quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Homenagem a Cora Coralina do blog devaneios literários do Lima


Não quer esquecer, decora!
Quer ensabecer, pratica!
Não quer esquecer de Cora?
Desvela seus escritos...
Nuns versos tardios, ao mundo revelados, em relação ao tempo do relógio...
Oportunos ao tempo da essência...
Há de ser na apuração da adega recôndita o mais puro que alma e palavras podem unir...
Voam sonantes, faceiros, frutos eternos, versos corais...
Fez obra-prima, Cora, versos imortais...
Não quero esquecer tão singelos versos, jamais!

Márcio J. De Lima
https://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/?m=1

Segue uma doce amostra:

"Conclusões de Aninha

Estavam ali parados. Marido e mulher.
Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça
tímida, humilde, sofrida.
Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,
e tudo que tinha dentro.
Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar 
novo rancho e comprar suas pobrezinhas. 

O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula, 
entregou sem palavra.
A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,
se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar
E não abriu a bolsa.
Qual dos dois ajudou mais?

Donde se infere que o homem ajuda sem participar 
e a mulher participa sem ajudar.
Da mesma forma aquela sentença:
"A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar."
Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso
e ensinar a paciência do pescador.
Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se fizesse
o desvalido não morreria de fome?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra"

Cora Coralina

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/aqu%C3%A1rio-peixes-mundo-subaqu%C3%A1tico-2645502/
'

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

A estrela sem mais hora... (The star without more time...)



Sim, entre retas e semicírculos escondia-se uma pequena história. Era de uma moça pobre, nordestina, esguia, sem vitalidade, sem esperança, desumanizada pela pobreza da falta de alimentos e dignidade... Alguns caroços na cabeça acompanhavam sua história, frutos de uma tia malvada e de uma vida sem a força nos miolos e na voz. Vontade imensa de ser quem não era, como tantos de nós...
Talvez, seu único trunfo foi ter caído na mão de Clarice Lispector que de toda sua genialidade fez de Macabéa sua majestosa obra de arte.... Pôs vida na fria, vazia, cerâmica barroca... Iluminou com sua epifania um vaso de coca-cola, uma moça a escutar um velho rádio de pilha, uma vasilha de esvaziamentos diuturnos de uma alma qualquer - situação, às vezes, não suportada por muitos humanos...
Assim, aos pingos de tinta ao cingir a folha branca, misturados aos seus, desfez-se Maca à luz de sua estrela, ao erro da cartomante, ao sopro do destino, uma alegria quase eterna de poucos minutos, em relação a uma tristeza sem fim... Humana por poucos segundos... Até à sua morte e fim... Até a sua morte, sim!
Marcio J. de Lima
05/07/2017
(Uma singela homenagem à Clarice Lispector e seu - Romance, conto, novela, grande poema??? - A hora da Estrela.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Boa noite! Dê um beijinho, querida!

Um copo de remédio...
Um gole d'água
Uma bitoquinha
Um "boa noite!"
E cem motivos
Pra ser feliz...

Dois corpos ardentes
Em plena ebulição...
Logo após...
Um para um lado
Outro para o outro...
O cansaço da vida moderna
Venceu o corpo...
Jamais a alma...
Será mesmo?

Márcio J. de Lima
Do blog devaneios literários do Lima 


Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/arte-digital-trabalho-art%C3%ADstico-404283/ 

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Tudo se banalizou?

A morte é banal

A fome é banal

O amor é banal

Meu pensamento, animal...



A política é banal

O pensar é banal

O gritar é banal

Meu pensamento, animal



O respeito é banal

A comunhão é banal

Ser igual é banal

Meu pensamento, animal



A família é banal

A moral é banal

Ser diferente é banal

Meu pensamento, animal



A palavra é banal

A partilha é banal

O homem é banal

Meu pensamento, animal



A paz é banal

A arte é banal

O sonho é banal

Meu pensamento, animal



Pensar é banal

Agir é banal

Poetizar é banal

Meu pesamento animal


Marcio J. de Lima

http://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/?m=1

Este momento 1...

Dói.  Forma estranha de começar um poema. Forma medíocre para o mundo que só vende fórmulas para livrar-nos da dor. Assumir alguma dor é mei...