quinta-feira, 24 de agosto de 2017

A estrela sem mais hora... (The star without more time...)



Sim, entre retas e semicírculos escondia-se uma pequena história. Era de uma moça pobre, nordestina, esguia, sem vitalidade, sem esperança, desumanizada pela pobreza da falta de alimentos e dignidade... Alguns caroços na cabeça acompanhavam sua história, frutos de uma tia malvada e de uma vida sem a força nos miolos e na voz. Vontade imensa de ser quem não era, como tantos de nós...
Talvez, seu único trunfo foi ter caído na mão de Clarice Lispector que de toda sua genialidade fez de Macabéa sua majestosa obra de arte.... Pôs vida na fria, vazia, cerâmica barroca... Iluminou com sua epifania um vaso de coca-cola, uma moça a escutar um velho rádio de pilha, uma vasilha de esvaziamentos diuturnos de uma alma qualquer - situação, às vezes, não suportada por muitos humanos...
Assim, aos pingos de tinta ao cingir a folha branca, misturados aos seus, desfez-se Maca à luz de sua estrela, ao erro da cartomante, ao sopro do destino, uma alegria quase eterna de poucos minutos, em relação a uma tristeza sem fim... Humana por poucos segundos... Até à sua morte e fim... Até a sua morte, sim!
Marcio J. de Lima
05/07/2017
(Uma singela homenagem à Clarice Lispector e seu - Romance, conto, novela, grande poema??? - A hora da Estrela.

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