domingo, 16 de agosto de 2020

Ah, feliz ignorância

  A quem interessa o tombo fácil do inocente na rua?

A quem interessa a torre que cai e a esperança que se esvai?

Qual olhos brilham de fascínio com a carne que se rasga?

Qual alma dá um passo ao inferno a negar a mão a quem cai, e que chuta o fraco no chão?

A quem interessa jogar a tantos no xeol?

A conservar o ódio no formol?

A pescar a tantos pela mentira como peixes ao anzol?

A quem interessa a tantos, negar a mestria do sol?

A quem interessa abrir as portas do inferno? A negar ao morimbundo um simples lençol?

Ah, quanto amargor na boca, no pensar, quanta falta de amor e perdão... Quanta falta de repartir o pão...

Quanto falta do nós. De soltar a voz. De dar a quem não tem, voz...

Que náusea em pleno século vinte um, quantas desesperança, e para enxergar ao próximo nenhum zum...

Que medo da poesia que mostra tudo sem mostrar, que inspira a dizer que nada sou, a partir do mar...

Guarapuava

Marcio Lima

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