quinta-feira, 12 de abril de 2018

Pac-man


Acordei. O sol bateu em meu rosto, turvou meus olhos... Logo mamãe gritou: “Olha o café! Está na mesa!” Ouvi papai responder : “Já chego ai!” Ele estava no banheiro. Pus um pé para fora da cama. O corpo ainda permanecia deitado. Forcei um pouco e lá se foi o outro pé e o corpo se erigiu de todo, em um supetão. Meia dúzia de passos e o banheiro adentrei. Um banho rápido, tomei. Escovei os dentes, penteei meus amarelados cabelos. Troquei o pijama pela roupa que a mamãe preparou. Mais meia dúzia de passos cheguei à cozinha em que ambos os velhinhos esperavam-me para o café. O pedido de bênção aos pais, um beijo em ambos, ouvi atentamente os conselhos o dia – dos dois que me amavam, por isso se preocupavam comigo. Saí à janela, cumprimentei Lili com um afago na cabeça, que respondeu com um ardido latido de quem amava esse humano desajeitado. Lancei-lhe um pedaço de pão, mas preferiu mais um afago...
Voltei à mesa depois de lavar aos mãos. Olhei bem os olhos de ambos. Olhei atentamente ao meu redor. Queria que tudo isso aqui fosse em no mínimo 3D. Já estava cansado daquilo tudo tão quadradinho. Olhei a maçã que estava bem na ponta da mesa, provocantemente vermelha... Mas antes de tudo, comi meu pão com margarina, um pedaço de melão, tomei café com leite adoçado com aspartame. Mais um beijo na testa quente dos velhinhos. Comi a maçã. Dei um tchau. Abri a porta. Peguei logo aquela bolacha amarela que vovó deixou logo na saída da casa, na estantezinha de mogno que ganhou em seu casamento... Comi-a rapidamente.
Ao fim da esquina, piscava ele, um fantasminha azul. Assimilá-lo era minha missão. O último. A diante, fase 2. Uma ótima fase!
Marcio J. de Lima
Guarapuava, 12/04/2018.

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