domingo, 23 de fevereiro de 2020

Amor em minhas mãos...

Tenho amor nas mãos. Tenho o respeito pintado em minha face. Tenho os trocados que mereço, só o que meu suor converteu. Tenho um pedido de perdão estampado em meu rosto. Um punhado de sonhos que me perseguem tão docemente. Um amor, minha cúmplice, companheira de jornada, um conselho em cada queda... Tenho a fé que me levanta, a esperança no ser humano, o amor aos animais, o doce abrigo natural, o procurar desviar do mal... Tenho pouco em meus bolsos, o razoável em meus poemas... Tenho luz em minha cama, por amor tenho em meus calçados, lama... Tenho um quê de rebeldia. Nos dias tão difíceis, alegria. Tenho clichês tão meus, um imenso Deus a me ensinar, sobretudo, amar... Tenho amizades sobre a terra, nas águas, nos ares, nos mares. Ensinamentos em folhas de papel, nas ruas e nas praças, nos momentos difíceis e de graça, em lugares tão ermos, e até, no meu peito, mesmo... Tenho tantas coisas, e ao mesmo tempo, nada... Porque assim somos, estamos, seres a caminhar... e a nós resta pouco, mas há também o muito, e isso se chama, escrito nas estrelas, ou no rosto das pessoas: amar...
Marcio Lima
22/02/2020

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Estranho


Achou estranho. Olhava para face de seu interlocutor, achava algo de.. de.. talvez inexplicável, mas resolveu não questionar.Tinha quase certeza que eram suas mãos grandes. Mãos que seguravam quatorze livros de uma vez, entre eles uma edição do vade mecum de 1997. Não, não era isso, pois olhando bem, começava a achar, esse dom, normal. Talvez então fossem suas grandes orelhas que acabaram de tocar o chão. E que logo após atenderiam pacientemente uma fila de dez pessoas na sequência... Conselhos meu caro, conselhos, eis o que me espera logo após conversarmos. Sorria de lado, e ficava a me escutar. Minha boca parecia uma bomba de água a esgotar um mar sem fim... Não, não era isso que parecia ser estranho. Há orelhas onde há o dom da paciência. Pensei. Ao se levantar para nos despedirmos, notei que em seu pulso havia um relógio. Quem usaria relógio hoje em dia? Com o advento do celular, dos computadores, das modernas técnicas de ver a hora pelo sol, da pergunta ao transeunte que possuía o poder de informar o tempo, da não necessidade de saber que horas são dos felizes que o visitavam... Quem usaria tal adereço? Realmente. Isso era muito estranho. 

Marcio Lima

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Não sabia... Era amor?

Não sabia... Era amor? seu eu amava,
Sem saber o que sentia,
Disse atônito que não sabia...
Meu interlocutor ainda indagava...

Se sentes falta quando não a vê,
Aquele vazio que não se completa,
À sombra de seus olhos, su'alma repleta,
Acaba sua inércia, sai da frente da tevê...

Não sei se isso posso chamar de amor,
Se não for, pelo menos, uma provocação,
Com ela, acaba parte de minha dor,

Aliviado segue meu ferido coração,
Em meu jardim dos dias, tudo é flor,
Se não for amor, é uma doce atração...

Marcio Lima

Imagem: freepic

Este momento 1...

  Dói.  Forma estranha de começar um poema. Forma medíocre para o mundo que só vende fórmulas para livrar-nos da dor. Assumir alguma dor é m...