sábado, 26 de janeiro de 2013

O ELOQUENTE SÁBIO



Um Sábio homem proferia silenciosamente o seu discurso. Nem abanos no ar. Nem entoação. Nem entonação. O vácuo prosódico imperava.

Somente, pelo silêncio, parecia  negar a tudo.
Não falava. Sendo assim,  não criticava. Não escrevia. Não chorava...
A tudo - sem nada argumentar – parecia dizer retumbantemente “não”.

Seus lábios mornos. Seu olhar cativante. Seu sorriso aberto. Seu corpo a falar: “Não!.” Assim, a multidão o seguia. E ele ensimesmado no silêncio a refletir.

A criança falava. A mulher falava. O homem falava. O ancião falava. O Sábio ouvia, somente ouvia.

O sábio  sem ter dito nada, deixou os homens reticentes, interrogativos, afirmativos: os quais,  dessa forma,  aprenderam.

Em um dos seus mais eloquentes discursos,  ele sentou-se ergueu os olhos ao céu, juntou as mãos, e, escutou sem nada dizer – aos felizes por isso – um número de duas mil setecentas e dezessete pessoas.
Por esse ato, sentiu-se feliz e em paz passando a proferir por extensos quinze segundos um largo e imenso sorriso.


(Marcio J. de Lima – 08/nov/2010)

http://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com.br/2013/01/o-eloquente-sabio.html?m=1


Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/illustrations/idade-juventude-moda-manequins-2804739/

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