Ruas de barro de outrora, em minha querida Guarapuava, de céus azuis em manhãs de forte geada...
No chão os cogumelos de poeira e gelo. A brincadeira de pisá-los, a afundar o pé calçado pela velha conga. Maleta, um sonho, uma porção de esperança em minha mão... Pai ia trabalhar, construção civil, mãe do lar a cuidar da casa e dos irmãos... vida modesta, honesta, sofrida, mas bem vivida. Pouco salário, trabalho informal, muita criatividade de minha mãe para fazer render o minguado ganho... Os dias se faziam longos, as brincadeiras eram multiplicadas com muita desenvoltura em que duas pedras, uma tábua, uma corda, rendiam muitos brinquedos e brincadeiras. Havia em nossos rostos um riso inocente, um sofrimento atenuado por nossa energia de criança... Nos finais de semana, quando meus tios ou parentes vinham nos visitar era uma alegria só. Neste dia minha mãe fazia uma comida especial... Muitos risos das histórias engraçadas ou assustadoras que eles contavam. Brincadeiras diversas com a criançada, um campinho de várzea, futebol para os meninos, as meninas brincavam de corda... Ao correr do dia, todos brincavam de tudo... criança é criança e sabe que em se tratando de diversão, divisão de gênero é só uma convenção que só ganha dimensão com o correr do tempo... Um café para todos com bolinho da graxa, um pão quentinho feito no forno de barro, margarina primor no pacote plástico, chá, café com cevada, um bolo de fubá com erva-doce, todos unidos à mesa. Poucos recursos, amizades verdadeiras, vínculos familiares fortes... Se haviam problemas, nós crianças não notávamos, pois para nós crianças era uma festa... uma bela festa que até hoje sinto falta... A noite chegava, o domingo acabava, a família se reunia à área a repetir parte das histórias e relembrar da festa que fora o dia... ríamos muito, o dia realmente fora muito divertido... É... tempo que não volta mais...
Marcio J. de Lima
09/07/2017
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Imagem obtida em:https://pixabay.com/pt/estrada-rota-crep%C3%BAsculo-sunrise-871849/
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