viver tão modesto...
Eis que uma perna se mexe, a outra a seguir, com os braços se apoia, com seu corpo a erigir...
O milagre se opera, desde então começa a andar, recupera como antes, sua beleza como o mar...
Os dias se sucedem, os amigos se reaproximam, se afasta pouco a pouco, dos que de coração a amam... dos quais quando está triste sempre a reanimam.
Na correria do dia a dia, esquece-se de orar. Agradecer é parar, e parar não quer pensar...
De braços abertos ficaram família, Deus e Maria. Eles não querem o mal da moça, e cada um deles diz “te amo, siga em frente minha filha!”.
(Marcio J. de Lima)


Imagem obtida em: http://pt.appszoom.com/android_themes/wallpapers/purple-butterfly-wallpapers_ilylv.html

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Consciência...

Poema I



Podia descrever os horrores de outrora

Que lhe carcomiam a alma...

Das lembranças de sua mãe, África...

Todavia, desejo saudar-lhe como

Parte de um todo que ajudaste construir...



Se muito devemos... pouco temos feito

Não tratarei neste poema...

Não quero te homenagear como diferença.

Pois entendo todos como iguais...

Mas, não me omito com a indiferença

Que a muitos, ainda sem consciência, o enxerga...

Sonho com um mundo de igualdade,

Sem distinção de cor, de raça, de religião, e que haja muito respeito

Entre os homens...



Acolho-te, louvo-te como operário, como todos que aqui passaram

E deixaram seu sangue, seu amor, seu suor... suas histórias...

Firmando o Brasil como uma nação acolhedora, com ideal de igualdade,

De acarinhar em seus braços os mais necessitados...

De ouvi-los...



Todos verão que da terra brotam todos...

Todos verão que da terra brota vida...

Todos verão que sendo terra... homem...

não nos cabe sermos diferentes...

Somos sim... terra...

Somos sim... iguais.

Marcio Lima

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Poema sem volta... (Poem of no return...)



Quero soltar meus versos, ao centro de uma praça, solitariamente... Correrão inaudíveis aos que ali passarem. Soarão totalmente voluptuosos, porque ali não é um corpo que se desveste... É uma alma que se desvela. Cairão os pássaros ao chão, atônitos; argumentarão talvez os sonhos que ali se aninham nas mais altas árvores... Talvez a senhora que ali, marafona, me dê ouvidos, e chore de saudade do tempo que não lhe faltava pão pela riqueza de seu agridoce ofício, em que declamava poemas tão concretos em tantos ouvidos desconhecidos... Relerei Baudelaire destoando seus intentos... Sentarei a olhar o Gato Preto que escapou de uma parede qualquer aprisionado metaforicamente, ou talvez denotativamente, por Edgar Poe... Muitos me olharão, mas não me verão... pois serei só um zunido empurrado pelo Minuano estampido do Sul de minha Nação... Serei sol a mim mesmo, lua para moça que espera ansiosamente que me cure de minha insanidade, serei o espirro provocado, por uma alergia ao novo, a um misantropo... Quero, quiçá, me declarar totalmente sacrílego à última flor do Lácio, por não pensar nas consequências de tentar materializar os descampados de minha alma... Sendo uma peste que soa lentamente a separar corações... pai de filho, mãe de filho, mãe de pais e filhos... Talvez me sentirei culpado, por isso, e cairei por terra, e levantarei dali humilde, humos, a reiniciar cada versinho não tentando escalar inconsequente e tão despreparadamente o topo dessa montanha que nasce onde  o sol  se põe...

(marcio j. de lima)

Imagem obtida em: http://escolaestadualprofessorgersonlopes.blogspot.com.br/2010_05_01_archive.html

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Vida gera vida...



Voaram as primeiras folhas
Caíram em um jardim qualquer
Apodreceram como tinha que ser
Alimentaram cada flor ali
E a morte das pobres folhinhas
Trouxe muita vida
A quem viu a beleza de cada orquídea
Ali a se exibir...
Marcio Lima


Imagem obtida em:http://www.raphanomundo.com/2010_09_01_archive.html

Este momento 1...

Dói.  Forma estranha de começar um poema. Forma medíocre para o mundo que só vende fórmulas para livrar-nos da dor. Assumir alguma dor é mei...