sexta-feira, 15 de março de 2013

O CONCLAVE, TEMOS PAPA, BATEU NA TRAVE



Estava tensa a votação para escolha do novo Papa. Sobe fumaça preta saindo da Capela Sistina e nada.

A diferença estava sempre sendo de poucos votos, não se chegando aos dois terços necessários para escolha do novo pastor da igreja católica no mundo.

Em uma conversa informal, daquelas que não ocorrem em todos os conclaves, bem na hora do almoço, dois bispos resolveram trocar uma conversinha. O mais novo com todo respeito pensou em questionar o mais experiente, mas sem deixar transparecer intenção de voto, pois era o almoço – hora sagrada. “Talvez este seja minha escolha!” pensou. “Nunca havia percebido este senhorzinho. Muito simpático por sinal. Simpatia e carisma... Já sei de onde ele é...” Imaginava. “Este seu sotaque me é estranho a minha convivência... Mas, só pode ser o candidato brasileiro...”

Para ter certeza, soltou sua primeira indagação – meio que assim sem pudor – mas como era um momento informal – poderia fugir aos protocolos, afinal papáveis também têm suas vivências sociais...

  • E daí me fale de futebol!

Olhou o bispo mais velho com o ar de doutor no assunto, sem titubear, respondeu:

  • Vai muito bem!

Reforçava ainda mais sua hipótese, “realmente é mesmo o brasileiro, pelo orgulho em relação a sua seleção, por isso é conhecido como o país do futebol!”.

Ainda para dar substância às suas indagações quanto à origem do senhorzinho, pela vergonha de perguntar de que país ele era, e talvez demonstrar seu desconhecimento de cultura geral – coisa normalíssima a qualquer mortal – insistiria à informalidade do bate-papo, pois ali estava difícil de conversar de outra forma, sem gerar uma discussão em torno dos seus propósitos pelos quais estavam ali, e optou em fazer desta uma oportunidade - formação de opinião e de se chegar a um nome que conduziria toda a igreja católica apostólica romana. A tensão era muito grande. Mas... naquele momento era somente o intervalo para almoço, hora de deixar de ser bispo e saciar sua fome, sendo um homem comum.

Uma colherada e sai a pergunta naturalmente:

  • Se você for o escolhido, que nome adotarás?

Lógico, que esta indagação havia de sair naturalmente. E foi o que ocorreu, o velho bispo não perdeu o carisma e respondeu humildemente:

  • Pensei em Francisco.

“Eureca! De fato é brasileiro, ligado à cultura de seu país, gosta de filmes e de exemplos de pais que cuidam de seus filhos e os querem vencedores... Já assisti este filme, gostei muito. Se eu não me engano é “dois filhos de Francisco”. E também gosta da natureza, amor aos animais, assim como São Francisco... hum na Amazônia tem bastante...” Refletia e mastigava em pensamentos.

Sem o auxílio do Google, devido à falta de comunicação com o mundo, inclusive o virtual, não teria outras alternativas. Mas não podia errar. Afinal era sua escolha... Por isso para não restar mais dúvidas, soltou a última pergunta, começando por uma exclamação.

  • Puxa hoje está meio abafado! De todos os países da Europa eu gosto do frio de Londres me sinto muito à vontade. E o Senhor, em qual cidade de seu país se sente mais à vontade?
  • Buenos Aires.

Não se restou mais dúvidas...

E por diferença de um voto a fumaça branca alcançou os céus sendo aclamado com muita alegria o primeiro Papa da América Latina.

(marcio j. de lima)

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