sexta-feira, 22 de setembro de 2023

arritmia de descasos (neglect arrhythmia)

 Luminária, Luzes, Iluminação, Brilho

Nessa arritmia de descasos, guardo passivos imensos de uma história rota, em tombos, de tidos desalmados, seres gananciosos de outrora, de saques em verdes prados... Guardo em meus recônditos históricos assaltos em plena luz do dia por corpos ladinos, desvalidos, bem armados... Guardo discursos de ódios de tantos que clamam pelo terror ao meio dia, que destilam em tantos ermos, venenos a todos corrompendo a verdade e as vendendo como doces em plena praça... Guardo em meus bolsos tantos discursos éticos, estéticos mas usurpados de carne e sobrevivem por aí, esqueléticos... Vejo tantos em plena luz do dia não encontrando viventes dignos de confiança... Vejo tantos barcos à deriva, tantos átomos em átimos inservíveis... Vejo gente morta andando por aí buscando em estranhos aparelhos seus cérebros, seus corações e até mesmo suas almas... quem sabe até mesmo, um pouquinho de calma. Sou o sopro que incomoda nas redes, as pichações nas paredes com palavras de ordem totalmente desordenadas. Sou o solo, que pisas, tão discreto; o amante na praça em meio a tantas bombas esperando sua sonhadora amada. Sou a camisa suada, o resultado quase absoluto da mais valia, a marcha das vadias, um grito de esperança, os sonhos das crianças, terra sã, geleiras nos lugares, os animais em suas hierarquias andando livres por aí... Sou suco de laranja, lima, açaí. Filho de um solo vermelho, parente de Adão com peças faltantes, louco por maçã atiçados por grilos falantes... Não, não sou assaltante, mas gostaria de roubar... Sim gostaria de roubar sua imaginação e amarrá-la aos primeiros pássaros que passarem por aqui acompanhados pela criatura de cabelos dourados imaginada por Saint-Exupéry.

(Marcio Lima)

Imagem obtida em: https://pixabay.com/pt/photos/lumin%C3%A1ria-luzes-ilumina%C3%A7%C3%A3o-brilho-5053305/ 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Amor, lindo e prazeroso tema...

Quando eu for tudo que imaginei Restará viver a realidade que se me Apresenta  Nem dura, nem tão fácil assim, Será o frio do real comendo me...