Tentem pôr significado nesta estranha dor!
Anjos, querubins, camelos do deserto, corujas dos campos
ou reveses de um sonhador!
Fiquem me olhando, olhem atentamente...
Minha dor é real?
Podes crer que a necessidade de representá-la, tão menos,
é manha...
Fique aí sentado, tal vazio, que procura preencher meus
dias!
Quiçá, seja ele, a trazer, em seus potes dourados, poesia?
Tenho neste momento um medo... pois nem a lascívia
prosódica de uns mil versos proclamados em meus ouvidos dão-me prazer...
Blasfemo com um intento de dar vida a palavras...
O que, no mínimo, ousadia, seria...
Tentar neste líquido que pinta a sólida folha, buscando
alma,
Buscando em uma manhã ensolarada, um pouco de calma,
Buscando em cada vivente ser um abrigo, um amigo,
E balbuciando nas ruas, quando inteligível, a insigne,
talvez infame de Poesia...
Marcio J. de Lima
(29/12/2018)
Fonte da imagem: pixabay
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