Já me buscastes nas ruas nas quais nunca sambei... debaixo
da coroa tão suja do rei...
Já me encontrastes na lua, debaixo da ponte, com sede,
deitado, na fonte.
Já me entendestes quando deixei me entender, me comprastes
quando quis me vender...
Já comprei verdades tão cruas.
Em plena geada, vi senhoras tão nuas...
Já me venderam verdades tão minhas. Eu, com fome, me
ofereceram, cruas, coxinhas...
Já fui um dia inteligente, ao saber quando calar, ao saber a
quem amar...
Já pensei no futuro, já chorei pelo passado enquanto dormia
no presente sob meu corpo...
Um dia brilhou no horizonte uma esperança pungente, se
fazia, um sonho, urgente.
Vi tantos falsos heróis.
A buscar a Honestidade, tantos faróis.
E a grana podre, debaixo dos lençóis.
Tanta gente sofrendo de fome, injustiça, convalescência,
carência. Queimando em seus sóis.
Já vi muita gente clamando a Deus... E, logo após,
julgando-se o Próprio... Enquanto Ele, indistintamente, a todos amava...
Empanturrei-me de tantas bobeiras... Matei o meio no qual
vivia.
Machuquei a quem, por mim, sofria. Machuquei, sem querer
José, João, Fátima, Maria...
E, de tanto procurar, para tudo, saída, esquecia-me de
relaxar, amar o meu próximo, pois tão curta é a vida...
Marcio José de Lima
Guarapuava, 09 de junho de 2016.
Imagem créditos a: https://pixabay.com/pt/c%C3%A9u-o-c%C3%A9u-de-noite-nuvens-173742/
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