quinta-feira, 14 de junho de 2018

Meme...

Fico a esperar um meme que descreva tão solenemente o ódio que carrego em minhas entranhas...
Espero um miraculoso meme que me console dando-me a ânsia do êxtase em derrubar meu opositor. Que apoie meu desejo de ver o caos que se esconde em meus recônditos pensamentos...
Quero um meme que me explique todos os mistérios da ciência e do universo, quiçá...
Quero um meme de patuá que me proteja quando eu estiver distraído.
Quero um meme para deixar meus neurônios de molho.
Quero um meme que servirá de carne pendurada em uma vara, e esta como seta, a este zumbi que carrega meia dúzia em suas costas.
Quero um meme que me explique minhas contradições, minhas contramãos, minhas decepções.
Quero um meme, um novo tóten, um novo espelho, um druida vazio de conselhos... Quero um meme como flecha, arco, clava rugosa...
Quero um meme que me dispense daquele grossíssimo livro, daquele filme de Almodóvar, daquele quadro da Divina Comédia pendurado na parede...
Quero um meme que me faça feliz, inerte, autômato... E quando ele se fizer concreto, olharei a ele discretamente... Agradecerei... agradecederei... agradecederei... agradecederei...
Marcio J. de Lima
Devaneios literários do Lima
Guarapuava, 30/05/2018

https://devaneiosliterariosdolima.blogspot.com/?m=1

2 comentários:

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Dói.  Forma estranha de começar um poema. Forma medíocre para o mundo que só vende fórmulas para livrar-nos da dor. Assumir alguma dor é mei...