quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Monte Castelo, Renato Russo, algumas impressões...

Música composta por Renato Russo lançada em 1989 e executada pela banda de Rock Legião Urbana é uma das mais belas e criativas de nossa música popular brasileira.
            Em Monte Castelo encontramos mesclados dois dos mais belos textos já produzidos pela literatura mundial.
            O primeiro texto refere-se à primeira Carta de São Paulo Apóstolo de Jesus Cristo enviada ao povo de Corinto, cidade portuária ao sul da atual Grécia, na qual ele exorta à conversão e à animação ao que é essencial, ou seja “A vida eterna”, objetivo de todo cristão, tema trabalhado pela bíblia judaico-cristã. Para isso, Paulo dá uma orientação para que  essa comunidade pratique o maior de todos os dons da fé, “o Amor”. Mas não qualquer amor, e sim, aquele que é Ágape (Grego) que significa “incondicional que vem de Deus”, e que dá sentido aos demais dons, também chamado de carismas. A parte mais marcante usada na música é “Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria”. Que serve como introdução à mesma.
            Já na segunda “conversa”, Renato traz à tona quase todo o soneto de Camões “Amor é um fogo que arde sem se ver” em que o artista o recita quase na íntegra, cantando-o em sua música. Agindo assim, Russo consegue mesclar dois textos que se conversam, tendo entre eles aproximadamente 1500 anos de história.
            Ambos os textos referem-se a um “Amor” universal, que caracteriza principalmente o Soneto, em seus moldes clássicos, além de seu conteúdo e características quanto à universalidade de suas temáticas centrais, através da personificação de sentimentos humanos, ou fatos universais que unem a todos.
            Diante disso, com um voz de barítono, de uma capacidade vocal sem igual, e a genealidade de um poeta, capaz de conversar com a tradição literária, Renato Russo reproduz dois dos mais belos e expressivos textos literários que tratam de um tema tão antigo e atual ao mesmo tempo, (re)atualizando o desejo de uma sociedade à sua redenção pelo equilíbrio e pela evolução através de uma linguagem universal, que é a do “Amor”. 

(Marcio J. de Lima)
 https://pixabay.com/en/hands-cohesion-together-human-2888625/
Imagem obtida em:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este momento 1...

  Dói.  Forma estranha de começar um poema. Forma medíocre para o mundo que só vende fórmulas para livrar-nos da dor. Assumir alguma dor é m...